Produtor americano detido por suspeita de duplo homicídio em Roma: caso levanta suspeitas sobre créditos fiscais e identidade falsa

Francis Charles Kaufmann, que usava os pseudónimos Rexal Ford e Matteo Capozzi, é acusado de matar a companheira e a filha de 11 meses.

Um produtor e realizador norte-americano foi detido pelas autoridades gregas na ilha de Skiathos a 7 de junho, na sequência de um mandado internacional emitido por Itália, após o homicídio da sua companheira e da filha de ambos, com apenas 11 meses, em Roma. A história, que já chocava pela violência do crime, está agora a levantar suspeitas mais amplas sobre fraudes no mundo do cinema, uso de identidades falsas e irregularidades no acesso a incentivos fiscais públicos.

O suspeito, detido sob o nome artístico Rexal Ford, foi identificado como Francis Charles Kaufmann, de 46 anos. Usava também o nome Matteo Capozzi, através do qual reclamava ter trabalhado em grandes produções como All the Money in the World (2017), de Ridley Scott, e The 15:17 to Paris (2018), de Clint Eastwood. No entanto, fontes das respetivas produtoras desmentiram qualquer envolvimento do indivíduo nestes projetos.

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As vítimas foram Anastasia Trofimova, de 28 anos, de nacionalidade russa, e Andromeda, a filha do casal. Os corpos foram encontrados em diferentes pontos do Parque Villa Pamphili, em Roma, um local muito frequentado por famílias e desportistas. A polícia italiana acredita que os homicídios ocorreram após uma tentativa falhada de Kaufmann obter parte de um crédito fiscal atribuído pelo Ministério da Cultura italiano para um filme que nunca foi produzido.

Fraude em crédito fiscal e uso de empresas-fantasma

A investigação revelou que Kaufmann/Ford obteve um crédito fiscal de 863.595 euros através da empresa Tintagel Films — com sede alegada no Reino Unido — em colaboração com a produtora romana Coevolutions, para um projeto chamado Stelle della Notte, que nunca saiu do papel.

A atribuição do crédito, já sob suspeita pelas autoridades italianas, reacendeu o debate sobre o controlo e fiscalização dos apoios públicos ao cinema. Coevolutions teria já acumulado cerca de 4 milhões de euros em créditos fiscais para 13 projetos, apenas um dos quais chegou a ser concluído.

O Ministro da Cultura italiano, Alessandro Giuli, prometeu consequências caso sejam confirmadas irregularidades, e recordou que uma recente reforma no sistema visa precisamente evitar situações semelhantes.

Uma teia de pseudónimos e créditos inventados

O perfil profissional do suspeito inclui uma série de títulos e funções em festivais e produções independentes — como DiamantinoThe Ornithologist e Zurich — nas quais nunca terá tido qualquer envolvimento real. Produtores desses filmes contactados pela imprensa internacional garantiram não conhecer Kaufmann, e já pediram a remoção do seu nome de bases de dados como o IMDb.

Além das falsas credenciais, Kaufmann era descrito como “um manipulador” e “um psicopata” pela própria irmã, Penelope Kaufmann, que confirmou à imprensa italiana que a família o apoiava financeiramente com a condição de não regressar aos EUA.

Investigação em curso e extradição pendente

De acordo com informações das autoridades, Kaufmann terá conhecido Trofimova em Malta, onde esta residia ilegalmente após o visto de turista expirar. A filha nasceu naquele país no verão de 2024, mas não foi registada devido à falta de documentação. A família deslocou-se para Roma de catamarã, depois de uma alegada tentativa frustrada de obter acesso ao crédito fiscal aprovado.

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extradição de Kaufmann de volta para Itália está pendente, num processo que poderá demorar meses. A polícia italiana investiga agora não apenas os homicídios, mas também as ramificações económicas e criminais ligadas à atividade do suspeito na indústria cinematográfica.

Pedro Pascal Não Arreda Pé: “Os Bullies Dão-me Volta ao Estômago”

🪄🔥 A polémica em torno de J.K. Rowling continua a escalar, e Pedro Pascal não tem qualquer intenção de recuar. O actor chileno-americano, estrela de The Last of Us e actualmente Reed Richards em The Fantastic Four: First Steps, voltou a criticar abertamente a autora de Harry Potter, chamando-lhe “perdedora vil” e reforçando a sua posição com uma frase contundente: “Bullies dão-me f*cking volta ao estômago.”

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“Estou a proteger quem amo”

Em entrevista à Vanity Fair, Pascal foi direto: “Quero proteger as pessoas que amo. Mas isto vai além disso.” A referência é, naturalmente, à sua irmã mais nova, a actriz e activista trans Lux Pascal. A actriz tornou pública a sua identidade de género em 2021, tornando-se uma voz proeminente pelos direitos trans na América Latina e um pilar pessoal para Pedro.

