É o tipo de frase que se espera de alguĂ©m em plena crise existencial ou de um artista a ensaiar um monĂłlogo existencial num palco em Viena. Mas foi Cate Blanchett â€” a atriz de TárBlue Jasmine e O Aviador, duas vezes vencedora do Ă“scar — quem a disse, e sem ironia:

ver também : 🚀 Memes em Órbita: Olivia Wilde, Katy Perry e a Viagem Espacial Que Gerou Mais Reacções na Terra do que no Espaço

“Estou a desistir. Quero fazer outras coisas com a minha vida.”

A revelação foi feita em entrevista Ă  Radio Times, no contexto da estreia da sua primeira grande peça radiofĂłnica na BBC Radio 4, uma adaptação de The Fever, de Wallace Shawn. A atriz interpreta uma mulher que atravessa um despertar polĂ­tico e espiritual. NĂŁo podia haver melhor metáfora.

aqui :

Uma decisão (aparentemente) séria

Apesar de continuar envolvida em vários projetos — no cinema, no teatro, na rádio — Blanchett afirma que a sua decisão é para levar a sério. “A minha família revira os olhos sempre que digo isto, mas falo a sério”, acrescentou.

É verdade que Blanchett já tinha deixado escapar esta ideia em outras ocasiões, mas desta vez o contexto e o tom mudaram. NĂŁo se trata de uma pausa. Trata-se de uma vontade real de deixar de representar.

O que a espera do outro lado? A atriz não foi clara, mas referiu que há “muitas outras coisas” que quer fazer com a sua vida.

No auge, mas com desconforto

Curiosamente, Blanchett continua no auge da sua carreira artĂ­stica. Recentemente terminou uma temporada de cinco semanas no Barbican Theatre em Londres, onde interpretou Arkadina em A Gaivota, de TchĂ©khov. Em março, estreou-se no cinema ao lado de Michael Fassbender no thriller Black Bag, realizado por Steven Soderbergh.

Está tambĂ©m envolvida em Father, Mother, Sister, Brother, de Jim Jarmusch, com estreia marcada para 2025, embora o filme tenha ficado de fora da seleção oficial do Festival de Cannes — um detalhe que causou alguma surpresa.

AlĂ©m disso, está atualmente a filmar Alpha Gang, uma comĂ©dia de ficção cientĂ­fica dos irmĂŁos David e Nathan Zellner, onde atua e produz. E prepara ainda The Champions, realizado por Ben Stiller, igualmente como atriz e produtora, atravĂ©s da sua empresa Dirty Films.

Uma estrela que nĂŁo gosta do brilho

Cate Blanchett, que já conquistou todos os prémios possíveis — de dois Óscares a troféus em Veneza, Cannes e BAFTA — diz sentir-se deslocada na pele de estrela de cinema.

“Nunca me senti no centro de nada. Entro em cada ambiente com curiosidade, sem esperar ser aceite. Passei a vida a habituar-me a sentir-me desconfortável.”

E, talvez mais surpreendente ainda:

“Ninguém me aborrece mais do que eu própria. Acho-me profundamente aborrecida. Os outros são sempre mais interessantes.”

É uma afirmação desconcertante, vinda de alguém que interpretou personagens com camadas psicológicas tão densas e arrebatadoras. Mas talvez seja esse o segredo da sua arte: a capacidade de se apagar para dar lugar a algo maior. O problema é que, agora, ela quer mesmo apagar-se de vez do ecrã.

ver tambĂ©m : 🖥️ Black Mirror Temporada 7: A Realidade Continua a Ser o Maior Pesadelo

🎬 Se esta for mesmo a despedida de Cate Blanchett do cinema, então é uma das saídas mais discretas e, paradoxalmente, mais profundas da história recente de Hollywood. E como qualquer grande artista, mesmo a sua saída é uma performance inesquecível.

Recommended Posts

No comment yet, add your voice below!


Add a Comment