Tom Cruise Recebe o Seu Primeiro Óscar — e Repete Duas Palavras Que Estão a Fascinar Hollywood

Tom Cruise esperou décadas para subir ao palco e receber um Óscar — e, quando finalmente o fez, não foi por um papel específico, mas por um prémio que celebra uma carreira inteira dedicada ao cinema. O actor de 62 anos recebeu o Óscar Honorário, atribuído pela Academia a figuras cuja contribuição para a arte cinematográfica é considerada excepcional. Um momento histórico, sobretudo porque Cruise, apesar do seu estatuto de superestrela global, nunca tinha sido distinguido pela Academia.

Mas o que verdadeiramente marcou a noite não foi o prémio, mas sim o discurso que se seguiu: dez minutos intensos, emocionados e, acima de tudo, repetidos vezes sem conta por espectadores que viram o vídeo no YouTube mais de 1,7 milhões de vezes. O motivo? Cruise repetiu a mesma expressão — “thank you” — mais de vinte vezes. E fê-lo com tal sinceridade que especialistas em liderança e psicologia já o destacam como um exemplo raro de inteligência emocional aplicada ao poder.

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Cruise abriu o discurso a agradecer ao realizador Alejandro Iñárritu, com quem está actualmente a trabalhar num novo filme ainda sem título. Depois, desviou o foco para os outros homenageados da noite: Debbie Allen, Wynn Thomas e Dolly Parton. O actor usou a maior parte do seu tempo a celebrar o trabalho de colegas, criadores e equipas que, segundo ele, formam o coração do cinema. Foi isso que impressionou tantos espectadores: um dos homens mais poderosos de Hollywood preferiu partilhar o holofote.

O que se tornou evidente à medida que Cruise continuava foi a forma como tratava a gratidão — não como formalidade, mas como acto. A cadência da palavra “obrigado”, repetida com o mesmo peso emocional desde o início até ao último minuto, transformou o discurso numa espécie de homenagem colectiva ao cinema e aos que o constroem. Cruise agradeceu aos artistas, argumentistas, realizadores, equipas técnicas, duplos, montadores, directores de fotografia, designers, exibidores e até aos proprietários de salas, sublinhando que sem eles, e sem o público, “nada disto teria significado”.

Num dos momentos mais inesperados, Cruise pede à audiência que se levante — não para o aplaudir, mas para que fossem reconhecidos todos aqueles com quem já tinha trabalhado ao longo da carreira. Metade da sala ergueu-se. Cruise, de mãos juntas, repetiu o seu mantra: “Thank you. Thank you. Thank you.” Para muitos, foi um gesto simples; para outros, um lembrete poderoso de que liderança também é saber reconhecer quem nos acompanha.

A psicologia organizacional tem vindo a reforçar esta ideia: expressar gratidão de forma autêntica contribui para criar ambientes mais saudáveis, aumenta a confiança e fortalece as relações hierárquicas. Estudos recentes demonstram que quando um líder agradece com genuinidade, a atitude espalha-se — primeiro pela equipa, depois pela cultura alargada da organização. Talvez por isso o discurso de Cruise tenha ecoado tanto dentro e fora de Hollywood.

Os comentários ao vídeo vão na mesma linha. Houve quem descrevesse o discurso como “um acto de classe”, sublinhando que Cruise dedicou metade do tempo a elogiar outros vencedores e o restante a valorizar quem constrói a indústria. Outro espectador escreveu: “Ele usou o discurso para elevar todos à sua volta — é a marca de um verdadeiro cavalheiro.” E houve ainda quem brincasse que o actor merecia um segundo Óscar, só pela forma como falou.

A apresentação do prémio ficou a cargo de Iñárritu, que fez o melhor resumo possível do fenómeno Cruise: “Todos os que já trabalharam com ele contam a mesma história. Ele agradece-te todas as manhãs. Exige excelência e dá-te coragem para a igualares. E sabe o teu nome.” Não é preciso muito mais para compreender a chave do seu impacto.

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No fim, a lição que fica do primeiro Óscar de Tom Cruise é estranhamente simples: dizer “obrigado” não diminui ninguém — pelo contrário, engrandece. Uma carreira com dezenas de filmes de acção, recordes de bilheteira e façanhas físicas aparentemente impossíveis acabou por destacar algo ainda mais raro: a humildade de um actor que retribui ao cinema tudo o que o cinema lhe deu. E que, depois de tantos anos, sabe que as duas palavras mais importantes da sua carreira continuam a ser as mesmas. Obrigado.

Globos de Ouro 2026: “One Battle After Another” e “The White Lotus” lideram nomeações da nova edição

A temporada de prémios arranca com força e com várias surpresas no cinema e televisão

Os nomeados para os Golden Globes 2026 foram anunciados esta sexta-feira, antecipando uma cerimónia que promete ser uma das mais concorridas dos últimos anos. A grande força desta edição é o filme de acção “One Battle After Another”, protagonizado por Leonardo DiCaprio, que lidera na secção de cinema e se posiciona como um dos títulos mais fortes da temporada.

No universo televisivo, o destaque volta a ir para “The White Lotus”, presença habitual entre os favoritos e novamente a produção mais reconhecida nos Globos, confirmando o domínio continuado da série antológica da HBO.

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As categorias deste ano revelam uma competição diversificada, onde filmes de autor, super-produções internacionais, musicais, animação e projectos independentes disputam espaço em pé de igualdade. Nomes como Leonardo DiCaprio, Timothée Chalamet, Cynthia Erivo, Jessie Buckley, Jennifer Lawrence, Michael B. Jordan, Oscar Isaac e Ariana Grande surgem entre os candidatos mais mediáticos.

Em televisão, a luta promete ser apertada entre títulos aclamados como “Severance”, “Slow Horses”, “The Diplomat”, “The Bear” e “Only Murders in the Building”, além do regresso triunfante de “The White Lotus” com um elenco renovado.

A cerimónia decorre em Janeiro e marca o arranque oficial da temporada de prémios, funcionando como barómetro antecipado para os Óscares — especialmente nas categorias dramáticas e de comédia/musical, onde a diversidade de nomeados é maior do que nunca.

Seguem-se agora todos os nomeados, categoria a categoria.

Netflix Quer Comprar a Warner Bros — e Trump Diz Que “Pode Ser um Problema”


📜 Lista completa de nomeados — Golden Globes 2026

(Mantida exactamente como divulgada oficialmente, apenas formatada para leitura clara.)

FILME

Melhor Filme — Drama

  • Alexandre Desplat – Frankenstein
  • Max Richter – Hamnet
  • It Was Just An Accident
  • The Secret Agent
  • Sentimental Value
  • Sinners

Melhor Filme — Musical ou Comédia

  • Blue Moon
  • Bugonia
  • Marty Supreme
  • No Other Choice
  • Nouvelle Vague
  • One Battle After Another

Melhor Filme em Língua Não-Inglesa

  • It Was Just An Accident
  • No Other Choice
  • The Secret Agent
  • Sentimental Value
  • Sirât
  • The Voice of Hind Rajab

Melhor Filme de Animação

  • Arco
  • Demon Slayer: Infinity Castle
  • Elio
  • KPop Demon Hunters
  • Little Amélie or The Character of Rain
  • Zootopia 2

Melhor Actriz — Drama

  • Jessie Buckley – Hamnet
  • Jennifer Lawrence – Die, My Love
  • Renate Reinsve – Sentimental Value
  • Julia Roberts – After the Hunt
  • Tessa Thompson – Hedda
  • Eva Victor – Sorry, Baby

Melhor Actor — Drama

  • Joel Edgerton – Train Dreams
  • Oscar Isaac – Frankenstein
  • Dwayne Johnson – The Smashing Machine
  • Michael B. Jordan – Sinners
  • Wagner Moura – The Secret Agent
  • Jeremy Allen White – Springsteen: Deliver Me From Nowhere

Melhor Actriz — Musical ou Comédia

  • Rose Byrne – If I Had Legs I’d Kick You
  • Cynthia Erivo – Wicked: For Good
  • Kate Hudson – Song Sung Blue
  • Chase Infiniti – One Battle After Another
  • Amanda Seyfried – The Testament of Ann Lee
  • Emma Stone – Bugonia

Melhor Actor — Musical ou Comédia

  • Timothée Chalamet – Marty Supreme
  • George Clooney – Jay Kelly
  • Leonardo DiCaprio – One Battle After Another
  • Ethan Hawke – Blue Moon
  • Lee Byung-Hun – No Other Choice
  • Jesse Plemons – Bugonia

Melhor Actriz Secundária

  • Emily Blunt – The Smashing Machine
  • Elle Fanning – Sentimental Value
  • Ariana Grande – Wicked: For Good
  • Inga Ibsdotter Lilleaas – Sentimental Value
  • Amy Madigan – Weapons
  • Teyana Taylor – One Battle After Another

Melhor Actor Secundário

  • Benicio Del Toro – One Battle After Another
  • Jacob Elordi – Frankenstein
  • Paul Mescal – Hamnet
  • Sean Penn – One Battle After Another
  • Adam Sandler – Jay Kelly
  • Stellan Skarsgård – Sentimental Value

Melhor Realização

  • Paul Thomas Anderson – One Battle After Another
  • Ryan Coogler – Sinners
  • Guillermo del Toro – Frankenstein
  • Jafar Panahi – It Was Just An Accident
  • Joachim Trier – Sentimental Value
  • Chloé Zhao – Hamnet

Melhor Argumento

  • Paul Thomas Anderson – One Battle After Another
  • Ronald Bronstein, Josh Safdie – Marty Supreme
  • Ryan Coogler – Sinners
  • Jafar Panahi – It Was Just An Accident
  • Eskil Vogt, Joachim Trier – Sentimental Value
  • Chloé Zhao, Maggie O’Farrell – Hamnet

Melhor Canção Original

  • Miley Cyrus, Andrew Wyatt, Mark Ronson, Simon Franglen – Avatar: Fire and Ash; Dream As One
  • Joong Gyu Kwak et al. – KPop Demon Hunters; Golden
  • Raphael Saadiq, Ludwig Göransson – Sinners; I Lied To You
  • Stephen Schwartz – Wicked: For Good – No Place Like Home
  • Stephen Schwartz – Wicked: For Good – The Girl in the Bubble
  • Nick Cave, Bryce Dessner – Train Dreams; Train Dreams

Melhor Banda Sonora

  • Alexandre Desplat – Frankenstein
  • Ludwig Göransson – Sinners
  • Jonny Greenwood – One Battle After Another
  • Kanding Ray – Sirât
  • Max Richter – Hamnet
  • Hans Zimmer – F1

Conquista Cinematográfica e de Bilheteira

  • Avatar: Fire and Ash
  • F1
  • KPop Demon Hunters
  • Mission: Impossible – The Final Reckoning
  • Sinners
  • Weapons
  • Wicked: For Good
  • Zootopia 2

TELEVISÃO

Melhor Série — Drama

  • The Diplomat
  • The Pitt
  • Pluribus
  • Severance
  • Slow Horses
  • The White Lotus

Melhor Série — Comédia ou Musical

  • Abbott Elementary
  • The Bear
  • Hacks
  • Nobody Wants This
  • Only Murders in the Building
  • The Studio

Melhor Minissérie

  • Adolescence
  • All Her Fault
  • The Beast in Me
  • Black Mirror
  • Dying for Sex
  • The Girlfriend