A crítica do actor surgiu após J.K. Rowling ter celebrado no X (antigo Twitter) uma decisão do Supremo Tribunal do Reino Unido que define o sexo feminino com base em critérios biológicos, algo amplamente criticado por associações de defesa dos direitos trans. “Adoro quando um plano se concretiza”, escreveu Rowling, ecoando um tom triunfante perante uma decisão que muitos viram como discriminatória. Pascal respondeu-lhe na mesma rede com apenas três palavras: “Heinous loser behavior” — comportamento de uma perdedora vil.

“Será que estou a ajudar?”

Na entrevista, o actor reflecte sobre o impacto das suas palavras. “A única coisa que me fez hesitar foi pensar: ‘Estarei a ajudar? Estarei realmente a ajudar?’”. Reconhece que estas questões exigem “a maior elegância” possível, para que se possa gerar mudança real. “O objectivo é que as pessoas estejam protegidas, e às vezes a raiva pode não ser a melhor forma de lá chegar”, admite.

No entanto, não mostra arrependimento: o que está em jogo, segundo ele, é muito mais importante do que a reputação online ou o confronto entre celebridades. “Os bullies fazem-me f*cking doente”, remata.

A guerra cultural continua

A declaração de Pascal chega num momento particularmente tenso para o universo Harry Potter. A série da HBO, actualmente em produção, tem sido alvo de boicotes por parte de fãs que se distanciaram da autora. Apesar disso, Rowling afirma ter colaborado de perto com os argumentistas e declarou recentemente que os dois primeiros episódios “são SO, SO, SO BONS!”

Enquanto isso, a polémica não dá sinais de abrandar. Para uns, Rowling continua a ser uma heroína da liberdade de expressão. Para outros, uma figura cada vez mais isolada, incapaz de compreender o impacto das suas palavras numa comunidade já vulnerável.

Pedro Pascal como símbolo de resistência

Com esta tomada de posição, Pedro Pascal junta-se a um grupo crescente de figuras públicas que não hesitam em usar a sua plataforma para defender os direitos das pessoas trans — mesmo que isso signifique enfrentar ícones culturais como J.K. Rowling.

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Se o seu papel como Reed Richards promete fazer história no universo cinematográfico da Marvel, o actor parece determinado a deixar também uma marca no mundo real. E para ele, a magia está em defender quem precisa — não em feitiços lançados através de redes sociais.

“The Gilded Age”: A Terceira Temporada É Um Espelho Dourado Que Reflecte o Presente

🎩💔 Intrigas familiares, ambição social e patriarcado disfarçado de elegância: The Gilded Age está de volta, e desta vez com mais espelhos do que janelas.

A terceira temporada da série criada por Julian Fellowes (Downton Abbey) já chegou à Max, e promete continuar a sua missão de mostrar que, por trás dos vestidos exuberantes e das casas senhoriais de finais do século XIX, estavam (e estão) os mesmos dramas, desigualdades e contradições que ainda moldam o século XXI. Nesta nova etapa, as tensões entre o “velho dinheiro” e os novos ricos reacendem-se com força, ao mesmo tempo que se abrem caminhos para diálogos muito atuais sobre o papel da mulher, o racismo e as batalhas sociais ainda por vencer.

Luxo, poder… e óperas

O palco está montado. Depois da Guerra das Óperas, os Russell estão mais fortes do que nunca. Bertha ambiciona um lugar no Olimpo da elite nova-iorquina, e George arrisca tudo numa jogada que pode transformar — ou arruinar — o império ferroviário da família. Do outro lado da rua, os Brook enfrentam uma revolução doméstica: Ada assume finalmente as rédeas da casa, para desconforto da intransigente Agnes.

Mas não pensemos que o mundo da série se limita às elites brancas. Peggy, interpretada por Denée Benton, continua a ser o coração moral da história, enfrentando os desafios de ser uma mulher negra e emancipada num mundo que insiste em não a querer ver. Um novo interesse amoroso promete apimentar a sua jornada — e colocar em confronto os limites do progresso social da época.

A precisão histórica como acto de rebelião

Em conversa com o SAPO Mag, Julian Fellowes e Sonja Warfield (argumentista) explicam que a fidelidade histórica não é apenas uma questão de rigor: é uma forma de provocar reflexão. Ao evitarem “modernizar” as personagens ou fazer com que pensem como pessoas do século XXI, conseguem revelar com mais clareza os paralelos entre passado e presente.

