
âImagoâ, a primeira longa-metragem da TchetchĂ©nia apresentada em Cannes, e âThe Six Billion Dollar Manâ, sobre Julian Assange, conquistam os grandes destaques do cinema documental
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O Festival de Cannes 2025 continua a marcar terreno como palco de estreia para filmes arrojados, provocadores e profundamente pessoais. A prova disso estĂĄ na atribuição do prestigiado prĂ©mio LâĆil dâor para Melhor DocumentĂĄrio, que este ano distinguiu duas obras com raĂzes muito diferentes â mas igual coragem.

âImagoâ: a primeira voz da TchetchĂ©nia em Cannes
O grande vencedor foi Imago, primeira longa-metragem chechena alguma vez apresentada em Cannes, realizada por DĂ©ni Oumar Pitsaev. O filme, jĂĄ premiado esta semana na Semana da CrĂtica, Ă© um documentĂĄrio autobiogrĂĄfico que acompanha o realizador no regresso Ă terra que herdou no vale de Pankisi, na GeĂłrgia â a poucos quilĂłmetros da sua TchetchĂ©nia natal.
Mas este nĂŁo Ă© apenas um regresso fĂsico. Imago mergulha nas memĂłrias, nos traumas e nos fantasmas de uma comunidade fraturada por guerras, exĂlios e silĂȘncio forçado. A herança da terra torna-se um ponto de partida para um debate familiar que reabre feridas antigas.
Nascido em 1986, Pitsaev cresceu entre Grozni, SĂŁo Petersburgo e Almaty, formou-se em Paris e hoje vive entre Paris e Bruxelas. Com Imago, oferece-nos uma reflexĂŁo profundamente Ăntima sobre pertença, identidade e os vestĂgios da guerra.

âThe Six Billion Dollar Manâ: Julian Assange no grande ecrĂŁ
O jĂșri do LâĆil dâor decidiu ainda atribuir um prĂ©mio especial ao documentĂĄrio The Six Billion Dollar Man, realizado por Eugene Jarecki. O filme apresenta uma visĂŁo pessoal e humana de Julian Assange, o fundador da WikiLeaks, que aos 53 anos voltou a ser protagonista em Cannes.
Assange, recentemente libertado da prisão de alta segurança no Reino Unido graças a um acordo com o governo norte-americano, marcou presença na Croisette para acompanhar a estreia do filme. Com ele esteve Rafael Correa, antigo presidente do Equador, que lhe concedeu asilo durante sete anos na embaixada em Londres.

The Six Billion Dollar Man nĂŁo Ă© um documentĂĄrio comum: Ă© um retrato Ăntimo de um homem dividido entre o mito e o martĂrio, entre o gĂ©nio e a controvĂ©rsia. E, inevitavelmente, Ă© tambĂ©m um olhar duro sobre os mecanismos de poder, a liberdade de imprensa e os custos de dizer a verdade.
Um prĂ©mio para quem desafia o silĂȘncio
O LâĆil dâor Ă© o galardĂŁo mĂĄximo para documentĂĄrios no Festival de Cannes, distinguindo obras exibidas em qualquer uma das grandes secçÔes: Seleção Oficial, Quinzena dos Realizadores, Semana da CrĂtica ou Cannes Classics. Este ano, ficou claro que o jĂșri quis premiar vozes que resistem â vindas de geografias esquecidas ou de trincheiras digitais.
Com Imago e The Six Billion Dollar Man, Cannes reafirma-se como muito mais do que uma montra de luxo e estrelas: é, acima de tudo, um espaço de escuta para histórias que o mundo raramente quer ouvir.
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