
Filme iraniano It Was Just an Accident leva o prémio máximo, enquanto Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho brilham com a produção luso-brasileira
O Festival de Cannes 2025 terminou com um palmarés marcado por escolhas politicamente carregadas, estreias intensas e um forte destaque para o cinema de língua portuguesa. O realizador Jafar Panahi foi galardoado com a Palma de Ouropela obra It Was Just an Accident, um drama clandestino filmado em Teerão e baseado em testemunhos reais de prisioneiros políticos.

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Panahi, que esteve preso até recentemente e filmou sem autorização, emocionou ao receber o prémio das mãos de Cate Blanchett, numa das cerimónias mais impactantes dos últimos anos. Foi também a primeira vez em 15 anos que o cineasta pôde comparecer presencialmente em Cannes.
O Agente Secreto: duas distinções para o Brasil (e Portugal)
A produção O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, recebeu os prémios de Melhor Realização e Melhor Actor, este para Wagner Moura, pelo seu papel como um especialista em tecnologia em fuga da repressão durante a ditadura militar brasileira.
O filme, já distinguido com o prémio FIPRESCI da crítica internacional, foi aclamado pela sua densidade política e atmosfera de suspense. É também uma coprodução com Portugal (via Nitrato Filmes), tendo estreia prevista para breve nas salas portuguesas.

Outros destaques do palmarés oficial:
- Grande Prémio: Sentimental Value, de Joachim Trier, com Renate Reinsve e Stellan Skarsgård
- Prémio do Júri (ex aequo):
- Sirât, de Oliver Laxe
- Sound of Falling, de Mascha Schilinski
- Melhor Actriz: Nadia Melliti por La Petite Dernière, no papel de Fatima, jovem muçulmana a descobrir a sua sexualidade
- Melhor Argumento: Jeunes Mères, dos irmãos Dardenne
- Prémio Especial do Júri: Resurrection, de Bi Gan
- Câmara de Ouro: The President’s Cake, de Hasan Hadi (Iraque)
- Menção Honrosa: My Father’s Shadow, de Akinola Davies Jr.
- Melhor Curta-Metragem: I’m Glad You’re Dead Now, de Tawfeek Barhom
- Menção Honrosa (Curta): Ali, de Adnan Al Rajeev
Cinema português sem prémios nas curtas
As curtas-metragens Arguments in Favor of Love, de Gabriel Abrantes, e A Solidão dos Lagartos, de Inês Nunes, ficaram fora do palmarés. Ainda assim, a presença portuguesa foi sentida através da coprodução de O Agente Secreto e na performance premiada de Cleo Diára (em Un Certain Regard).
Uma edição marcada por apagões e diversidade
A cerimónia de encerramento decorreu sob tensão, após um apagão de cinco horas e meia em Cannes causado por um acto de sabotagem. O Palácio do Festival manteve-se operacional graças ao seu próprio gerador.
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O júri, presidido por Juliette Binoche, contou com nomes como Halle Berry, Jeremy Strong, Hong Sang-soo, Payal Kapadia e Carlos Reygadas — um grupo plural que reflectiu a diversidade cultural e estética do palmarés entregue.
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