Melhor Actriz — Drama

  • Kathy Bates – Matlock
  • Britt Lower – Severance
  • Helen Mirren – Mobland
  • Bella Ramsey – The Last of Us
  • Keri Russell – The Diplomat
  • Rhea Seehorn – Pluribus

Melhor Actor — Drama

  • Sterling K. Brown – Paradise
  • Diego Luna – Andor
  • Gary Oldman – Slow Horses
  • Mark Ruffalo – Task
  • Adam Scott – Severance
  • Noah Wyle – The Pitt

Melhor Actriz — Comédia ou Musical

  • Kristen Bell – Nobody Wants This
  • Ayo Edebiri – The Bear
  • Selena Gomez – Only Murders in the Building
  • Natasha Lyonne – Poker Face
  • Jenna Ortega – Wednesday
  • Jean Smart – Hacks

Melhor Actor — Comédia ou Musical

  • Adam Brody – Nobody Wants This
  • Steve Martin – Only Murders in the Building
  • Glen Powell – Chad Powers
  • Seth Rogen – The Studio
  • Martin Short – Only Murders in the Building
  • Jeremy Allen White – The Bear

Melhor Actriz — Minissérie

  • Claire Danes – The Beast in Me
  • Rashida Jones – Black Mirror
  • Amanda Seyfried – Long Bright River
  • Sarah Snook – All Her Fault
  • Michelle Williams – Dying for Sex
  • Robin Wright – The Girlfriend

Melhor Actor — Minissérie

  • Jacob Elordi – The Narrow Road to the Deep North
  • Paul Giamatti – Black Mirror
  • Stephen Graham – Adolescence
  • Charlie Hunnam – Monster: The Ed Gein Story
  • Jude Law – Black Rabbit
  • Matthew Rhys – The Beast in Me

Melhor Actor Secundário — TV

  • Owen Cooper – Adolescence
  • Billy Crudup – The Morning Show
  • Walton Goggins – The White Lotus
  • Jason Isaacs – The White Lotus
  • Tramell Tillman – Severance
  • Ashley Walters – Adolescence

Melhor Actriz Secundária — TV

  • Carrie Coon – The White Lotus
  • Erin Doherty – Adolescence
  • Hannah Einbinder – Hacks
  • Catherine O’Hara – The Studio
  • Parker Posey – The White Lotus
  • Aimee-Lou Wood – The White Lotus

Melhor Performance de Stand-Up em Televisão

  • Bill Maher – Is Anyone Else Seeing This?
  • Brett Goldstein – The Second Best Night of Your Life
  • Kevin Hart – Acting My Age
  • Kumail Nanjiani – Night Thoughts
  • Ricky Gervais – Mortality
  • Sarah Silverman – PostMortem

PODCAST

Melhor Podcast

  • Armchair Expert with Dax Shepard
  • Call Her Daddy
  • Good Hang with Amy Poehler
  • The Mel Robbins Podcast
  • SmartLess
  • Up First (NPR)

Paramount Declara Guerra à Netflix: Oferta Hostil de 108 mil milhões pela Warner Bros Abala Hollywood

Um duelo corporativo que pode redefinir o futuro do cinema

Se a proposta da Netflix para comprar a Warner Bros Discovery já tinha causado ondas sísmicas na indústria, a resposta da Paramount transformou o cenário num autêntico terramoto. Estamo-nos a aproximar rapidamente daquela que poderá ser a maior batalha corporativa da história de Hollywood — e as consequências podem alterar profundamente todo o ecossistema audiovisual.

Esta segunda-feira, a Paramount lançou uma oferta hostil de 108,4 mil milhões de dólares pela totalidade da Warner Bros Discovery (WBD), ultrapassando de forma agressiva o acordo de 72 mil milhões firmado dias antes entre a Netflix e a empresa liderada por David Zaslav.

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A decisão marca uma escalada dramática: em vez de negociar apenas com o conselho de administração, a Paramount decidiu ir directamente aos accionistas da WBD, pedindo-lhes que rejeitem o acordo com a Netflix e abracem uma proposta “superior, mais rápida e mais segura”.

O que a Paramount está a oferecer — e porque diz ser melhor

A oferta rival faz-se valer de um argumento simples: mais dinheiro, menos incerteza.

Enquanto a Netflix propõe uma combinação de dinheiro e acções, a Paramount oferece 30 dólares em numerário por cada acção da WBD, um valor significativamente superior aos cerca de 27,75 dólares totais (entre dinheiro e acções) da proposta do serviço de streaming.

Segundo a Paramount, a sua oferta representa:

  • 18 mil milhões de dólares a mais em liquidez imediata para os accionistas,
  • uma conclusão mais rápida,
  • menor risco regulatório (apesar de também existir risco),
  • e a aquisição da empresa inteira, incluindo o segmento Global Networks — algo que o acordo da Netflix não inclui.

David Ellison, CEO da Paramount, foi taxativo:

“Os accionistas da WBD merecem a oportunidade de considerar a nossa oferta em dinheiro pela totalidade da empresa. Acreditamos que o conselho está a perseguir uma proposta inferior.”

Ellison sublinha ainda que o conselho da WBD nunca respondeu de forma “significativa” às seis propostas enviadas pela Paramount nas últimas 12 semanas. Assim, a ofensiva tornou-se inevitável.

O que muda em relação ao plano da Netflix?

A proposta original da Netflix previa a separação da empresa em duas partes:

  1. Warner Bros Discovery (estúdios + streaming, incluindo HBO Max), que seria comprada pela Netflix;
  2. Discovery Global, que reuniria canais lineares como CNN, Cartoon Network e TNT, e não integraria a fusão.

A Paramount rejeita esta divisão e propõe adquirir tudo, sem deixar pedaços órfãos ou empresas-filhas autónomas.

Para muitos investidores, isso pode ser atractivo — mas também traz outro tipo de preocupações, desde a escala assustadora do novo conglomerado até potenciais despedimentos massivos.

Trump volta a entrar em cena — e pode mudar tudo

A indústria ainda estava a digerir o impacto da oferta da Netflix quando Donald Trump declarou no domingo que o acordo “pode ser um problema” devido à enorme quota de mercado que resultaria da fusão.

“Vou estar envolvido nessa decisão”, afirmou o presidente, levantando o espectro de intervenção governamental.

A intervenção não é neutra: a família Ellison, que controla a Paramount, tem ligações conhecidas ao presidente.

  • Larry Ellison, fundador da Oracle e pai de David Ellison, é aliado próximo de Trump.
  • Jared Kushner, genro de Trump, está envolvido no consórcio favorável à oferta da Paramount.

Analistas como Danni Hewson (AJ Bell) consideram “natural” que Trump olhe com mais simpatia para a proposta rival.

Assim, tanto a fusão com a Netflix como a aquisição pela Paramount enfrentam obstáculos regulatórios — mas o clima político pode dar vantagem ao lado da Paramount.

Um confronto que pode rasgar Hollywood ao meio

A escala desta disputa não tem precedentes:

  • A Netflix, já líder global em streaming, quer absorver um dos maiores estúdios do planeta.
  • A Paramount quer impedir isso e, simultaneamente, transformar-se num super-conglomerado audiovisual.

Ambos os cenários motivam receios profundos:

  • Menos concorrência e aumento da concentração de poder,
  • Ameaças à diversidade criativa,
  • Possíveis despedimentos massivos,
  • Impacto directo nas salas de cinema, dependentes de conteúdo de estúdios como Warner e Paramount,
  • Choque regulatório inevitável nos EUA e na Europa.

Hollywood está dividida: alguns vêem a união Netflix-Warner como um empurrão inevitável para o futuro; outros temem que ambos os cenários — Netflix ou Paramount — criem monstros demasiado grandes para serem controlados.

David Zaslav, CEO da WBD, defendeu publicamente o acordo com a Netflix:

“A junção destas duas empresas garantirá que as melhores histórias do mundo continuem a chegar às pessoas durante gerações.”

A Paramount, porém, afirma que Zaslav está a trair os accionistas ao apoiar uma proposta “inferior”.

E agora?

A batalha está oficialmente aberta — e promete ser longa.

Ambas as propostas enfrentarão meses de escrutínio intensivo e pressão política. Os accionistas da WBD terão de decidir entre:

  • Mais dinheiro imediato (Paramount)
  • Uma fusão estratégica com potencial de alcance global (Netflix)

Enquanto isso, Hollywood mantém-se suspensa, consciente de que qualquer desfecho poderá redefinir para sempre o mapa do entretenimento.

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Seja qual for o vencedor, uma coisa já é certa: nunca houve um combate corporativo tão grande, tão público e tão carregado de consequências para a sétima arte.

Netflix Quer Comprar a Warner Bros — e Trump Diz Que “Pode Ser um Problema”

O negócio que está a incendiar Hollywood e a dividir Washington

A Netflix voltou a abalar a indústria audiovisual com um anúncio que ninguém esperava ver tão cedo: a gigante do streaming pretende adquirir a Warner Bros Discovery, incluindo os estúdios de cinema e televisão e o serviço HBO Max, num negócio avaliado em 72 mil milhões de dólares. Se concretizada, esta operação será a maior fusão de sempre no sector do entretenimento — e os alarmes já soam em Hollywood, em Wall Street e, agora, também na Casa Branca.

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, afirmou esta semana que estará “envolvido” na decisão regulatória sobre a aquisição, deixando no ar a possibilidade de travar o acordo. Falando aos jornalistas, Trump admitiu que “pode ser um problema”, reconhecendo preocupações sobre o domínio de mercado da Netflix. Crucialmente, o presidente não revelou a sua posição concreta — apenas reforçou que a decisão será “complexa” e que os economistas terão um papel determinante na análise.

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O que está em causa: um único gigante com demasiado poder?

A notícia caiu como uma bomba na sexta-feira: a Netflix, já líder mundial de streaming, pretende absorver um dos seus maiores concorrentes e, simultaneamente, passar a controlar algumas das marcas mais icónicas da história do audiovisual — da Warner Bros Pictures à HBO, passando por séries, filmes e canais de televisão de várias décadas.

O acordo só deverá ficar concluído no final do próximo ano, depois de a componente de legacy media (canais de notícias, desporto e animação) ser autonomizada. Mas a crítica chegou antes que a tinta secasse no contrato.

Hollywood está em alvoroço.

Writers Guild of America foi das primeiras entidades a reagir e não poupou nas palavras:

“A maior empresa de streaming do mundo a engolir um dos seus maiores concorrentes é exactamente o que as leis antitrust foram feitas para impedir.”

O sindicato alerta para riscos sérios: perda de empregos, salários mais baixos, piores condições de trabalho, aumento de preços para os consumidores e menor diversidade de conteúdos.

Do lado político, a oposição é bipartidária. O senador republicano Roger Marshall classificou o negócio como “um problema antitrust de manual”, alertando para os riscos de concentração total — vertical e horizontal — numa única empresa.

Segundo Marshall:

“Preços, escolha e liberdade criativa estão em risco.”

Paramount Skydance e Comcast foram derrotadas — mas Trump entra no debate

A Reuters avançou que Paramount Skydance, liderada por David Ellison, e a Comcast, dona da Sky News, também apresentaram propostas. As ofertas não foram seleccionadas, alegadamente devido a preocupações de financiamento (no caso da Paramount) e falta de vantagens de curto prazo (no caso da Comcast).

É aqui que o cenário político ganha outra cor.

David Ellison é filho de Larry Ellison

, bilionário tecnológico e aliado próximo de Trump.