“Quando admiramos uma mulher que simplesmente saiu de casa e foi viver sozinha, estamos a perder o contacto com a sociedade que devemos representar”, afirma Fellowes. Mas isso não significa que a série ignore figuras transgressoras. Pelo contrário: são essas personagens, como Bertha Russell ou Peggy, que iluminam as fissuras da estrutura social em que vivem — e as nossas também.

Mulheres que mandam (mas dentro das regras dos homens)

Um dos temas mais fascinantes da temporada é o papel contraditório das mulheres nas estruturas de poder social. Como Warfield salienta, mesmo quando as mulheres lideravam os salões da elite, eram frequentemente mais duras umas com as outras do que com os homens. Um fenómeno que, infelizmente, ressoa até aos dias de hoje. “As mulheres internalizam o patriarcado tal como todas as outras pessoas”, resume a argumentista.

Fellowes aponta ainda para um contraste cultural relevante: enquanto a Europa já tinha exemplos históricos de mulheres no poder (de Catarina, a Grande a rainhas britânicas), os EUA — país forjado na cultura pioneira masculina — ainda demonstram dificuldades em aceitar mulheres com verdadeiro poder político. Uma reflexão que, num ano eleitoral nos EUA, ganha particular peso.

“The Gilded Age” como drama político disfarçado de novela de época

Se pensas que The Gilded Age é apenas mais uma série com figurinos bonitos e criados de olhar cabisbaixo, enganas-te. A terceira temporada investe mais fundo nos dilemas morais das suas personagens e nas camadas ideológicas por trás de cada chá servido com etiqueta.

As óperas são guerras, os jantares são campos de batalha, e os salões dourados escondem as dores de uma sociedade que, apesar dos colares de pérolas, continua profundamente desigual. Tal como em Downton Abbey, Julian Fellowes transforma os detalhes da etiqueta e da tradição em terreno fértil para debater o presente.

Um elenco de luxo que brilha mais do que os candelabros

Carrie Coon, Christine Baranski, Cynthia Nixon, Morgan Spector e Denée Benton lideram um elenco de estrelas que sabe equilibrar subtilmente a pompa com a emoção. Os seus sorrisos medidos escondem tragédias silenciosas, ambições ferozes e fraquezas muito humanas — exactamente como as de qualquer um de nós.

Conclusão

Em tempos de mudança política, social e económica, The Gilded Age mostra-nos que já estivemos aqui antes. E talvez, só talvez, aprender com as lições de 1882 nos ajude a viver melhor em 2025. Ou, pelo menos, a reconhecer os padrões. Com um argumento afiado, interpretações soberbas e um olhar crítico embrulhado em seda, esta terceira temporada confirma o que já sabíamos: The Gilded Age é ouro puro — e não apenas no nome.

“Cardo”: O Vazio, a Rebeldia e o Grito Silencioso de uma Geração Perdida

🎬 Cardo não é uma série confortável. E ainda bem.

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A aclamada produção espanhola criada por Claudia Costafreda e Ana Rujas — também protagonista — chega finalmente a Portugal com estreia marcada para 26 de junho, às 22h10, em exclusivo no TVCine Edition e no TVCine+. Depois do sucesso de Veneno e da ousada A Messias, os produtores executivos Javier Ambrossi e Javier Calvo (Los Javis) voltam a entregar-nos uma série intensa, dolorosa e necessária.

A história de María, uma ferida aberta

María é uma mulher madrilena com quase 30 anos que vive num limbo existencial. Sem rumo, presa em ciclos de autodestruição, vícios e relações tóxicas, odeia o próprio corpo e usa-o como moeda de troca em busca de algo que nunca encontra: sentido. Quando decide ajudar Puri, uma florista septuagenária prestes a fechar o seu negócio de bairro, parece encontrar um fio de redenção. Mas tudo muda — e intensifica-se — após um acidente que a obriga a confrontar o maior dos seus fantasmas: ela própria.

Cardo mergulha sem filtros no vazio que assola a geração nascida nos anos 90 — uma geração toldada por incertezas, saturada de promessas falhadas e consumida por uma necessidade desesperada de ser amada e validada.

Uma série que nos desafia a olhar de frente

Não há romantização no retrato de María. O guião afasta-se de fórmulas fáceis e aposta na autenticidade crua, quase documental. A câmara aproxima-se demais, não para chocar, mas para revelar a humanidade ferida por trás da alienação.

Estreada no Festival de San Sebastián, Cardo foi amplamente aplaudida por críticos espanhóis e rapidamente se tornou um fenómeno de culto. A primeira temporada — agora exibida pela primeira vez em Portugal — é o início de uma narrativa dividida em dois blocos intensos, com atuações memoráveis de Clara Sans, Diego Ibáñez, Pilar Gómez e Nur Olabarria.

