De Han Solo a Indiana Jones, o ator teve o toque de Midas. Mas foi só talento — ou a sorte também teve uma palavra a dizer?
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Quando Star Wars chegou aos cinemas em 1977, apresentou ao mundo três protagonistas com potencial de ícones: Harrison Ford, Carrie Fisher e Mark Hamill. Todos carismáticos, todos jovens, todos de repente transformados em estrelas planetárias. No entanto, ao longo das décadas, apenas um deles se tornou verdadeiramente um astro de primeira grandeza em Hollywood.
A pergunta impõe-se: porque é que Harrison Ford se tornou uma lenda de bilheteira, enquanto os seus colegas de galáxia seguiram percursos bem mais discretos?
Uma questão de alcance… ou de mercado?
É verdade que Ford nunca foi conhecido pela versatilidade extrema. Mas também é verdade que Hollywood adora um certo tipo de protagonista: determinado, pragmático, de queixo cerrado e olhar sarcástico. Ford encaixou perfeitamente nesse arquétipo. Hamill, mais teatral, mais introspectivo, e Fisher, mais associada à comédia e ao seu estilo ácido, não se ajustaram tão facilmente ao molde do “herói tradicional”.
O efeito Raiders of the Lost Ark
Enquanto Hamill apostava em filmes pouco memoráveis (The Night the Lights Went Out in Georgia, Slipstream) e Fisher se debatia com problemas de saúde e dependências, Ford cavalgava directamente para outra saga: Indiana Jones. Raiders of the Lost Ark (1981) não foi só um sucesso — foi um fenómeno que selou Ford como o herói da década. E quando ainda por cima se torna Jack Ryan… o resto é história.
Três sagas, três trunfos
A maioria dos atores tem sorte se participar numa saga de sucesso. Ford teve três: Star Wars, Indiana Jones e Jack Ryan. Isso deu-lhe uma estabilidade comercial que poucos conseguiram igualar. Quando um projeto falhava (como The Mosquito Coast), havia sempre um novo Indy a caminho para o salvar.
Fisher e Hamill: talento… mas menos oportunidades
Carrie Fisher era uma excelente argumentista, com um humor mordaz e uma inteligência afiada — mas Hollywood dos anos 80 não era o lugar mais acolhedor para uma mulher com opinião, problemas de saúde mental e vícios assumidos. Fisher lutou — e até escreveu sobre isso — mas perdeu papéis e oportunidades por não se encaixar na imagem da “boa estrela”.
Mark Hamill, por seu lado, teve uma carreira de sucesso nos bastidores — a sua interpretação do Joker nas animações da DC é lendária — mas o cinema em imagem real nunca mais o acolheu como protagonista. E em Hollywood, quem não lidera bilheteiras, desaparece rapidamente dos radares.
O Factor Sorte (e Tom Selleck)
Sim, houve talento. Mas também houve uma dose cavalar de sorte. Tom Selleck rejeitou o papel de Indiana Jones. Alec Baldwin abandonou a saga Jack Ryan. Star Wars foi um sucesso improvável. E mesmo quando Ford recusou filmes como Syriana ou Traffic, a sua carreira não sofreu.
Ford é, de certa forma, o Forrest Gump dos astros de Hollywood — sempre no sítio certo, à hora certa, com o sorriso certo.
Conclusão: a galáxia é injusta?
A pergunta do título não é simpática — nem totalmente justa. Hamill e Fisher não “desapareceram”. Ambos tiveram impacto, ambos deixaram legado. Mas Ford soube — ou teve oportunidade de — construir uma carreira paralela ao fenómeno Star Wars.
E talvez a verdadeira resposta seja esta: em Hollywood, o talento ajuda. Mas o timing, a sorte e a imagem contam… ainda mais.
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