Mesmo assim, o presidente evitou qualquer favoritismo e insinuou que terá uma palavra a dizer na decisão regulatória.

“Estarei envolvido nessa decisão”, afirmou Trump.

“É uma fatia grande de mercado. Não há dúvida de que pode ser um problema.”

Para Hollywood, uma intervenção presidencial directa é tão invulgar quanto alarmante. Para as empresas, adiciona incerteza ao processo. Para o público, abre a porta a uma disputa que pode moldar o cinema e o streaming na próxima década.

O que significa esta fusão para o futuro do cinema?

Se a Netflix controlar a Warner Bros, a indústria poderá enfrentar mudanças profundas:

  • Perigo de homogeneização criativa
  • Menos competição entre plataformas
  • Preços potencialmente mais altos
  • Maior controlo do pipeline: do produtor ao consumidor
  • Riscos para salas de cinema que dependem de conteúdos da Warner
  • Enfraquecimento de vozes independentes no sector

Não é apenas uma questão financeira — é uma questão cultural. A Warner Bros não é apenas um estúdio; é uma instituição centenária com marcas como Harry PotterDC ComicsLooney TunesThe Matrix e milhares de clássicos do cinema.

A Netflix, por sua vez, tem um historial de priorizar o streaming sobre a exibição em sala, tendência que muitos temem ver reforçada.

E agora?

O negócio ainda terá de passar por escrutínio rigoroso das autoridades de concorrência dos EUA e da União Europeia. O facto de o presidente ter já sinalizado reservas — mesmo que vagas — coloca a fusão sob maior pressão política e mediática.

Se aprovada, será uma das maiores reconfigurações da história do entretenimento.

Se bloqueada, marcará um precedente claro sobre os limites do poder das gigantes tecnológicas.

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Para já, uma coisa é certa: Hollywood está a observar cada movimento, ansiosa para perceber se caminha para uma nova era de mega-conglomerados… ou se o sistema ainda consegue travar o avanço de um colosso antes que engula os restantes.

Chris Pratt e o túmulo de São Pedro: o novo documentário que leva Hollywood às profundezas do Vaticano

Um Star-Lord no subsolo da Basílica de São Pedro

Chris Pratt trocou, por uns dias, as galáxias distantes e os blockbusters de acção pelas galerias silenciosas sob a Basílica de São Pedro, no Vaticano. O actor norte-americano está a filmar um documentário sobre a descoberta da Necrópole Vaticana e do túmulo do Apóstolo Pedro, num projecto que junta o Vatican Media, a Fabbrica di San Pietro e a produtora AF Films. A estreia está prevista para 2026, ano em que se assinala o 400.º aniversário da inauguração e dedicação da actual basílica.

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Segundo o Vatican News, as filmagens decorrem na própria Basílica de São Pedro e na Necrópole Vaticana, num acesso raríssimo que transforma Pratt no guia de um itinerário que mistura fé, história e arqueologia. O actor confessou sentir-se “extraordinariamente honrado” por colaborar com o Vaticano neste projecto e por ter a oportunidade de ajudar a levar a história de São Pedro ao grande público.

A direcção do documentário fica a cargo da realizadora espanhola Paula Ortiz, enquanto o argumento é assinado por Andrea Tornielli, com a colaboração de Pietro Zander. O filme deverá ser lançado em 2026, alinhado com a data simbólica de 18 de Novembro de 1626, quando a actual Basílica de São Pedro foi oficialmente inaugurada e consagrada.

Da Galileia ao Vaticano: a rota de Pedro

A história da basílica e a do próprio cristianismo estão intimamente ligadas à figura de Pedro, o pescador da Galileia a quem, segundo a tradição cristã, Jesus confiou a liderança da Igreja. Pedro terá sido martirizado em Roma, na colina vaticana, por volta do ano 64 d.C., e desde os primeiros séculos que o seu local de sepultamento se tornou destino de peregrinação, devoção e culto — ao ponto de muitos cristãos desejarem ser sepultados o mais perto possível do Apóstolo.

O documentário pretende precisamente revisitar, passo a passo, esse percurso, conduzindo o espectador numa viagem no tempo através de imagens exclusivas e de acesso restrito. O ponto central será a identificação do local do túmulo de Pedro na Necrópole Vaticana, uma questão que ocupou arqueólogos, historiadores e papas durante décadas.

Da escavação às relíquias: um enigma de séculos

Foi o Papa Pio XII que, em 1939, ordenou as escavações sob a Basílica de São Pedro, num impulso que mudou para sempre o conhecimento sobre o subsolo do Vaticano. Em 1950, Pio XII anunciava oficialmente a identificação do local de sepultamento do Apóstolo na Necrópole Vaticana, com base nas evidências então encontradas.

As investigações prosseguiram durante as décadas seguintes e, em 1968, o Papa Paulo VI deu um novo passo, revelando ao mundo que os ossos associados a Pedro tinham sido identificados de forma que considerava “convincente”. O pontífice declarou ter “razões para crer” que os poucos, mas sacrossantos, restos mortais do Príncipe dos Apóstolos tinham sido finalmente localizados.

É este caminho — entre fé e ciência, tradição e arqueologia — que o documentário agora em rodagem pretende tornar acessível ao grande público, com Chris Pratt como rosto e narrador desta descoberta contínua.

Chris Pratt como guia de um património invisível

Para além da curiosidade óbvia de ver uma grande estrela de Hollywood a guiar um documentário profundamente enraizado na tradição cristã, há aqui também um gesto claro de aproximação entre linguagens: a do cinema popular e a da comunicação religiosa e histórica.

Pratt, que já manifestou publicamente a sua fé em várias ocasiões, surge aqui numa faceta menos habitual, longe da comédia e da acção, para conduzir o espectador por corredores estreitos, câmaras funerárias e zonas do Vaticano que a maioria dos crentes — e cinéfilos — nunca verá ao vivo.

Visualmente, o projecto promete explorar não só a monumentalidade da Basílica de São Pedro, mas também o lado invisível da cidade-estado: a necrópole que foi preservada, redesenhada e protegida ao longo de séculos para guardar o lugar onde, segundo a tradição, repousa São Pedro.

Um lançamento pensado ao milímetro

O calendário não foi escolhido ao acaso. Lançar o documentário em 2026, exactamente no 400.º aniversário da dedicação da actual basílica, permite ao Vaticano e às entidades envolvidas reforçar a ligação entre o edifício que hoje vemos e a memória do Apóstolo que o funda simbolicamente.

Para o público, o filme deverá funcionar tanto como experiência espiritual e histórica como produto cinematográfico acessível, ajudado pelo carisma de Chris Pratt e pela curiosidade natural em torno de tudo o que se passa por detrás dos muros do Vaticano.

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Seja visto como acto de fé, exercício de divulgação histórica ou estratégia inteligente de comunicação, uma coisa é certa: em 2026, muitos espectadores vão descer, sem sair do sofá, às profundezas da colina vaticana, à procura do lugar onde começou uma das histórias mais influentes da civilização ocidental

Peaky Blinders regressa em força: já sabemos quando chega “The Immortal Man” à Netflix em Portugal

Tommy Shelby troca o exílio pelo caos da guerra

Tommy Shelby troca o exílio pelo caos da guerra – e os fãs portugueses já têm data marcada para o reencontro com o líder dos Peaky Blinders.

Quando a sexta temporada de “Peaky Blinders” chegou ao fim, em 2022, ficou a sensação de despedida… mas nunca de encerramento definitivo. Steven Knight sempre prometeu que a história da família Shelby terminaria no grande ecrã, e agora essa promessa ganha forma com “Peaky Blinders: The Immortal Man”, filme que já tem data de estreia em Portugal: 20 de Março, na Netflix.

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A notícia foi confirmada esta sexta-feira, 5 de Dezembro, e bastou a sinopse oficial para incendiar novamente o entusiasmo dos fãs. Estamos em Birmingham, 1940, em plena Segunda Guerra Mundial. Tommy Shelby regressa de um exílio auto-imposto para enfrentar “o seu acerto de contas mais destrutivo de sempre”. Com o futuro da família e do país em jogo, o patriarca dos Peaky Blinders terá de enfrentar os seus próprios demónios e decidir se enfrenta o seu legado… ou se o deixa arder até às cinzas. Por ordem dos Peaky Blinders, claro.

Cillian Murphy volta a vestir o boné 🪖

Depois de conquistar o Óscar com “Oppenheimer”, Cillian Murphy regressa à personagem que o transformou num ícone da cultura pop televisiva: Thomas “Tommy” Shelby. O actor volta a liderar um elenco de luxo onde encontramos Rebecca Ferguson, Barry Keoghan, Tim Roth e Stephen Graham, nomes que prometem trazer novas camadas de tensão, intriga e perigo à já de si explosiva mitologia de “Peaky Blinders”.

Mas o filme não esquece as raízes. Vários rostos familiares da série regressam, incluindo Sophie Rundle, Ned Dennehy e Packy Lee, garantindo que o universo dos Shelby mantém a sua continuidade emocional. A realização fica a cargo de Tom Harper, que já tinha trabalhado na série e conhece de perto o equilíbrio muito particular entre violência, estilo e tragédia que definiu o fenómeno.

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Da BBC ao topo da Netflix: a ascensão dos Shelby

“Peaky Blinders” estreou em 2013 na BBC, quase como um “gangster drama” de nicho, mas depressa se transformou numa das séries mais influentes da última década. O salto para a Netflix deu-lhe exposição global e transformou a família Shelby num caso raro: um gangue brutal de Birmingham que se tornou objecto de culto de milhões de espectadores.

Inspirada numa gangue real que actuava na cidade no início do século XX, a série acompanha a ascensão dos Shelby a partir do submundo de apostas ilegais, contrabando e violência, até ao confronto com políticos, aristocratas e forças internacionais. Tudo isto embrulhado numa estética marcante – fatos impecáveis, navalhas cosidas nos bonés, cigarro eterno nos lábios de Tommy – e numa banda sonora moderna que aproximou o universo da série de uma espécie de rock operático criminal.

Ao longo das seis temporadas, “Peaky Blinders” destacou-se pela narrativa intensa, pelos confrontos de poder, pelas lealdades quebradas e pela forma como retratou um protagonista em permanente guerra consigo próprio. Muito antes de “The Immortal Man”, Tommy Shelby já parecia alguém a desafiar a morte – física, moral e espiritual.

Do fim da série ao salto para o cinema

O final da sexta temporada, em 2022, foi apresentado como o encerramento da série televisiva, mas também como um ponto de viragem. Steven Knight deixou claro que a saga não acabaria ali e que o capítulo final seria contado em formato de longa-metragem. “The Immortal Man” é, portanto, menos um “spin-off” e mais o passo seguinte natural, pensado desde cedo como o clímax da história.

As filmagens terminaram em Dezembro de 2024, aumentando a impaciência dos fãs, que passaram meses a especular sobre o enredo, o destino de Tommy e o papel da Segunda Guerra Mundial neste universo. A sinopse agora revelada confirma que o conflito global será mais do que cenário: é a pressão máxima sobre um homem que sempre viveu em guerra, mas que desta vez pode ter mais a perder do que nunca.

O que esperar de “The Immortal Man”?

Sem grandes revelações de enredo, o material oficial sugere um Tommy empurrado para o limite, obrigado a regressar de um exílio onde, claramente, não encontrou paz. A ideia de “acerto de contas mais destrutivo de sempre” aponta para um confronto final em várias frentes: familiar, política, íntima.