Um espelho que muitos evitam

Ao contrário de tantas séries que pintam a juventude como algo leve ou aspiracional, Cardo é um espelho de altos contrastes. Mostra-nos o que preferimos ignorar: a banalidade do sofrimento, a busca constante por dopamina, e o isolamento emocional num mundo onde estamos todos “conectados”.

Mas também há luz. Há momentos de ternura, pequenos gestos de humanidade e beleza no caos. A florista Puri, por exemplo, torna-se uma figura de resistência — não só à gentrificação do bairro, mas à ideia de que a velhice é invisível.

Um retrato geracional que vai incomodar — e ainda bem

Se és fã de séries como EuphoriaSkins ou Veneno, prepara-te para algo ainda mais cru, mais europeu e, por isso mesmo, mais próximo. Cardo não te dá respostas. Mas obriga-te a fazer perguntas — e a sentir.

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A série estreia todas as quintas-feiras no TVCine Edition e está também disponível on-demand no TVCine+. Uma proposta imperdível para quem procura mais do que entretenimento: para quem procura verdade.

“Weapons”: Josh Brolin Quer Respostas no Novo Pesadelo de Zach Cregger

O novo terror de Zach Cregger promete ser um dos mais perturbadores do ano. Crianças desaparecidas, silêncios ensurdecedores e uma comunidade que prefere não saber. Estreia em Agosto e já estamos a perder o sono.

I wanna know what happened in that classroom!” – o grito de Josh Brolin ecoa num trailer que parece arrancado diretamente dos pesadelos mais profundos da América suburbana. Em Weapons, o novo filme do realizador Zach Cregger (Barbarian), o terror nasce de onde mais dói: o desaparecimento inexplicável de 17 crianças de uma sala de aula — e a assustadora apatia de quem devia protegê-las.

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O horror que mora ao lado

Esqueçam os monstros de dentes afiados ou os fantasmas em casas vitorianas. Em Weapons, o medo é mais próximo, mais real, mais arrepiante: o medo de que algo terrível se passa mesmo debaixo dos nossos olhos, e que ninguém quer admitir. O segundo trailer, recentemente divulgado pela Warner Bros., aprofunda este clima de inquietação, mostrando Brolin num confronto tenso com a directora da escola (Julia Garner), num misto de raiva e desespero.

A pergunta que ecoa é tão simples quanto terrível: porque desapareceram apenas as crianças daquela sala? E porque é que ninguém parece querer falar disso?

Um elenco de luxo para um pesadelo partilhado

Além de Brolin e Garner, o filme conta com Alden Ehrenreich (Solo: A Star Wars Story), Benedict Wong (Doctor Strange), Toby Huss e June Diane Raphael. A narrativa é guiada pela voz de uma jovem rapariga que, numa narração inquietante, nos avisa: “Isto é uma história verdadeira que aconteceu na minha cidade. Muita gente morreu… de formas muito estranhas.

Se Barbarian já tinha provado que Cregger sabe explorar o desconforto como poucos, Weapons parece pronto para levar a fasquia ainda mais alto — ou, talvez mais correctamente, mais fundo no abismo.

Mudança de planos (para melhor)

Originalmente previsto para estrear em Janeiro de 2026 (fim-de-semana de Martin Luther King), o filme teve uma recepção tão positiva nas sessões de teste que a Warner decidiu antecipar a estreia para 8 de Agosto de 2025. Uma decisão ousada que revela a confiança no potencial do filme. E não é difícil perceber porquê.

A Warner está em alta no terror: Sinners, de Ryan Coogler, já arrecadou 363 milhões de dólares, e Final Destination: Bloodlines tornou-se no maior sucesso de sempre da saga, com 280 milhões. Neste contexto, Weapons surge como o próximo tiro certeiro.

Um novo “Barbarian” ou algo ainda mais negro?

Com um orçamento ainda por revelar, mas seguramente contido à imagem do anterior sucesso de Cregger (Barbariancustou apenas 4 milhões e rendeu mais de 45 milhões), Weapons promete repetir a fórmula: mistério bem construído, sustos bem medidos e um subtexto que incomoda.

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Ao que tudo indica, Weapons será menos um “filme de terror” e mais uma experiência emocional — uma viagem a um lugar de dor, culpa e silêncio cúmplice. E nós estaremos lá na primeira fila.

🎥 Weapons estreia nos cinemas portugueses a 8 de Agosto de 2025. Tragam os nervos de aço.

🎬 Elio e o Fim da Magia Original? O Fracasso da Pixar que Abala Hollywood

Quando nem um filme bonito e elogiado escapa ao apocalipse dos IPs, está na hora de perguntar: a culpa é dos estúdios ou do público?

