
De Salvador para o mundo: um percurso que une carisma, talento e coragem
Nascido em Salvador da Bahia em 1976, Wagner Moura construiu uma carreira marcada por escolhas ousadas, personagens intensas e uma impressionante capacidade de transitar entre o cinema, a televisão e o teatro, sempre com um compromisso artístico e político inabalável.
ver também : Wagner Moura conquista Cannes com “O Agente Secreto”
Os primeiros passos no teatro e televisão
Formado em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, Wagner Moura começou por se destacar no teatro, onde consolidou a sua formação como actor. As primeiras aparições na televisão vieram no final dos anos 1990, com participações em novelas e séries brasileiras, mas foi no cinema que rapidamente se revelou uma estrela em ascensão.
O impacto de Tropa de Elite : um capitão chamado Nascimento

A consagração chegou com Tropa de Elite (2007), de José Padilha, onde interpretou o controverso Capitão Nascimento, um polícia do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) no Rio de Janeiro. O filme venceu o Urso de Ouro em Berlim e tornou-se um fenómeno cultural no Brasil, alimentando debates sobre violência policial, justiça social e corrupção.
Em Tropa de Elite 2 (2010), Moura retomou o papel, agora como coronel e secretário de segurança, aprofundando a complexidade da personagem e provando que não se tratava apenas de um sucesso pontual.
Hollywood e Narcos: a internacionalização

A carreira internacional de Wagner Moura ganhou impulso com papéis em produções como Elysium (2013), ao lado de Matt Damon e Jodie Foster, e Trash (2014), realizado por Stephen Daldry. No entanto, foi como Pablo Escobar na série Narcos (2015-2016), da Netflix, que se tornou uma figura global.

Apesar de não ser colombiano, Moura estudou espanhol intensivamente para o papel e entregou uma performance visceral que lhe valeu elogios da crítica e uma nomeação aos Globos de Ouro.
Actor, realizador e activista
Wagner Moura também enveredou pela realização. A sua estreia como realizador foi com Marighella (2019), um retrato biográfico de Carlos Marighella, guerrilheiro e poeta baiano que combateu a ditadura militar brasileira. O filme, protagonizado por Seu Jorge, enfrentou resistência política no Brasil e foi atrasado na distribuição nacional, tornando-se um símbolo de resistência cultural.
Cannes 2025: o reconhecimento consagrado
Em 2025, Wagner Moura atingiu um novo patamar ao vencer o prémio de Melhor Actor no Festival de Cannes pelo seu papel em O Agente Secreto, de *Kleber Mendonça Filho. A sua interpretação de um académico em fuga durante os anos finais da ditadura brasileira foi aclamada como “profundamente comovente”.
Um actor com voz e consciência
Wagner Moura representa uma rara conjunção entre carisma popular e compromisso político. Nunca escondeu a sua militância, defende causas como os direitos humanos, a liberdade de expressão e a memória histórica. É um dos artistas brasileiros mais respeitados e um símbolo da força cultural do Sul Global.
Do Capitão Nascimento ao Pablo Escobar, de realizador engajado a vencedor em Cannes, Moura construiu uma carreira que é, ela própria, um acto político. E ainda agora está a aquecer.
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