A referência ao “legado” que pode ser destruído ou deixado arder até às cinzas também abre caminho a um filme que não se limita a prolongar a série, mas que pode questionar o próprio mito dos Peaky Blinders. Depois de anos a construir um império através da violência, o que é que realmente sobra para Tommy? Família? Culpa? Um lugar na História? Ou apenas cinza e fumo de cigarro?

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Para já, o que os fãs portugueses sabem é o essencial: “Peaky Blinders: The Immortal Man” chega à Netflix a 20 de Março, e a data já pode ser sublinhada a vermelho no calendário. Até lá, é tempo de tirar o pó ao boné, aquecer um whisky e preparar-se para regressar a Birmingham, onde a família Shelby ainda tem contas a ajustar com o mundo – e com o próprio passado.

O Novo Paramount de David Ellison: menos prestígio, mais testosterona – e os “cancelados” de volta ao jogo

Um novo sheriff em Hollywood

Há muito que a Paramount deixara de ser o estúdio intocável dos tempos de ouro, mas a chegada de David Ellison, via fusão com a Skydance, está a transformar a casa da montanha em algo bem diferente – e bem mais ruidoso. Onde antes reinava um certo verniz “politicamente correcto” pós-#MeToo e pós-George Floyd, instala-se agora uma cultura em que sentimentos não contam, decisões são tomadas a frio e quem se queixa recebe, literalmente, um “get over it” como resposta.

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Ellison, filho de Larry Ellison (o magnata da Oracle e aliado próximo de Donald Trump), está a aplicar uma lógica muito mais próxima de Silicon Valley do que da velha Hollywood. O objectivo declarado é claro: abandonar a imagem de estúdio frágil e voltar a competir na primeira divisão dos gigantes, mesmo que isso signifique atropelar algumas sensibilidades pelo caminho.

Ramsey Naito, Tartarugas Ninja e um “get over it”

Um dos casos mais simbólicos desta nova era é o de Ramsey Naito, até há pouco tempo directora da Paramount Animation. Antes da fusão, tudo indicava que Naito seria uma das protegidas da nova gestão, depois do sucesso de Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutant Mayhem, produzido com um orçamento contido e que rendeu milhões em bilheteira e mais de mil milhões em ‘merchandising’.

Mas, já com a nova equipa instalada, o ambiente mudou. Numa reunião com figuras-chave do estúdio, incluindo o co-presidente Josh Greenstein, Naito terá sido acusada de “desvalorizar” a marca Tartarugas Ninja e de deixar que vários projectos de animação explodissem em orçamento, como o novo filme dos Smurfs, que terá gerado um prejuízo na casa dos 80 milhões de dólares. Quando contestou o tom com que lhe falaram, recebeu de volta o espírito da casa: sentimentos à parte, “siga em frente”.

Pouco tempo depois, Naito foi dispensada numa vaga de despedimentos, sendo substituída por Jennifer Dodge, executiva da Spin Master, a empresa de brinquedos responsável por PAW Patrol. Para quem ainda tinha dúvidas de que a prioridade são marcas fortes e controlo de custos, ficou a mensagem.

Brett Ratner, Will Smith, Johnny Depp: o regresso dos “proscritos”

Outra faceta da era Ellison é a reabilitação de figuras “canceladas” ou altamente controversas. A lógica é fria: talento que o sistema rejeitou costuma ficar mais barato – e está desesperado por provar que ainda conta.

O exemplo mais chocante é talvez Rush Hour 4, realizado por Brett Ratner, afastado de Hollywood desde 2017 na sequência de acusações de assédio e má conduta sexual. O filme andava órfão de estúdio até que, após um pedido de Donald Trump a Larry Ellison, a Paramount aceitou distribuí-lo. O negócio é tentador: o estúdio não financia, apenas distribui e cobra uma bela comissão.

A lista não acaba aí. A Skydance, braço de Ellison, já tinha resgatado John Lasseter, antigo chefão da Pixar que saiu da Disney em plena vaga #MeToo. Sob a nova liderança, a Paramount fechou ainda um acordo de primeira escolha com Will Smith – ainda a tentar limpar a imagem depois da bofetada a Chris Rock nos Óscares – e abraçou um projecto com Johnny Depp no papel de Ebenezer Scrooge, o seu primeiro grande filme de estúdio depois de ter sido afastado de Fantastic Beasts em 2020.

No topo da pirâmide, a própria presidência da Paramount é ocupada por Jeff Shell, que abandonou a NBCUniversal após um caso de assédio ligado a uma longa relação extraconjugal com uma jornalista da CNBC. Shell fala abertamente do passado e declara ter aprendido com os erros, mas a mensagem sentida por muitos é outra: desde que geres negócios, o resto é negociável.

Blockbusters masculinos em fila… e pouco espaço para cinema de prestígio

Editorialmente, a nova Paramount aposta tudo em cinema “evento” e, de preferência, carregado de testosterona. Entre os projectos em desenvolvimento destacam-se:

– um filme de Call of Duty, escrito por Taylor Sheridan;

– um épico de motocrosse realizado por James Mangold, com Timothée Chalamet num dos maiores salários da carreira;

– um novo Paranormal Activity produzido por James Wan e pela Blumhouse;

– um western com Brandon Sklenar, vindo do universo de 1923.

Ao mesmo tempo, o estúdio está a arrumar a casa de forma agressiva: dramas românticos, adaptações mais “femininas” e títulos vistos como arriscados estão a ser cancelados, vendidos a plataformas ou simplesmente engavetados. Projectos como Eloise, baseado nos populares livros infantis, foram parar à Netflix; Winter Games, um drama romântico com Miles Teller, foi abandonado; e spin-offs com ADN mais leve, como um derivado de Ferris Bueller’s Day Off, ficaram pelo caminho.

O sinal mais claro de mudança? O pequeno departamento de prémios interno foi praticamente desmontado, e a aposta em filmes de “prestígio”, com ambição de Óscar, está no nível mínimo. O paradigma é simples: menos Oscar bait, mais produtos assumidamente comerciais.

DEI, guerra cultural e a sombra de Trump

Esta reorientação não se faz apenas na escolha de filmes, mas também na política interna. A Paramount foi um dos primeiros grandes estúdios a abandonar políticas formais de DEI (diversidade, equidade e inclusão) e, já com Ellison ao leme, destacou-se por tomar posições públicas contra o que vê como “anti-Israel” em Hollywood. É um posicionamento que agrada à ala mais conservadora e se alinha com a relação próxima entre Larry Ellison e Donald Trump.

Trump, por sua vez, não tem escondido o entusiasmo pela fusão Skydance-Paramount e pelo novo tom editorial, sobretudo na área de informação da CBS News. O antigo presidente vê em David Ellison um aliado potencial também na disputa por outro gigante: a Warner Bros. Discovery, onde a Skydance concorre com a Comcast e a Netflix pela compra do estúdio.

Para o espectador comum, tudo isto pode parecer distante, mas tem consequências muito concretas: define que histórias chegam às salas, quem as conta e com que lentes políticas e culturais são filmadas.

Tom Cruise, Top Gun 3 e o futuro da montanha

Nenhuma análise à nova Paramount fica completa sem falar de Tom Cruise, talvez o actor que mais simboliza a ligação do estúdio à ideia clássica de “movie star”. A relação entre Cruise e David Ellison teve momentos tensos, nomeadamente quando o actor pediu dezenas de milhões extra para os novos Mission: Impossible e ouviu que teria de encontrar parte do financiamento por conta própria.

Ainda assim, Cruise quer pôr de pé Top Gun 3 e procura casa para uma ambiciosa aventura de desastre em alto mar com um orçamento na casa dos 200 milhões. Depois de visitas recentes aos novos escritórios da Paramount, tudo indica que a paz foi, pelo menos, estrategicamente selada. Se Ellison conseguir também concretizar o sonho de comprar a Warner Bros., estará em posição de redesenhar, quase sozinho, o mapa dos grandes estúdios.

E para nós, espectadores?

Do ponto de vista estritamente cinéfilo, a era Ellison na Paramount é um cocktail curioso: por um lado, promete grandes produções de acção, horror e comédia R-rated, pensadas para um público que quer “evento” e não necessariamente prestígio. Por outro, levanta questões sérias sobre quem volta a ter megafones na indústria, como se reescrevem as consequências após o #MeToo e que lugar sobra para cinema arriscado, minoritário ou formalmente mais ousado.

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Hollywood já passou por muitas fases e muitos “novos sheriffs”. A diferença, desta vez, é a mistura explosiva entre dinheiro de tecnologia, guerra cultural aberta e uma vontade quase missionária de provar que o público quer exactamente aquilo que o velho estúdio não se atrevia a dar-lhe. Se isso vai salvar a Paramount ou apenas transformá-la num parque temático de testosterona de luxo, é algo que vamos descobrir, bilhete de cinema na mão.

AnimaPIX 2025: A Ilha do Pico Voltou a Ser o Coração da Animação Portuguesa

A décima edição do AnimaPIX, o festival de animação realizado na ilha do Pico, nos Açores, encerrou mais um capítulo memorável — daqueles que deixam marca não só no panorama artístico nacional, mas também na alma de quem participa. Pequeno em escala, gigantesco em ambição, o festival reafirmou aquilo que já todos sabíamos: a animação portuguesa vive um momento de ouro, e o Pico continua a ser um dos seus palcos mais especiais.

Abi Feijó e Regina Pessoa: Quatro Décadas de Magia Animada

Os nomes maiores da animação portuguesa regressaram ao arquipélago, e o Pico recebeu-os como se recebe família.

Abi Feijó e Regina Pessoa, fundadores da Casa Museu de Vilar e mestres incontornáveis do cinema de animação, apresentaram uma retrospectiva de 40 anos de carreira. Ambos foram também jurados desta edição e receberam o MiratecArts Prémio Atlante, com Regina a acumular ainda um papel particularmente simbólico: o de madrinha do festival e ilustradora do cartaz que celebra a sua primeira década..

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Numa conversa à Rádio Pico, Abi Feijó sintetizou a magia do AnimaPIX:

“Quanto mais pequenino, mais facilmente se estabelecem laços. Aqui podemos usufruir do tempo, o que é muito bom.”

Regina Pessoa completou:

“É um privilégio voltar e aprofundar este laço.”

É difícil pensar numa definição mais perfeita para este festival que teima — orgulhosamente — em manter-se próximo, íntimo e humano.

Os Talentos que Estão a Moldar o Futuro da Animação Portuguesa

O público teve ainda oportunidade de ouvir e interagir com os vencedores do Prémio AnimaPIX, desde 2021 até 2025.

Pela primeira vez na ilha montanha, Alexandra RamiresAlice Eça GuimarãesJoão GonzalezLaura Gonçalves e Maria Trigo Teixeira apresentaram as suas curtas-metragens premiadas internacionalmente e partilharam reflexões sobre o processo criativo, a repercussão do cinema português lá fora e o futuro da animação.

A eles juntaram-se os cineastas António Alves e Cláudio Jordão, a professora Elsa Cerqueira e Fernando Galrito, director da MONSTRA — o maior festival de animação do país.

Um verdadeiro encontro intergeracional que reforçou o papel do Pico como ponto de encontro entre mestres, criadores emergentes e público curioso.