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A Pixar já nos habituou a maravilhas. De Toy Story a Soul, passando por obras-primas como Ratatui ou Inside Out, o estúdio foi durante décadas sinónimo de criatividade e risco. Mas agora? Bem… parece que até os mestres da animação estão a ser vítimas da era dos franchisings e dos reboots sem fim. O mais recente exemplo chama-se Elio — e o seu desastroso arranque nas bilheteiras pode ter consequências muito para além da Pixar.

O pior arranque da história da Pixar

Com uma pontuação bem respeitável de 84% no Rotten Tomatoes, Elio parecia ter tudo para triunfar: conceito original, visual deslumbrante e aquele toque emocional que a Pixar tão bem domina. Mas não chegou. O filme estreou com apenas 21 milhões de dólares nas bilheteiras norte-americanas — o PIOR arranque de sempre para uma longa-metragem da Pixar.

Doug Creutz, analista da TD Cowan, não tem dúvidas: este flop não é um caso isolado, é um sintoma. “Desde a pandemia, a diferença entre filmes de animação originais e sequelas ou adaptações tornou-se gigantesca”, alertou o especialista de Wall Street. E acrescenta com ironia: “Não culpem os executivos dos estúdios… culpem o público.”


Porque é que isto interessa (muito) à Disney?

A Disney não faz animação apenas para encher salas de cinema. Cada filme é uma peça de uma engrenagem maior — o chamado “flywheel” que liga animação, parques temáticos e produtos licenciados. E aqui está o problema: um filme como Elio não gera brinquedos, não inspira brinquedos de peluche, não tem potencial de montar uma montanha-russa no Magic Kingdom.

Se os filmes originais falham, o parque temático não ganha atrações novas e o merchandising não sai das prateleiras. O impacto é profundo — e a Disney sabe-o bem. Por isso, não é surpresa que tenha adiado Elio de 2024 para 2025, tentando evitar que um fracasso coincida com momentos sensíveis para a administração da empresa, nomeadamente o já famoso “proxy fight” envolvendo Bob Iger.

A guerra das sequelas vs. originais

Os números são assustadores. Desde 2022, as longas-metragens de animação originais da Disney (e da Universal/Illumination) arrecadaram, em média, 412 milhões de dólares. Pode parecer bom… até percebermos que as sequelas no mesmo período arrecadaram, em média, 844 milhões — mais do dobro.

E isto com um pequeno truque contabilístico: Super Mario Bros. entra nas contas como “original”, apesar de ser um produto da nostalgia e de uma marca com décadas de história. Ou seja: a animação original verdadeira, aquela que inventa novos mundos e personagens, está a perder terreno — e a perder feio.

Elio é um aviso. Vamos ouvir?

A grande questão é esta: se nem a Pixar consegue convencer o público a arriscar numa ideia nova, quem conseguirá? Será o futuro da animação um eterno ciclo de Toy Story 27 e Frozen: O Retorno da Tia da Elsa?

No meio deste cenário sombrio, vale lembrar uma frase de Walt Disney: “We keep moving forward, opening new doors, and doing new things…” Pois bem. A Pixar tentou abrir uma nova porta com Elio — e o público, desta vez, preferiu ficar na sala do costume. O problema? Se continuarmos a rejeitar o novo, em breve já nem haverá portas para abrir.

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🎥 Elio pode ter fracassado nas bilheteiras, mas talvez mereça uma segunda oportunidade — pelo bem da imaginação coletiva. Se não for por ti, que seja pelas gerações futuras que não merecem crescer apenas com sequelas.

A Magia do Tempo: Disney Celebra 55 Anos dos Seus Arquivos com Curta-Metragem Fantástica

Uma viagem pelas memórias da maior fábrica de sonhos do mundo… guiada por uma pequena marioneta de madeira.

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Pode parecer estranho, mas um dos momentos mais tocantes da celebração dos 55 anos dos Walt Disney Archives é protagonizado… por um boneco de madeira. Não, não é o Pinóquio da versão live-action com Tom Hanks. É o Pinóquio — ou melhor, um modelo de animação usado na produção original de 1940 que serve de fio condutor para a curta-metragem comemorativa A Daring Journey into the Walt Disney Archives. E que viagem!

Fundados a 22 de junho de 1970, os Walt Disney Archives nasceram da necessidade de preservar a herança criativa deixada por Walt Disney e todos os artistas que deram corpo (e alma) à companhia. 55 anos depois, o espírito mantém-se vivo — e esta curta prova-o com um toque de fantasia e nostalgia que só a Disney sabe orquestrar.


