O Festival de Cinema mais importante do mundo está oficialmente de volta — com cinema português, tensão geopolítica e polémica tarifária

Festival de Cannes arrancou esta segunda-feira, 13 de maio, e promete ser uma edição marcada por cinema de alto nível… e muita discussão fora do ecrã. A 78.ª edição do evento decorre até 24 de maio e já abriu com sinais claros de que o contexto político e cultural do mundo está a cruzar-se com a programação cinematográfica.

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Logo no primeiro dia, a cerimónia de abertura exibe “Partir un Jour”, a estreia em longa-metragem da realizadora francesa Amélie Bonnin, e três documentários dedicados à guerra na Ucrânia, numa homenagem ao trabalho de artistas e jornalistas que dão rosto ao conflito.

Estrelas, homenagens e uma passadeira vermelha muito política

Entre os nomes que já deram nas vistas na Croisette estão Robert De Niro, que será homenageado com uma Palma de Ouro de carreiraTom Cruise, que apresenta o novo Missão Impossível, e Quentin Tarantino, convidado para uma masterclass dedicada ao género western.

Mas o glamour não esconde a tensão: temas como o conflito em Gaza, a Ucrânia, e até a ameaça de tarifas protecionistas anunciadas por Donald Trump estão a marcar a conversa em torno do festival.

Portugal com forte presença em Cannes

O cinema português volta a marcar presença em várias frentes:

  • Na competição oficial de curtas-metragens, estão “A Solidão dos Lagartos”, de Inês Nunes, e “Arguments in Favor of Love”, de Gabriel Abrantes, que disputam a Palma de Ouro — prémio que em 2009 distinguiu João Salaviza com Arena.
  • Na secção Un Certain Regard, Pedro Pinho apresenta “O Riso e a Faca”, oito anos depois de ter exibido A Fábrica de Nada em Cannes. A nova longa, rodada em África, tem mais de três horas e conta com Sérgio CoragemCleo Diára e Jonathan Guilherme.
  • Também nesta secção está “Era uma vez em Gaza”, dos irmãos Arab e Tarzan Nasser, com coprodução portuguesa da Ukbar Filmes.
  • A curta-metragem de animação “O Pássaro de Dentro”, de Laura Anahory, integra a secção Cinéfondation (Cinef).
  • No programa paralelo ACID Cannes, estreia “Entroncamento”, de Pedro Cabeleira.

Um navegador português com sotaque mexicano

A coprodução luso-espanhola “Magalhães”, do filipino Lav Diaz, também integra a programação oficial. O filme foi parcialmente rodado em Portugal e tem Gael García Bernal no papel do navegador Fernão de Magalhães.

Competição oficial recheada de nomes grandes

Na principal competição estão obras de Wes Anderson (O Esquema Fenício), Kelly ReichardtSergei LoznitsaRichard LinklaterLynne Ramsayos irmãos Dardenne e Jafar Panahi. Também concorre “O Agente Secreto”, do brasileiro Kleber Mendonça Filho, com Wagner Moura e a atriz portuguesa Isabél Zuaa.

Fora de competição, destacam-se “La Disparition de Josef Mengele”, de Kirill Serebrennikov, e “Stories of Surrender”, de Bono (dos U2).

Juliette Binoche lidera o júri

A atriz francesa Juliette Binoche preside ao júri da competição oficial. O júri das curtas-metragens e da seleção Cinef é presidido por Maren Ade, com os prémios a serem anunciados, respetivamente, a 24 e 22 de maio.

Brasil em destaque no Mercado do Filme

Mercado do Filme, secção mais industrial do festival, tem o Brasil como país convidado. Duas coproduções com Portugal serão apresentadas:

  • “Maria, a rainha louca”, de Elza Cataldo, protagonizado por Maria de Medeiros, sobre a figura histórica de D. Maria I.
  • “Ana en passant”, longa de animação de Fernanda Salgado, coproduzida pela portuguesa Sardinha em Lata.

Trump, tarifas e um clima de incerteza

No meio do festival, um anúncio inesperado: Donald Trump declarou que pretende impor tarifas de 100% sobre filmes estrangeiros exibidos nos Estados Unidos. A intenção será proteger a produção norte-americana, que, segundo o ex-presidente, está a ser minada por incentivos de outros países.

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Casa Branca, contudo, já veio acalmar os ânimos, afirmando que ainda não há decisões definitivas, mas que a proposta está a ser analisada.

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