Um Festival Pequeno apenas no Nome

O director artístico e fundador do AnimaPIX, Terry Costa, não esconde o orgulho:

“Momentos incríveis com a melhor turma do sector que qualquer um poderia imaginar. Esperamos ter inspirado centenas de crianças, jovens e educadores, levando consigo lições para a vida.”

E há números que contam histórias.

Enquanto a MONSTRA exibe mais de 450 filmes, o AnimaPIX, fiel ao seu espírito, limita-se a 75. Não porque lhe faltem obras — mas porque a prioridade é outra: o impacto humano.

Terry Costa recorda ainda um feito impressionante:

“O melhor ano do festival trouxe 1400 pessoas à Biblioteca Auditório da Madalena — 10% da população da ilha.”

Para muitos, foi a primeira vez num centro cultural ou a primeira vez a ver cinema numa tela grande.

É essa democratização cultural — feita com carinho, persistência e visão — que transforma o AnimaPIX num evento verdadeiramente singular.

Um Festival para Crianças… e para a Criança em Todos Nós

Há quem pense que animação é território exclusivo do público infantil. O AnimaPIX insiste, todos os anos, em provar o contrário.

Como diz Terry Costa:

“O festival não é só para crianças, é para a criança em todos nós.”

E talvez seja essa a sua maior força: conseguir que profissionais consagrados, jovens criadores, famílias, educadores e curiosos vivam a mesma experiência, no mesmo espaço, com a mesma disponibilidade para aprender e maravilhar-se.

O Futuro Aponta para 2026

A próxima edição já está marcada:

📅 1 a 6 de dezembro de 2026

As submissões abrem a 1 de janeiro.

A parceria com a Câmara Municipal da Madalena e o apoio da Direção Regional da Cultura continuam a sustentar a visão da MiratecArts — uma visão que aposta na cultura como motor de comunidade, descoberta e crescimento.

E se esta década nos ensinou alguma coisa, é que o AnimaPIX não é apenas um festival.

É um lugar de encontro.

É um gesto de afecto pela arte.

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É uma celebração da imaginação — sempre de portas abertas para quem quiser entrar.

A Lista Surpreendente dos Filmes Preferidos de James Cameron — E o Que Revela Sobre o Rei das Bilheteiras

O autor de Titanic e Avatar continua a ser, acima de tudo, um cinéfilo voraz

James Cameron é talvez o cineasta mais identificado com superproduções gigantescas, tecnologias de ponta e mundos inteiros criados de raiz. Mas por detrás do realizador que quebrou recordes com Titanic, redefiniu a ficção científica com Terminator 2 e reinventou o cinema 3D com Avatar, está alguém que cresceu a ver filmes na televisão e que nunca perdeu o fascínio puro pelo acto de ver cinema.

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Ao longo das últimas décadas, Cameron foi partilhando, aqui e ali, os seus filmes favoritos — e o resultado é uma colecção tão ecléctica que parece saída da mente de um devorador compulsivo de géneros, épocas e sensibilidades. Do clássico absoluto The Wizard of Oz a prazeres assumidamente culpados como Resident Evil, passando por Kubrick, Spielberg, Coppola e até Borat, a lista diz-nos mais sobre Cameron do que qualquer entrevista longa.

O encanto eterno de um mundo para lá do arco-íris

Se há título que surge sempre que Cameron fala das suas referências, é The Wizard of Oz (1939). O realizador descreve-o como um filme que o acompanha desde a infância — e que continua a revisitar com a família.

A cena em que Dorothy abre a porta e sai do preto e branco para o Technicolor continua a emocioná-lo profundamente. Cameron vê ali um momento de génio cinematográfico absoluto: uma revelação visual capaz de derrubar fronteiras entre o real e o imaginado. Talvez não seja coincidência que o autor de Avatar tenha encontrado, décadas mais tarde, o seu próprio “momento de abrir a porta para outro mundo”.

Da ternura ao terror: a amplitude de um cinéfilo sem preconceitos

Pode surpreender que alguém associado a máquinas assassinas, naves militares e criaturas subaquáticas diga abertamente que Resident Evil é um dos seus prazeres cinematográficos. Mas Cameron não só admite, como celebra o filme de Paul W. S. Anderson e, em particular, o desempenho físico de Michelle Rodriguez — «uma criatura feroz», descreveu.

A admiração por Alien é já menos chocante: Ridley Scott influenciou directamente Cameron e, como o próprio reconhece, Aliens foi criado em espírito de fã — uma tentativa de honrar e expandir o trabalho do original sem o replicar. É raro ver um realizador do calibre de Cameron a assumir, com tanta humildade, a sua posição na linhagem de outro cineasta.

E depois há Wait Until Dark, thriller de 1967 com Audrey Hepburn, que lhe deixou uma das memórias mais intensas de sempre numa sala de cinema. Segundo conta, o susto provocado por Alan Arkin terá sido o maior sobressalto que testemunhou no grande ecrã — maior, até, do que Alien ou Psycho.

Uma colecção que revela mais do que parece

Entre clássicos indiscutíveis (The Godfather2001: A Space OdysseyTaxi Driver), blockbusters transformadores (Star WarsJaws), westerns icónicos (Butch Cassidy and the Sundance Kid) e comédias corrosivas (Borat), a lista de Cameron não segue qualquer lógica óbvia.

E é precisamente aí que reside a sua verdade: o realizador não procura coerência estética, narrativa ou formal. Procura impacto. Procura filmes que mexem consigo, seja através do assombro visual, da tensão, da irreverência ou pura genialidade técnica.

No fundo, Cameron pode ser o cineasta que nos trouxe alguns dos maiores espectáculos cinematográficos das últimas décadas, mas continua a ser, antes de mais, um espectador apaixonado — alguém que nunca deixou de olhar para o cinema como aquilo que sempre foi para si: um poço infinito de maravilhas, sustos, gargalhadas e descobertas.

Os 15 filmes preferidos de James Cameron

  • The Wizard of Oz (Victor Fleming, 1939)
  • Resident Evil (Paul W. S. Anderson, 2002)
  • Alien (Ridley Scott, 1979)
  • Close Encounters of the Third Kind (Steven Spielberg, 1976)
  • Jaws (Steven Spielberg, 1975)
  • Butch Cassidy and the Sundance Kid (George Roy Hill, 1969)
  • Wait Until Dark (Terence Young, 1967)
  • Borat (Larry Charles, 2006)
  • The Woman King (Gina Prince-Bythewood, 2022)
  • Star Wars: Episode IV – A New Hope (George Lucas, 1977)
  • Inception (Christopher Nolan, 2010)
  • Taxi Driver (Martin Scorsese, 1976)
  • The Godfather (Francis Ford Coppola, 1972)
  • 2001: A Space Odyssey (Stanley Kubrick, 1968)
  • Dr. Strangelove (Stanley Kubrick, 1964)

Porque É que Road to Perdition Continua a Ser Um dos Grandes Clássicos Esquecidos do Cinema?

Tom Hanks trouxe novamente Road to Perdition para a discussão pública — e fê-lo com uma dose de perplexidade. Numa conversa recente com o podcast ReelBlend, o actor confessou que não compreende porque motivo o filme, lançado em 2002, raramente é lembrado quando se fala dos grandes dramas criminais do cinema moderno. A observação não é descabida: apesar do elenco de luxo, da realização de Sam Mendes e da fotografia premiada de Conrad L. Hall, a obra continua a ser um daqueles títulos respeitados, mas pouco mencionados.

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Parte do fascínio de Road to Perdition reside no conjunto invulgar de talentos envolvidos. Hanks sublinhou, com razão, que o filme reúne dois actores que, à data, ainda estavam longe de ser os colossos que se tornariam mais tarde: Jude Law e Daniel Craig. Ambos oferecem interpretações que antecipam o alcance que as suas carreiras viriam a ter — Law no papel de um assassino com uma fisicalidade perturbadora, Craig como o impulsivo herdeiro de uma família criminosa. Hoje são nomes incontornáveis, mas o filme captou-os num momento raro, num ponto charneira das suas trajectórias.

Há ainda um elemento de peso histórico que distingue esta obra: Paul Newman assina aqui a sua última grande interpretação em cinema. O papel de John Rooney, chefe do crime organizado e figura paternal ambígua, valeu-lhe uma nomeação aos Óscares e permanece como um dos desempenhos mais discretamente poderosos da sua carreira. A relação entre a sua personagem e a de Tom Hanks funciona como o eixo emocional do filme, sustentando a narrativa com uma tensão contida e sem artifícios.

A realização de Sam Mendes também merece novo olhar. Depois do sucesso global de American Beauty, Mendes escolheu uma abordagem mais austera e silenciosa, menos dependente de diálogos e mais comprometida com a construção visual. O trabalho com Conrad L. Hall, que venceu o Óscar de Melhor Fotografia de forma póstuma, é central para a atmosfera do filme. A composição de cada plano, o uso da chuva, das sombras e da luz difusa conferem ao filme uma identidade estética que ainda hoje é estudada em escolas de cinema. A célebre sequência do tiroteio, filmada com pouquíssimas palavras, é frequentemente citada como exemplo de como a imagem pode carregar sozinha a carga dramática.

Curiosamente, Road to Perdition nasceu de uma novela gráfica. No início dos anos 2000, adaptações desse género não tinham o prestígio que alcançariam mais tarde, e isso talvez tenha contribuído para que o filme fosse recebido de forma mais discreta. Mas Mendes nunca tratou o material original como um pretexto para estilização. Pelo contrário: optou por uma leitura adulta, sóbria, mais próxima do cinema noir do que das convenções que hoje associamos às produções baseadas em banda desenhada.

A pergunta de Hanks — “Porque é que não falamos deste filme?” — merece reflexão. A verdade é que Road to Perditionestreou num ano particularmente competitivo e mediaticamente saturado, com títulos como Gangs of New YorkMinority Report ou The Two Towers a dominar a conversa. Além disso, é um filme que não procura aplausos fáceis. A sua força está na contenção, na relação entre pai e filho, na violência filmada com frieza documental e no peso moral das escolhas. Não é um thriller ruidoso; é uma tragédia íntima disfarçada de história de gangsters.

Com o passar dos anos, a obra ganhou densidade e reapreciação crítica, mas continua a carecer do reconhecimento mais amplo que merece. Hanks pode muito bem ter reaberto a porta para essa reavaliação. Road to Perdition não é apenas um capítulo importante na carreira de todos os envolvidos; é um filme que envelheceu com elegância e que diz mais ao público actual do que dizia em 2002.

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A verdade é simples: se há clássicos silenciosos que merecem regressar às conversas cinéfilas, este está no topo da lista. E Tom Hanks tem toda a razão em perguntar porque motivo deixámos de falar dele.

Road to Predition pode ser visto ou revisto no Prime Video,

Margot Robbie Responde às Críticas a Wuthering Heights: “Eu Percebo. Mas Esperem Para Ver.”

A adaptação de Wuthering Heights por Emerald Fennell ainda nem chegou às salas e já incendiou a internet — primeiro com o elenco, depois com o marketing sensual, e agora com as primeiras declarações de Margot Robbie, que protagoniza o filme ao lado de Jacob Elordi. A escolha de ambos agitou leitores, fãs de Brontë e puristas da literatura… mas Robbie mantém-se firme, confiante e até surpreendentemente compreensiva: “Eu percebo.”