O arquivo mais encantado de Hollywood

A curta-metragem não é apenas uma homenagem a objetos antigos: é uma carta de amor ao processo, ao cuidado e à paixão que envolve guardar a história de um império cinematográfico. Tudo começa com o modelo de Pinóquio a ser descoberto, digitalizado e cuidadosamente documentado no laboratório de preservação digital. A dada altura, alarmado com as modernices tecnológicas, Pinóquio decide escapar dos arquivistas — e é aqui que a magia (e os easter eggs) entram em cena.

Enquanto corre pelas estantes dos bastidores da história da Disney, cruzamo-nos com tesouros do cinema: o vestido de Mary Poppins usado por Julie Andrews, a Arca da Aliança de Indiana Jones (via The Great Movie Ride), o fato de Kate Winslet em Titanic (sim, agora propriedade da Disney via 20th Century Studios) e muito mais.

O boneco cruza-se ainda com uma versão gigante de si próprio vinda do espectáculo Fantasmic! e até com uma gaiola usada na recente adaptação de Pinóquio. É um misto de reconhecimento, espanto e um certo toque existencialista: o que é ser uma personagem que já foi animada, esquecida, preservada e agora… relembrada?


Um elenco feito de… arquivistas

Outro toque encantador? Quase toda a equipa dos Walt Disney Archives aparece em cena. Dos atuais 40 funcionários ao lendário fundador Dave Smith — cuja iniciativa em 1970 deu origem a este tesouro histórico — até Theodore Thomas, filho de Frank Thomas (um dos “Nine Old Men” da animação original), que surge no final a contemplar o modelo do Pinóquio que o pai ajudou a criar.

Mais do que apenas uma peça de propaganda corporativa, esta curta emociona por mostrar que o cinema, mesmo quando arrumado numa prateleira ou guardado a vácuo num cofre digital, continua a viver. Os objetos respiram memórias, os adereços têm alma, os figurinos contam histórias. E os arquivistas… são os verdadeiros contadores de histórias em segundo plano.


Preservar o passado para continuar a sonhar

Como sublinha Rebecca Cline, diretora dos Walt Disney Archives, “a missão não é apenas guardar — é partilhar”. E é isso que esta pequena produção faz tão bem: partilha connosco o amor por um legado. Porque quem ama cinema sabe que as histórias não começam no grande ecrã — começam muito antes, nas mãos dos que desenham, escrevem, costuram, pintam e… guardam.

🎬 A Daring Journey into the Walt Disney Archives ainda não está disponível no Disney+, mas esperemos que isso mude. Porque há magia demais aqui para ficar escondida nos cofres do Mickey. Por enquanto e se dominar o Inglês pode ver aqui

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Michael B. Jordan em Dose Dupla: “Pecadores” Chega à Max e É o Primeiro Grande Candidato aos Óscares

O thriller vampiresco que conquistou a crítica, as bilheteiras e os corações dos cinéfilos já tem data marcada para chegar ao streaming.

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Depois de um arranque fulgurante nas salas de cinema — com mais de 363 milhões de dólares de receitas a nível mundial e uma recepção crítica absolutamente esmagadora — Pecadores prepara-se para conquistar agora os ecrãs domésticos. O filme de Ryan Coogler, protagonizado por Michael B. Jordan (em dose dupla!), chega à plataforma Max a 4 de julho, sem custos adicionais para os subscritores.

Estávamos todos à espera do próximo grande fenómeno pop-cultural no cinema de terror e… ele já chegou.

Um filme de terror com ambição dramática

Ambientado no Mississippi dos anos 1930, Pecadores mistura horror sobrenatural com comentário social e uma atmosfera tão densa quanto o calor do Sul dos Estados Unidos. Michael B. Jordan interpreta dois irmãos gémeos com destinos trágicos e entrelaçados numa narrativa que envolve racismo, religiosidade, violência e… vampiros.

Sim, vampiros. Mas esqueça o glamour à Anne Rice ou a pose romântica de Twilight. Estes são monstros brutais, quase bíblicos, que surgem como metáfora para uma América mergulhada no pecado e na culpa.

Ryan Coogler, depois de reinventar Rocky em Creed e de transformar Black Panther num marco cultural, mostra aqui a sua faceta mais sombria e madura. O resultado? Um thriller elegante, perturbador e cheio de camadas.

Um sucesso nas bilheteiras e nos agregadores

Com uma taxa de aprovação de 97% no Rotten Tomatoes por parte da crítica, e 96% por parte do público, Pecadorestornou-se o filme original mais rentável de 2025 até agora. Em Portugal, já foi visto por mais de 90 mil espectadores — números expressivos para um filme do género.

Mas mais do que números, Pecadores gerou conversa. Há quem o compare a Let the Right One In, outros apontam ecos de Fausto ou até Night of the Hunter. Seja qual for a referência, o consenso é claro: estamos perante um dos primeiros grandes candidatos aos Óscares.

