
A inclusão no cinema ainda é um desafio em Portugal, mas está cada vez mais próxima de se tornar uma realidade ampla e acessível. A Mostra AMPLA, que arranca no dia 14 de fevereiro na Culturgest, em Lisboa, é uma prova concreta de que é possível exibir filmes para todos os públicos, sem barreiras físicas, sensoriais ou intelectuais.
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Com uma programação de filmes premiados em festivais portugueses em 2024, a mostra aposta numa exibição totalmente inclusiva:
Legendas descritivas
Interpretação em língua gestual portuguesa (LGP)
Audiodescrição para pessoas cegas ou com baixa visão
Sessões descontraídas para famílias e espectadores neurodivergentes
A quarta edição deste evento não competitivo vem reforçar a necessidade de acessibilidade no cinema português, mostrando que há um mercado pronto para se expandir – se houver investimento.
Por que o Cinema Acessível Ainda Não é a Norma?
Apesar de ser tecnicamente fácil de concretizar, a exibição inclusiva continua a ser dispendiosa. Segundo Rita Gonzalez, da organização da AMPLA, cerca de 80% dos custos do festival são dedicados à adaptação dos filmes.
“O cinema é uma das áreas onde a acessibilidade está menos representada, mas também é das mais fáceis de implementar. Tudo é pré-gravado uma única vez, e o recurso pode ser usado durante toda a exibição do filme.” – Sofia Afonso, especialista em audiodescrição
Mesmo com o apoio da Culturgest, Fundação Meo, Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA) e outros parceiros pontuais, a maior barreira continua a ser o financiamento.
“Tornar um filme acessível é caro. Hoje em dia, não se fazem sessões totalmente acessíveis porque alguém tem de pagar os recursos.” – Rita Gonzalez
Cinema Inclusivo: Uma Mudança Que Já Começou!
A AMPLA tem conseguido sensibilizar os grandes responsáveis pelo setor e já há passos concretos rumo à acessibilidade nas salas de cinema portuguesas.
A Castello Lopes, por exemplo, vai passar a incluir sessões acessíveis em todas as suas salas com o filme “Oh Canada”, de Paul Schrader, a partir de 20 de fevereiro.
Como vai funcionar?
O público poderá assistir ao filme com audiodescrição ou legendas descritivas através de uma app sincronizada com o filme.
A organização da AMPLA já testou o sistema e disponibilizará suportes de telemóvel para os espectadores que utilizem a aplicação.
Esta tecnologia já é usada noutros países, como Espanha e Alemanha.
“Queremos trazer estas experiências internacionais como inspiração para Portugal. Está na hora de as grandes redes de cinema adotarem medidas concretas.” – Rita Gonzalez
Petição Pública Quer Plano Nacional para Acessibilidade ao Cinema
A Mostra AMPLA acontece no momento em que 22 associações – incluindo a própria organização do evento – lançaram uma petição pública exigindo medidas urgentes para tornar o cinema acessível a toda a população.
As reivindicações incluem:
Plano Nacional de Acessibilidade ao Cinema
Mais sessões inclusivas regulares nas redes comerciais
Incentivos financeiros para adaptar filmes
Obrigatoriedade de acessibilidade nas novas produções portuguesas
“A experiência cinematográfica ainda permanece inacessível para uma parte significativa da população. O cinema deve ser para todos.” – Trecho da petição
O Que Podemos Esperar da AMPLA 2025?
Dias: 14 e 15, 21 e 22 de fevereiro
Local: Culturgest, Lisboa
Destaques da programação:
“Percebes” – Documentário animado premiado no Cinanima e Curtas de Vila do Conde
“Oddity” – Filme de terror vencedor do MOTELX
“Sem Coração” – Prémio Queer Lisboa
“Beautiful Men” – Nomeado ao Óscar de Melhor Curta de Animação
Além dos filmes, no dia 13 de fevereiro haverá um debate sobre acessibilidade no cinema, com a presença de representantes da NOS Lusomundo, Instituto do Cinema e do Audiovisual e Associação Portuguesa de Empresas Cinematográficas.
O Futuro é Inclusivo – Mas Quando?
A Mostra AMPLA prova que o cinema pode ser para todos – mas ainda falta um grande esforço para que a acessibilidade seja uma norma e não uma exceção em Portugal.
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A pergunta fica no ar:
Se outros países já implementaram sessões acessíveis regularmente, porque não em Portugal?
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