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A atriz reconhece que parte da polémica nasce do simples facto de ninguém ter visto o filme ainda. Catherine Earnshaw, no romance de 1847, é uma jovem morena e adolescente. Robbie tem 35 anos, é loira e, no imaginário de muitos, demasiado distante da versão literária. Fennell deixa claro que a personagem foi envelhecida deliberadamente para o cinema, passando a situar-se no final dos vinte, início dos trinta — uma decisão estética e narrativa que acompanha muitas das liberdades criativas da realizadora.

A controvérsia em torno de Heathcliff, porém, foi ainda maior. Na obra original, ele é descrito como “escuro”, marginal, alguém visto como intruso pelo mundo social que o rodeia. A escolha de Jacob Elordi — um dos atores mais desejados do momento, vindo do sucesso de Saltburn — gerou ondas de indignação. Mas a verdade é que a adaptação nasceu precisamente da visão de Emerald Fennell ao vê-lo em cena: “Oh meu Deus… é o Heathcliff da capa do livro que tenho desde adolescente”.

Margot Robbie vai mais longe: “Ele é o Heathcliff. Confiem. Vão ficar satisfeitos.”

Para a actriz, Elordi não só honra a linhagem de gigantes que desempenharam o papel antes — Laurence Olivier, Richard Burton, Ralph Fiennes, Tom Hardy — como o eleva. Robbie arrisca até a comparação mais ousada da entrevista: “Acredito que ele é o Daniel Day-Lewis da nossa geração.”

No caso de Catherine, Fennell faz uma defesa apaixonada da escolha de Robbie, argumentando que a personagem exige uma força carismática extrema: alguém cruel, fascinante, sedutora e impossível de resistir — mesmo quando se comporta de forma imperdoável. “Cathy é uma estrela”, diz Fennell, explicando que a personagem precisava de alguém com “energia avassaladora”. E acrescenta, sem rodeios, que Robbie surge com aquilo que a realizadora descreve como “big dick energy”, uma presença dominadora que faz a câmara ceder ao seu magnetismo.

Se o elenco provocou polémica, o marketing elevou-a a níveis históricos. A primeira imagem divulgada mostrava um dedo na boca de Robbie, um gesto erótico que gerou debates, comentários e receios de que a adaptação fosse apenas um pastiche provocador. Mas, segundo a actriz, essa expectativa não corresponde exactamente ao que o público vai encontrar. “É um filme provocador, sim, mas acima de tudo é um romance épico. Um romance daqueles que já não se fazem.”Robbie invoca The Notebook e The English Patient como comparações possíveis: histórias maiores do que a vida, que arrancam reacções físicas ao espectador. É isso que ela acredita ser a verdadeira assinatura de Emerald Fennell — provocar visceralmente, seja com desejo, desconforto ou arrebatamento emocional.

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A nova visão de Wuthering Heights estreia já a 13 de Fevereiro, numa versão que promete dividir, desafiar e, acima de tudo, reimaginar um dos romances mais intensos da literatura. Entre polémicas e antecipação, uma coisa é certa: Emerald Fennell e Margot Robbie não vieram para replicar o clássico — vieram para incendiá-lo de novo.

O Regresso da Comédia Paródia com Fackham Hall: A Satira a “Downton Abbey” Está Marcada — Mas Portugal e Brasil Ainda Esperam a Data

Em pleno dezembro de 2025, o cinema parece querer recuperar um dos géneros mais injustiçados da Hollywood recente — a comédia paródia. Depois da reacção positiva ao reboot de The Naked Gun, chega agora Fackham Hall, uma sátira britânica que transforma palácios e aristocracia em palco de escândalo, romance e humor absurdo. O filme está marcado para estrear nos Estados Unidos em 5 de dezembro, mas — atenção — ainda não há confirmação oficial de data para os mercados de Portugal ou Brasil.  

🎭 Por que Fackham Hall pode marcar o regresso das comédias de paródia

Fackham Hall junta o espírito de clássicos da comédia de paródia — pense em Airplane! ou Monty Python — com o luxo e a pompa dos dramas de época como Downton Abbey e Gosford Park. A premissa mistura uma trama de casamento aristocrático, segredos de família, romance proibido e até um assassinato misterioso — tudo isso transformado numa máquina de piadas, trocadilhos e humor irreverente.  

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O elenco não podia ser mais apetecível: nomes como Tom Felton (sim — o Draco Malfoy de Harry Potter), Damian Lewis, Thomasin McKenzie, Katherine Waterston, Ben Radcliffe e outros trazem credibilidade, charme e, sobretudo, compromisso com o exagero e o absurdo da sátira.  

O trailer já quebrou recordes de visualizações da distribuidora norte-americana, o que sugere que há uma fome real por comédia fora do molde dos blockbusters tradicionais — humor rápido, irreverente, descaradamente exagerado, e sobretudo auto-consciente da própria cultura cinematográfica.  

🎬 Ok, mas e Portugal e Brasil?

Apesar do entusiasmo global, a versão para o público lusófono ainda está envolta em nevoeiro. Fontes de programação portuguesas referem o dia 5 de dezembro como data prevista, mas não confirmam salas ou distribuidora, e sites especializados alertam que não há data oficial para Portugal ou Brasil.  

Isto significa duas coisas:

  • A estreia por cá pode atrasar face aos EUA — portanto, se planeias ir ao cinema, convém verificar os catálogos locais.
  • A expectativa está aberta: se o filme tiver boa recepção, poderá transformar-se num fenómeno de culto — algo que as comédias de paródia raramente conseguem nos últimos anos.

✅ Vale a pena manter os olhos postos em Fackham Hall

Se és fã de humor absurdo, sátira social e aquele riso que vem da ironia, Fackham Hall promete entrar directo para a lista dos filmes mais divertidos do fim de ano. A sua fusão de pompa aristocrática com ridículo intencional pode ser exatamente aquilo de que o cinema precisa para reacender o amor por comédias inteligentes e irreverentes — com sangue real ou de aristocratas, mas sempre com gargalhadas garantidas.

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Para já, a data segura continua a ser 5 de dezembro — nos EUA. Para Portugal e Brasil, resta aguardar confirmação. Mas um conselho: fica de olho nas programações dos cinemas — e prepara o riso.

Detroit Celebra o Seu Novo Guardião: A Estátua de RoboCop Encontra Lar Definitivo Após 15 Anos de Uma Saga Digna de Cinema

Demorou década e meia, campanhas de crowdfunding, polémicas locais, recusas institucionais, uma pandemia e muita teimosia — mas, finalmente, Detroit tem o seu RoboCop. A icónica personagem do clássico de 1987 ganhou esta semana uma casa permanente na cidade que o filme retratou como um campo de batalha urbano onde só um ciborgue policial conseguiria impor ordem. E os fãs não podiam estar mais felizes.

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A estátua, em bronze, mede 3,3 metros de altura, pesa 1.587 quilos e está agora instalada no exterior da produtora FREE AGE, no distrito Eastern Market. Mesmo com neve, escuridão e vento gelado, moradores e curiosos deslocaram-se ao local para ver de perto o símbolo renascido da cultura pop. Um guardião metálico finalmente de pé — e desta vez sem ordens da OCP.

De piada no Twitter a fenómeno mundial

A história deste monstro de bronze começa em 2010, quando um utilizador no Twitter sugeriu ao então presidente da câmara, Dave Bing, que Detroit precisava de um embaixador tão icónico quanto Filadélfia tem Rocky Balboa. A resposta foi um seco “não há planos para isso”. E, como tantas vezes acontece, foi precisamente essa negativa que inspirou uma multidão: fãs uniram-se e lançaram, em 2012, uma campanha no Kickstarter que arrecadou 67 mil dólares com mais de 2.700 apoiantes de vários países.

O escultor Giorgio Gikas concluiu a peça em 2017, mas o caminho estava longe de terminado. O Museu de Ciência de Michigan recuou em 2021 devido a restrições internas, e até uma cidade no Wisconsin — terra natal de Peter Weller, o actor por trás da personagem — ofereceu asilo à escultura. Um ícone em busca de morada, carregado em caixas, longe de qualquer reconhecimento público. Uma ironia que caberia perfeitamente no universo satírico e distópico do filme original.

Detroit mudou — e RoboCop regressa como símbolo de esperança

Durante anos, a cidade hesitou em associar-se a uma obra que, nos anos 80, ajudou a cristalizar a imagem de uma Detroit violenta, abandonada e dominada pelo crime. Mas a realidade evoluiu. As taxas de homicídio caíram para níveis abaixo dos anos 60, os índices de criminalidade diminuíram e Detroit renasceu culturalmente. Hoje, RoboCop já não é visto como um lembrete da decadência — é um artefacto de nostalgia, resiliência e reinvenção.

Jim Toscano, co-proprietário da FREE AGE, admitiu que pensou inicialmente tratar-se de uma brincadeira quando foi contactado para acolher a estátua. Mas percebeu rapidamente que se tratava de um gesto simbólico demasiado único para recusar. O entusiasmo do público tem-lhe dado razão: fãs tiram fotografias, partilham memórias e reconhecem o poder da personagem como um farol de ficção que marcou gerações.

“Eu sou dono disto”: o orgulho dos fãs

Entre os visitantes que já peregrinaram até à escultura encontra-se James Campbell, um dos contribuintes do Kickstarter. Doou 100 dólares em 2012 e faz questão de reivindicar a sua percentagem simbólica: “sou proprietário de 0,038% desta estátua”, brinca, enquanto admira a figura colossal. Para ele, RoboCop não é apenas uma referência cinematográfica; é uma representação clara do imaginário colectivo da cidade: “No filme, ele está lá para salvar Detroit. É um símbolo de esperança.”

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E, olhando agora para a imponente silhueta de RoboCop, fixa e solene sob o céu gelado de Detroit, é difícil discordar. Não é apenas um pedaço de bronze — é um testemunho da capacidade dos fãs, uma celebração de cultura pop e uma prova de que até uma piada nas redes sociais pode, com o tempo e uma comunidade apaixonada, transformar-se em património urbano.

No final, talvez a frase escolhida por Toscano resuma tudo:

“Obrigado pela sua cooperação.”

Josh Hutcherson Revela: Five Nights at Freddy’s 2 É “Muito Mais Assustador”

Os animatrónicos assassinos estão de volta — e, desta vez, chegaram em plena época natalícia. Five Nights at Freddy’s 2, a sequela do fenómeno global de 2023 inspirado na saga de videojogos de Scott Cawthon, estreou ontem em Portugal e chega hoje aos cinemas no Brasil, numa jogada de contraprogramação que já está a despertar curiosidade. Terror em dezembro? Josh Hutcherson diz que faz todo o sentido.

O actor, que regressa como Mike Schmidt, brincou durante a antestreia em Los Angeles: “É basicamente The Santa Clause… só que com animatrónicos possuídos.” O humor esconde uma verdade: lançar um filme de terror às portas do Natal é arriscado, mas o primeiro capítulo foi tão bem-sucedido no box office — mesmo com estreia simultânea em streaming — que a equipa acredita plenamente no entusiasmo dos fãs. Matthew Lillard, que também regressa, sublinha isso mesmo: “Hollywood não percebeu totalmente o poder desta fanbase. Mesmo com todas as limitações promocionais, o primeiro filme explodiu.”

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Se havia um pedido claro por parte do público, era este: tornem a sequela mais assustadora. A realizadora Emma Tammi ouviu — e cumpriu. “Os fãs disseram que queriam mais sustos, mais intensidade. Demos isso. Amplificámos tudo”, afirma. Hutcherson concorda: “Gosto do primeiro filme, mas admito que não era tão assustador quanto poderia ter sido. Desta vez, subimos a fasquia.”