Um elenco de peso

Além de Michael B. Jordan, que mostra aqui o seu melhor trabalho desde Fruitvale Station, o elenco conta ainda com Hailee Steinfeld, Jack O’Connell, Wunmi Mosaku, Delroy Lindo e o jovem estreante Miles Caton — que promete ser uma revelação.

A fotografia de Autumn Durald Arkapaw (de Loki) e a banda sonora gospel-blues também merecem menção especial. Tudo em Pecadores respira cinema de autor, com embalagem de blockbuster

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Se não viu Pecadores no cinema, a Max dá-lhe agora uma segunda oportunidade para mergulhar neste filme intenso, estilizado e profundamente original. A partir de 4 de julho, prepare-se para o sangue, a redenção… e talvez algumas lágrimas.

Hotel Amor: A Comédia Portuguesa Que Está a Conquistar o Público

Jessica Athayde brilha num filme rodado num só dia… com hóspedes reais! 🎬🇵🇹

A comédia Hotel Amor acaba de conquistar o título de filme português com melhor abertura de 2025 — e a proeza não foi pequena. Com mais de 3.500 espectadores nas primeiras sessões e uma receita de bilheteira superior a 22.500 euros, o filme de Hermano Moreira provou que o público português continua a gostar de boas histórias contadas com humor e alma.

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Mas o que tem este Hotel Amor de tão especial? Para começar, o filme foi inteiramente rodado no icónico Hotel Roma, em Lisboa… durante um dia normal de funcionamento! Sim, leu bem: hóspedes reais, imprevistos verdadeiros e actores a improvisar em cenários que, literalmente, não podiam ser controlados. Uma ousadia logística que deu ao filme um tom caótico, fresco e muito real.

No centro da história está Catarina, interpretada por uma surpreendente Jessica Athayde. Gerente de um hotel à beira do colapso (emocional e literal), Catarina vê-se forçada a provar o seu valor no espaço de 24 horas — entre funcionários desastrados, hóspedes excêntricos e a visita inesperada de um antigo amor com segredos por resolver.

Com um elenco recheado de caras conhecidas, como Francisco Froes, Vera Moura, Júlia Palha, Igor Regalla, Cléo Malulo e até Marcelo Adnet, Hotel Amor aposta num ritmo acelerado, num humor ora subtil ora escancarado, e num coração emocional que bate forte nas entrelinhas. É um filme que faz rir, sim, mas também toca em temas como o envelhecimento, o cansaço do mundo laboral e os fantasmas do passado que todos carregamos.

A realização de Hermano Moreira, mais conhecido no Brasil, mostra aqui uma notável maturidade ao serviço de um registo difícil: a comédia com alma. E quando o próprio realizador afirma que foi “uma aventura arriscada”, não está a exagerar — o resultado, no entanto, é uma comédia energética, irreverente e com sabor a verão lisboeta.

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Se ainda não visitou o Hotel Amor, está na altura de fazer o check-in. A comédia está em exibição nas salas portuguesas e promete ser uma das grandes surpresas do cinema nacional este ano.

Santuário: A Série Distópica Que Vai Deixar os Espectadores a Arfar por Respostas

📺 Estreia a 25 de junho, às 22h10, no TVCine Edition e TVCine+

Num futuro em que o ar já não é respirável e o medo é disfarçado de cuidado, a nova série espanhola Santuário promete agarrar os espectadores ao ecrã com uma proposta inquietante que mistura a opressão silenciosa de The Handmaid’s Talecom a estética e inteligência de Westworld. Produzida por Álex de la Iglesia (30 MonedasA Casa de Papel), esta distopia climática é uma das grandes estreias do mês nos Canais TVCine — e já nasceu com selo de prestígio, tendo feito parte da seleção oficial da Berlinale.

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Bem-vindo ao Santuário — onde tudo é perfeito… ou não

A premissa é simples e, talvez por isso, ainda mais arrepiante: após uma catástrofe ambiental, as mulheres grávidas são levadas para viver numa instalação futurista chamada Santuário. A promessa? Um ambiente controlado, livre da poluição que assola o mundo exterior. Um lugar de serenidade, onde tudo é feito “pelo bem do bebé”.

Mas, como é habitual em histórias que cheiram a utopia higienizada, a fachada depressa começa a rachar.

É quando Pilar (Lucía Guerrero), grávida de três meses, chega ao Santuário, que as primeiras suspeitas surgem. E é com Valle (Aura Garrido), uma engenheira de Inteligência Artificial que aceita um emprego nas instalações, que começamos a perceber que este paraíso tem regras… e consequências.

