Tinha 40 anos e deixou uma marca eterna no cinema com um único filme que conquistou o mundo

Presley Chweneyagae, o jovem rebelde com olhos tristes que nos comoveu em Tsotsi, morreu aos 40 anos. A notícia foi confirmada pela sua agência, MLASA, que lamentou a perda de “uma das vozes mais autênticas do cinema africano”. A data e as circunstâncias da morte não foram divulgadas, mas a tristeza, essa, espalhou-se rápido entre quem nunca esqueceu o impacto daquele rapaz sul-africano que, com apenas 19 anos, protagonizou um filme que marcou uma geração.

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O filme que mudou tudo — e que não precisava de feitiçaria

Lançado em 2005, Tsotsi venceu o Óscar de Melhor Filme Internacional e entrou diretamente para os livros de história: foi o primeiro filme africano não falado em francês a vencer na categoria. Até hoje, continua a ser o único vencedor da África do Sul nesta categoria.

Filmado no coração de Soweto, Tsotsi seguia a vida de um jovem criminoso, perdido entre violência e sobrevivência, que vê a sua vida virar do avesso ao encontrar um bebé no banco de trás de um carro que acabara de roubar. Este acontecimento — simples e brutal — desencadeia uma transformação interior notável. O delinquente frio e impiedoso começa a revisitar a infância esquecida, redescobre o seu nome verdadeiro (David), e descobre a compaixão escondida debaixo da carapaça. Tudo isto foi interpretado com uma intensidade rara por Presley Chweneyagae.

Um talento que não seguiu o caminho de Hollywood

Ao contrário do realizador Gavin Hood, que após o Óscar se lançou em grandes produções como X-Men Origens: Wolverine, Chweneyagae não teve uma carreira internacional fulgurante. Continuou a trabalhar no teatro — a sua paixão de origem — e participou em algumas produções locais. Fez também uma breve aparição no filme Mandela: Longo Caminho Para a Liberdade (2013), protagonizado por Idris Elba.

Mas mesmo que o estrelato internacional nunca tenha acontecido, o impacto de Tsotsi e da sua prestação ficou selado. O filme era baseado num conto de Athol Fugard, dramaturgo sul-africano conhecido pela luta contra o apartheid, que morreu em março deste ano. Fugard criou uma história onde todos os atores vinham de bairros pobres — e Presley era um deles.

O miúdo chamado Presley (sim, por causa do Elvis)

Presley cresceu em Soweto e foi a sua mãe quem o matriculou em aulas de teatro, temendo que ele se envolvesse com gangues. O nome? Uma homenagem ao seu ídolo, Elvis Presley. Quando foi filmado Tsotsi, Presley tinha a mesma idade da sua personagem: 19 anos. “É uma história sobre esperança, sobre perdão e sobre os problemas que enfrentamos como sul-africanos: SIDA, pobreza e criminalidade”, disse o ator numa entrevista em 2006, com uma maturidade que o destacava entre os seus pares.

Reações e despedidas

Terry Pheto, que interpretava Miriam em Tsotsi, expressou nas redes sociais a sua consternação. “Estou chocada e triste com a notícia do falecimento repentino do Presley. Partilhámos um momento inesquecível quando ganhámos o Óscar. É um momento que guardarei para sempre.”

Presley Chweneyagae pode não ter enchido o mundo com dezenas de papéis, mas bastou-lhe um. Tsotsi continua a ser uma referência no cinema internacional, um testemunho da força da narrativa africana e do poder transformador do cinema. Presley despede-se cedo, mas deixa para trás uma performance que permanecerá na memória de todos os que alguma vez viram aquele rapaz endurecido aprender a amar.

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