A ambição não termina aqui. Tammi confirma que o plano é transformar Five Nights at Freddy’s numa trilogia, caso o público responda bem. “Estamos prontíssimos para continuar”, diz. Lillard vai ainda mais longe: “Com este lançamento maior, esperamos um box office que justifique rapidamente o terceiro filme.”

A estreia em dezembro não é apenas provocadora — é estratégica. Com as salas ocupadas por filmes natalícios e blockbusters familiares, Freddy’s surge como alternativa perfeita para quem prefere adrenalina à doçura. E, tendo em conta o fenómeno viral que o primeiro filme gerou, a decisão pode revelar-se certeira. O espírito de Natal continua nas ruas, mas no cinema… as luzes piscam de outra maneira.

Five Nights at Freddy’s 2 promete animatrónicos mais agressivos, atmosfera mais densa, tensão mais constante e uma exploração emocional mais profunda das personagens — sobretudo do Mike de Hutcherson. O actor, que se tem reinventado no género de terror, parece completamente alinhado com esta nova fase da saga: “Às vezes ouvir os fãs para fazer uma sequela pode ser perigoso, mas aqui foi claro. Todos queríamos mais terror.”

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Portugal já recebeu a sequela — os animatrónicos começaram a celebrar o Natal mais cedo. No Brasil, a festa (ou o pesadelo) começa hoje. Para uma franquia construída sobre sustos, nostalgia e histeria colectiva, poucas datas podiam ser mais apropriadas do que esta temporada onde todos esperam ternura… e recebem dentes afiados.

Que comece a noite.

Matt Reeves Sai em Defesa de Paul Dano Após Críticas de Quentin Tarantino: “É um Actor Incrível”

Hollywood adora um bom debate, mas poucos geram tanta chama como quando Quentin Tarantino decide dar a sua opinião. Após o realizador de Pulp Fiction ter descrito Paul Dano como “weak sauce” — uma crítica particularmente dura ao desempenho do actor em There Will Be Blood — surgiram várias respostas. A mais contundente veio de quem conhece Dano de muito perto: Matt Reeves, realizador de The Batman.

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Reeves, que dirigiu Dano no papel perturbador de Edward Nashton/The Riddler na adaptação de 2022, não deixou o comentário passar em silêncio. Num post directo publicado no X, o cineasta escreveu:

“Paul Dano é um actor incrível, e uma pessoa incrível.”

Uma frase curta, mas cirúrgica — e que diz tudo sobre o respeito e admiração que Reeves sente pelo ator.

A defesa surge dias depois da participação de Tarantino no The Bret Easton Ellis Podcast, onde o cineasta classificou There Will Be Blood como o quinto melhor filme do século XXI, mas afirmou que o filme de Paul Thomas Anderson teria hipóteses de ocupar o primeiro lugar “se não tivesse um enorme defeito”. O tal “defeito”, segundo Tarantino, era precisamente Paul Dano. Para o realizador, o duelo interpretativo entre Dano e Daniel Day-Lewis não estaria equilibrado e isso prejudicaria a força dramática da obra.

Mas a crítica não ficou por aí: Tarantino referiu que Dano não entrega um desempenho terrível, mas sim um que considera “não-ente”, e acrescentou ainda que simplesmente “não gosta dele”. Colocou-o até no mesmo saco de actores de que também não aprecia o trabalho, como Owen Wilson e Matthew Lillard.

As declarações não passaram despercebidas — especialmente porque Paul Dano é amplamente considerado um dos actores mais consistentes e versáteis da sua geração. Basta recordar a sua presença em The BatmanPrisonersLittle Miss SunshineSwiss Army ManThe Fabelmans ou Okja. Não são poucos os realizadores de topo que o têm escolhido repetidamente: Steven Spielberg, Denis Villeneuve, Bong Joon-ho, Kelly Reichardt, Paul Thomas Anderson… e, claro, Matt Reeves.

A resposta do realizador de The Batman funciona também como uma revalorização pública do actor num momento em que a conversa — disparada por Tarantino — ganhava contornos de injustiça. Dano foi amplamente elogiado pela crítica e pelos espectadores pelo seu trabalho em There Will Be Blood, incluindo uma nomeação ao BAFTA, e tornou-se desde então um intérprete desejado por cineastas com visões fortes e estilos muito distintos.

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Curiosamente, Matt Reeves prepara-se agora para iniciar rodagem de The Batman Part II, ao lado de Robert Pattinson — e, como já revelado, com Scarlett Johansson a juntar-se ao elenco num papel ainda guardado em segredo. Se Paul Dano regressará ou não como Riddler permanece incerto, mas uma coisa ficou clara nesta troca pública: Reeves está pronto a defender os seus actores com a mesma intensidade com que filma as sombras de Gotham.

O Negócio do Século: Netflix Compra a Warner Bros. e HBO Max por 82,7 Mil Milhões — e o Mundo do Cinema Nunca Mais Será o Mesmo

A indústria já teve dias turbulentos, mas poucos momentos se comparam ao terramoto anunciado esta sexta-feira: a Netflix vai comprar a Warner Bros. — incluindo os lendários estúdios de cinema, a divisão de televisão, a HBO e a plataforma HBO Max — num acordo avaliado em 82,7 mil milhões de dólares. O negócio, aprovado por ambas as administrações, coloca o maior serviço de streaming do planeta à frente de um império de mais de um século de história. É difícil encontrar um precedente. E, se o futuro da Warner Bros. Discovery já era tema de especulação há meses, este capítulo ultrapassa até os cenários mais ousados.

O acordo surge no rescaldo de uma batalha feroz com outros gigantes: a Paramount Skydance de David Ellison e a Comcast também apresentaram propostas, mas a Netflix acabou por conquistar a exclusividade das negociações — e agora a vitória. O negócio, que envolve tanto dinheiro quanto sensibilidade política, só deverá fechar dentro de 12 a 18 meses, depois de concluída a cisão da divisão de TV da WBD, Discovery Global, marcada para o terceiro trimestre de 2026. Mas a mudança já começou.

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Netflix ganha um estúdio de 100 anos — e um catálogo que reescreve o jogo

É um momento paradigmático: pela primeira vez, um serviço de streaming compra um estúdio centenário com legado cinematográfico, biblioteca monumental e impacto cultural incontornável. Falamos da casa de CasablancaCitizen KaneThe Wizard of OzHarry PotterO Senhor dos AnéisThe SopranosGame of ThronesFriendsDC Comics, entre tantos outros. Estes títulos passam agora a integrar o ecossistema Netflix, numa jogada que transforma profundamente o catálogo da empresa — e a torna, em termos de biblioteca, tão poderosa quanto os grandes estúdios tradicionais.

Ted Sarandos fez questão de sublinhar que a Netflix não quer acabar com nada do que a Warner construiu: “Ao juntar este legado extraordinário aos nossos títulos globais, podemos entreter o mundo ainda melhor”, declarou. A mensagem é clara: a Netflix quer crescer, mas também legitimar-se como guardiã da história do cinema.

Greg Peters, co-CEO, reforça essa ideia, garantindo que a operação da Warner Bros. continuará tal como existe hoje e que o cinema continuará a estrear nas salas. Percebe-se a intenção: evitar receios de que a fusão pudesse transformar um estúdio histórico num mero gerador de conteúdos para streaming.

HBO Max continua — e HBO entra na Netflix (sim, isto vai acontecer)

Num dos detalhes mais surpreendentes, a Netflix confirmou que HBO Max continua como plataforma independente no imediato. Mas simultaneamente elogiou a chegada do catálogo HBO ao seu próprio serviço — algo que parecia impensável há poucos anos. A batalha das plataformas dá assim uma reviravolta inesperada: o streaming que se construiu com séries como House of Cards e Stranger Things será agora também a casa de SopranosA Guerra dos TronosSuccessionTrue Detective e companhia.

É a fusão simbólica de duas filosofias: o algoritmo global da Netflix e o prestígio autoral da HBO.

Que futuro espera David Zaslav?

Silêncio absoluto. O anúncio não refere se Zaslav terá qualquer função após o fecho do negócio. É um detalhe significativo, especialmente tendo em conta que ele estava posicionado para liderar a versão “independente” da Warner Bros., após a separação com o Discovery Global. A ausência de claridade parece indicar que o futuro da liderança executiva será redesenhado — talvez profundamente.

As poupanças, a ironia histórica e o elefante na sala

O negócio prevê 2 a 3 mil milhões em poupanças anuais dentro de três anos. É o tipo de número que assinala reestruturação séria, fusão de equipas e cortes — inevitáveis numa operação desta escala.

Há também um toque de ironia irresistível: quase quinze anos depois de o CEO da Time Warner ter descrito a Netflix como “o exército albanês” — uma força minúscula e inofensiva que nunca poderia conquistar Hollywood —, eis que a Netflix compra o castelo inteiro.

Um antes e um depois para a indústria

O impacto disto será gigante. As salas de cinema, o streaming, os direitos internacionais, a produção independente, a força dos sindicatos, os modelos de negócio futuros — tudo muda com esta operação. E muda porque a Netflix deixa de ser “apenas” o maior serviço de streaming: torna-se dona de um dos pilares da história do cinema moderno.

E há ainda outra consequência inevitável: a pressão sobre Disney, Amazon e Apple aumenta de forma esmagadora. Se a Netflix já era dominante, agora torna-se praticamente incontornável.

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O que significa tudo isto para os espectadores?

Significa que o catálogo Netflix vai transformar-se radicalmente. Que a HBO pode ganhar uma segunda vida global. Que a Warner Bros. terá estabilidade financeira pela primeira vez em anos. E que, goste-se ou não, estamos a assistir ao nascimento de um novo colosso audiovisual que pode definir a próxima década do entretenimento.

A pergunta agora é só uma: o que vem a seguir?

“Spartacus: Casa de Ashur” — Roma Veste-se de Sangue e Ambição no Regresso da Saga ao TVCine

A arena volta a abrir-se e, desta vez, o olhar não está posto no herói que desafiou um império, mas no sobrevivente que aprendeu a prosperar nas sombras. Spartacus: Casa de Ashur T1 estreia dia 10 de dezembro, às 22h10, no TVCine Edition e TVCine+, trazendo de volta o universo brutal, político e sedutor que marcou uma das séries mais influentes da última década.

Este novo capítulo parte de uma premissa ousada: e se Ashur tivesse sobrevivido aos eventos da série original? E mais — e se o escravo que um dia rastejou por migalhas fosse agora senhor de um ludus, dono do mesmo espaço que o prendeu, humilhou e moldou? É a partir desta inversão que a série constrói a sua narrativa, mergulhando numa Roma onde a ascensão é tão improvável quanto perigosa, e onde cada gesto pode significar glória… ou morte.

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Ashur no topo? A ascensão mais inesperada de Roma

Ashur sempre foi uma das figuras mais complexas e ambíguas do universo Spartacus: manipulador, sobrevivente nato, inteligente o suficiente para perceber que a força bruta raramente supera a astúcia.

Agora, livre da escravidão e recompensado pelos romanos, ele recebe um prêmio envenenado: o controlo da escola de gladiadores que um dia o escravizou. Entre dívidas emocionais, fantasmas do passado e um poder recém-conquistado, Ashur tenta provar que também ele pode comandar um império — mesmo que seja um império de arena.

