
Manifesto de dezenas de artistas e técnicos quer quebrar o silêncio e combater um problema estrutural no sector
O mundo da cultura portuguesa vive dias de inquietação – e, ao que parece, também de coragem. Um grupo de mais de 70 profissionais da área, entre artistas, técnicos e activistas, assinou um manifesto onde exigem a criação urgente de canais de denúncia seguros e eficazes para combater o assédio sexual, moral e o abuso de poder no sector cultural e artístico.
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Esta iniciativa surge no rescaldo das denúncias recentes contra o encenador Bruno Bravo, e assume um tom claro: o problema é estrutural, antigo e está longe de ser resolvido com medidas pontuais ou silêncios cúmplices.
Um grito colectivo contra a impunidade
O manifesto foi divulgado na segunda-feira e conta com signatários de várias áreas, incluindo figuras reconhecidas do teatro, cinema e música. O objectivo é simples, mas ambicioso: garantir que as instituições culturais – sejam públicas ou privadas – criem mecanismos reais para proteger vítimas e responsabilizar agressores.
Entre as exigências estão a implementação de canais de denúncia independentes, estruturas que ofereçam apoio legal e psicológico às vítimas, e, sobretudo, o compromisso de que estas denúncias não sejam ignoradas ou abafadas.
Não é um caso isolado – é um padrão
Os profissionais alertam para o facto de os casos de assédio no meio artístico não serem eventos esporádicos, mas sim parte de um padrão sistémico sustentado por relações de poder desequilibradas, precariedade laboral e uma cultura de silêncio.
Num meio onde os vínculos profissionais são muitas vezes informais, onde há uma hierarquia tácita marcada por relações de confiança pessoal e onde os projectos dependem frequentemente de “favores”, muitos optam por calar-se com medo de represálias ou ostracização.
O que está (ou não está) a ser feito?
Apesar de algumas instituições culturais começarem a adoptar códigos de conduta e planos para a igualdade, o manifesto considera essas medidas “insuficientes” e “meramente formais”. Reforça que é necessário ir mais longe, criando canais com independência, anonimato e capacidade de actuação – não apenas para registar queixas, mas para as acompanhar e resolver com transparência.
Os signatários defendem ainda que deve existir formação específica para dirigentes e responsáveis institucionais sobre assédio e violência em contexto laboral e artístico. É preciso, dizem, deixar de tratar o tema como um tabu e assumi-lo como uma prioridade.
Cultura sim, mas com dignidade
Num sector tantas vezes romantizado como espaço de liberdade criativa, a verdade é que a ausência de regulação e a precariedade crónica deixaram brechas onde o abuso floresce. O manifesto é, por isso, um passo importante para mudar o rumo das coisas.
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O sector cultural sempre teve a capacidade de se reinventar e provocar reflexão. Está na hora de usar essa mesma energia para olhar para dentro e fazer limpeza. Não basta aplaudir no fim – é preciso garantir que todos os que sobem ao palco, trabalham atrás das câmaras ou dirigem projectos o fazem com dignidade, segurança e respeito.
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