Ao seu lado surge uma gladiadora feroz, uma combatente que desafia o lugar da mulher no violento entretenimento romano e que, através da sua presença, agita os alicerces sociais de uma cultura construída sobre hierarquia e sangue. A relação tensa e magnética entre ambos acrescenta um novo pulso emocional à série, colocando paixão, rivalidade e lealdade em jogo.

Um novo espetáculo para um império sedento de sangue

Ashur não quer apenas sobreviver — quer redefinir o que um ludus pode ser. Através de um novo tipo de espetáculo, mais ousado e sensorial, desafia tradições antigas e afronta directamente as elites romanas, sempre desconfiadas de quem sobe rápido demais.

Esse atrevimento tem consequências: conspirações políticas, alianças frágeis e inimigos poderosos começam a formar-se à sua volta, preparando um tabuleiro onde cada jogada pode custar-lhe tudo aquilo que conquistou.

O tom é de tensão constante, misturando o ADN de Spartacus — violência coreografada, sensualidade, intriga e ambição — com um olhar renovado sobre o poder e os seus custos.

O regresso de um universo brutal — com o selo de Steven S. DeKnight

Com produção executiva de Steven S. DeKnight, criador do franchise original, Casa de Ashur mantém a estética crua e estilizada que tornou a série um fenómeno. A realização fica a cargo de Rick Jacobson e Robyn Grace, que abraçam o desafio de expandir um mundo já profundamente amado e exigente em termos de tom e atmosfera.

O elenco inclui o regressado Nick E. Tarabay como Ashur, acompanhado por Graham McTavishTenika DavisJamaica Vaughan e Ivana Baquero, numa mistura entre rostos familiares e novos gladiadores prontos para entrar em combate.

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Uma estreia imperdível — e uma viagem de regresso às origens

O primeiro episódio de Spartacus: Casa de Ashur T1 chega ao TVCine no dia 10 de dezembro, com novos capítulos todas as quartas-feiras. Para quem quiser redescobrir a saga que marcou uma geração, as séries anteriores de Spartacusestão também disponíveis nos canais TVCine—uma oportunidade perfeita para revisitar batalhas lendárias e personagens que deixaram cicatrizes profundas na história da televisão.

Médico que Forneceu Ketamina a Matthew Perry Condenado a Dois Anos e Meio de Prisão

A morte de Matthew Perry, em outubro de 2023, continua a gerar repercussões judiciais — e emocionais. O primeiro dos cinco arguidos ligados ao fornecimento ilegal de ketamina ao actor foi agora condenado. Trata-se do médico Salvador Plasencia, de 44 anos, que admitiu ter distribuído a substância ao actor nas semanas que antecederam a tragédia. A sentença: dois anos e meio de prisão, além de dois anos de liberdade condicional.

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A juíza Sherilyn Peace Garnett não poupou palavras durante a leitura da sentença, afirmando que Plasencia e os restantes envolvidos “ajudaram Perry a seguir caminho para aquele desfecho ao continuarem a alimentar a sua dependência”. O médico, em lágrimas, pediu desculpa à família do actor e reconheceu a gravidade da sua conduta, descrevendo-a como “o maior erro” da sua vida. “Eu devia tê-lo protegido”, disse, antes de ser levado da sala algemado, sob o pranto da própria mãe.

Segundo o processo, Perry estava a receber ketamina legalmente como tratamento para depressão, mas procurou obter mais doses de forma não supervisionada. Plasencia não forneceu a dose que causou a morte do actor, mas foi responsável por várias entregas anteriores, cobradas sob o argumento de que Perry estaria disposto a pagar “milhares em dinheiro vivo”, como revelam mensagens trocadas entre os envolvidos.

A família do actor — incluindo a mãe, Suzanne Perry, o padrasto Keith Morrison, o pai John e a meia-irmã Madeleine — marcou presença e apresentou declarações duríssimas. Suzanne descreveu os responsáveis como “chacais” e confrontou directamente Plasencia pela mensagem em que este chamou Perry de “moron”. “Não há nada de imbecil naquele homem,” afirmou, sob emoção. A família insistiu que o médico não cometeu “um erro isolado”, mas sim uma série de decisões conscientes que ignoravam o histórico público de dependência do actor, numa procura egoísta por lucro.

Outros quatro arguidos no caso — a traficante Jasveen Sangha (“Ketamine Queen”), o assistente de Perry, Kenneth Iwamasa, e os médicos Mark Chavez e Erik Fleming — aceitaram acordos de culpa e aguardam sentença nos próximos meses.

Matthew Perry lutou contra dependências ao longo de décadas, tendo falado abertamente sobre o assunto no livro Friends, Lovers and the Big Terrible Thing. A sua morte, aos 54 anos, deixou fãs e colegas devastados. Perry tornou-se um ícone mundial como Chandler Bing em Friends, série que protagonizou durante dez temporadas e que continua a ser vista diariamente por milhões de pessoas em todo o mundo.

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No tribunal, Madeleine Morrison, meia-irmã do actor, resumiu a perda num frase simples, mas devastadora:

“O mundo chora o meu irmão. Ele era o amigo favorito de toda a gente.”

“Acorda, Defunto: Um Mistério Knives Out” Falha nas Bilheteiras — O Pior Arranque da Saga Antes da Estreia na Netflix

A Netflix volta a enfrentar um dilema já familiar: filmes concebidos para o streaming conseguem gerar entusiasmo real nas salas de cinema?

No caso de “Acorda, Defunto: Um Mistério Knives Out”, a resposta — pelo menos por agora — parece ser um sonoro não.

O terceiro capítulo da saga criada por Rian Johnson, protagonizada pelo detective Benoit Blanc, estreia no streaming a 12 de dezembro, mas recebeu antes uma exibição limitada nos Estados Unidos e noutros mercados. E os resultados ficaram muito aquém das expectativas: apenas 4 milhões de dólares nos primeiros cinco dias.

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Este número representa o pior desempenho inicial da trilogia, e coloca em evidência o desafio contínuo da Netflix em transformar o interesse online em receita de bilheteira.

Um contraste gritante com os filmes anteriores

Quando Knives Out estreou em 2019, arrecadou 313 milhões de dólares globalmente e gerou mais de 13 milhões nos primeiros cinco dias — um arranque forte que comprovou o apetite do público por mistérios modernos à moda de Agatha Christie.

O segundo filme, lançado já sob o acordo milionário da Netflix, obteve 15 milhões no mesmo período, mesmo com uma janela de exibição curta antes de chegar ao streaming.

Agora, com “Acorda, Defunto”, a quebra é evidente: menos de um terço dos números do segundo capítulo. A estratégia híbrida — limitar o lançamento nos cinemas enquanto se prepara o impacto principal no streaming — pode estar a perder eficácia, sobretudo porque o público sabe que a espera até à estreia digital é mínima.

Acordo com a Netflix: uma bênção ou um obstáculo?

O acordo que garantiu à Netflix os direitos do segundo e terceiro filmes trouxe prestígio para a plataforma e assegurou a continuidade da saga. Mas também levantou questões importantes.

Será que o público está disposto a pagar bilhete para ver algo que estará disponível em casa numa questão de dias?

E até que ponto a curta janela teatral afeta a percepção de exclusividade ou urgência?

No caso de Acorda, Defunto, a resposta parece clara. A expectativa existe — mas o incentivo para ir ao cinema, não.

E o que significa isto para o futuro de Benoit Blanc?

Rian Johnson continua a trabalhar dentro da fórmula que tornou Knives Out um sucesso crítico e comercial: humor afiado, sátira social, elenco de luxo e reviravoltas construídas ao detalhe. O fraco desempenho nas bilheteiras não reflecte necessariamente falta de interesse pelo filme, mas sim uma mudança na forma como o público interage com títulos associados directamente ao streaming.

A verdadeira prova será quando o filme estrear na Netflix, onde a saga tem um público global e devoto. É aí que Acorda, Defunto terá oportunidade de mostrar o seu valor — longe das comparações box office que já não fazem sentido no novo ecossistema da plataforma.

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Se Benoit Blanc perdeu nos cinemas, pode muito bem vencer nos salões de casa.

“Back to Black”: A Vida, a Dor e o Génio de Amy Winehouse Chegam ao TVCine

Há artistas cuja voz não pertence apenas ao seu tempo — pertence ao mundo. Amy Winehouse foi uma dessas figuras irrepetíveis, dona de uma expressão musical que misturava vulnerabilidade, irreverência e uma intensidade emocional impossível de imitar. Agora, a sua história volta a ganhar vida no biopic Back to Black, que o TVCine Top estreia a 7 de dezembro, às 21h15, numa sessão que promete emocionar fãs e curiosos.

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Realizado por Sam Taylor-Johnson, o filme traça a viagem completa da artista: dos primeiros anos em Camden, onde o talento desabrochava ao ritmo dos bares e das ruas londrinas, à tempestade global provocada pelo álbum que lhe deu nome e que moldou uma geração inteira. Back to Black não se limita a revisitar canções — reconstrói o percurso humano por detrás da lenda, expondo a ascensão meteórica, o brilho raro e as sombras profundas que acompanharam Amy Winehouse ao longo da vida.

O nascimento de uma estrela — e de uma ferida aberta

O filme segue Amy nos tempos em que era apenas uma jovem com uma voz inconfundível e uma determinação feroz. Em Londres, é retratada a ambição crua, o humor, o talento natural e aquela melancolia que, mesmo antes da fama, parecia já morar dentro dela. O lançamento de Back to Black transforma-a numa superestrela mundial e rende-lhe cinco Grammys, mas também marca o início de uma pressão que ninguém — muito menos alguém tão sensível — consegue suportar sem consequências.

A narrativa não foge aos episódios trágicos da sua vida: dependências, instabilidade emocional, exposição mediática feroz e a relação turbulenta com Blake Fielder-Civil. O filme retrata o contraste entre uma artista de génio e uma mulher profundamente vulnerável, esmagada por forças muito maiores do que ela.

Marisa Abela dá corpo e alma a Amy

No papel de Winehouse está Marisa Abela, cuja transformação física e emocional impressionou crítica e público, culminando numa nomeação para o BAFTA Rising Star Award. A actriz não tenta imitar Amy; tenta compreendê-la. E é essa abordagem — íntima, ferida, confessional — que dá força ao filme. A sua performance não reencena apenas uma carreira; tenta chegar ao coração de alguém cuja vida foi tragicamente curta, mas artisticamente fulgurante.

Uma homenagem moldada pela música

A banda sonora, assinada por Nick Cave e Warren Ellis, acrescenta profundidade emocional à história. O trabalho dos dois músicos, habituados a compor para narrativas sombrias e íntimas, encaixa na perfeição com o universo Winehouse. É música que amplifica feridas e memórias, que ressoa como cicatriz, que honra o legado sem o suavizar.

Uma história que continua a doer — e a encantar

Amy Winehouse morreu em 2011, aos 27 anos, deixando para trás um legado esmagador e uma ausência que continua a ser sentida. Back to Black assume plenamente essa dualidade: é uma celebração da sua arte e um luto pela sua perda. É um filme que procura compreender, mais do que justificar; recordar, mais do que reescrever.

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Para quem amou Amy, para quem apenas a descobriu depois, para quem reconhece no cinema um lugar onde vidas reais podem ser revisitadas com emoção e respeito, Back to Black é uma estreia obrigatória.

A não perder: domingo, 7 de dezembro, às 21h15, no TVCine Top e TVCine+.