Maternidade, controlo e inteligência artificial

Baseada num podcast de culto criado por Manuel Bartual e Carmen Pacheco, Santuário é muito mais do que uma simples série de ficção científica. É uma reflexão séria (e bastante atual) sobre o corpo feminino, a maternidade como espaço político, o uso da tecnologia como ferramenta de poder e a desigualdade social num mundo cada vez mais desigual — e tóxico, literalmente.

Com apenas 8 episódios, esta produção da Atresmedia é uma bomba em forma de série: envolvente, tensa e provocadora. E sim, há inteligência artificial, mas não do tipo que ajuda a fazer listas de compras. Esta IA observa, analisa… e manipula.

Uma estética fria para um futuro demasiado próximo

O visual da série reforça o desconforto. A cúpula onde vivem as grávidas é asséptica, branca, impecavelmente calma — e profundamente inquietante. O mundo lá fora está destruído, mas será que o verdadeiro perigo não mora mesmo dentro do Santuário?

Com interpretações poderosas de Aura Garrido (O Ministério do Tempo) e Lucía Guerrero (Caminantes), Santuário está pronta para provocar debate e gerar teorias semana após semana. Afinal, quantas vezes é que um lugar seguro se transforma numa prisão?

Conclusão: Um thriller para quem gosta de pensar (e desconfiar)

Santuário estreia a 25 de junho no TVCine Edition, e será exibida semanalmente às quartas-feiras. Para quem gosta de thrillers psicológicos, distopias que parecem demasiado plausíveis e ficção científica com substância, esta é uma aposta obrigatória.

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E a pergunta fica no ar: será mesmo pelo bem do bebé?

Jason Statham & Simon West: Velhos Parceiros de Ação Prontos para Mais Uma Explosão?

Realizador de The Mechanic e Os Mercenários 2 admite que está à espera do “projecto certo” para voltar a trabalhar com o duro de roer mais querido do cinema de ação

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🔫 Explosões? Check. Caras fechadas? Check. Frases secas ditas com sotaque britânico e um soco à mistura? Check e mais check. Simon West e Jason Statham criaram, durante alguns anos da década passada, uma espécie de bromance cinematográfico com filmes como The MechanicWild Card e Os Mercenários 2. Mas depois… silêncio. Agora, West diz que está mais do que pronto para voltar à carga com o seu ator-fetiche.

“Temos orgulho nos filmes que fizemos juntos”

Em entrevista recente, o realizador britânico deixou claro que continua a imaginar Statham em vários papéis e que o reencontro entre ambos não está fora de questão. “Sempre que surge algo, penso: ‘O Jason pode gostar disto’”, diz Simon West, revelando que só falta mesmo aparecer o projecto certo — aquele que traga algo de novo para os dois e que não seja uma repetição do que já fizeram antes.

Statham, por seu lado, continua a fazer… bem, de Statham. Saltos de prédios, combates corpo-a-corpo, tiroteios e aquele charme impassível que o transformou num dos pilares do cinema de ação contemporâneo. E sejamos honestos: é exatamente isso que o público espera e adora.

“The Mechanic 3”? Já podemos ver o cartaz…

É inevitável pensar na possibilidade de um The Mechanic 3. A série de filmes que começou em 2011 com Jason Statham no papel de Arthur Bishop — o assassino profissional mais meticuloso do planeta — é talvez o ponto alto da colaboração entre ator e realizador. O segundo filme foi realizado por Dennis Gansel, e Simon West não esconde que gostaria de ter voltado à cadeira de realizador. Será que é este o tal “projeto certo” que ambos andam a procurar?

Simon West: o regresso aos básicos?

Simon West, que já teve dias mais felizes (o seu mais recente filme Bride Hard está a ser considerado um desastre crítico), parece reconhecer que o regresso ao universo testosterónico de Jason Statham poderia ser uma forma de se reinventar. Afinal, há algo de reconfortante na simplicidade de um bom filme de pancadaria: um herói solitário, uma missão impossível, e inimigos que voam de janelas ao som de riffs de guitarra.

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Fica a pergunta…

Será que o público está pronto para mais uma dose de Statham+West? A resposta mais honesta talvez seja: Quando é que não estamos?

Chi Lewis-Parry Fala Sobre ‘28 Years Later’, Próteses e Epifanias com Cabeças Arrancadas

O gigante ex-lutador que dá corpo (e grito) ao Alpha Samson explica como foi interpretar a criatura mais brutal de 28 Years Later e revela o seu sonho de ser vilão de James Bond.

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Chi Lewis-Parry mede 2 metros e tem presença para assustar um exército inteiro, mas foi precisamente isso que levou Danny Boyle a dar-lhe o papel de Samson, o mais temido dos “infectados” em 28 Years Later. E não é só o tamanho que impressiona: Chi trouxe alma, intensidade física (e algumas cicatrizes) ao “rei dos infectados” que arranca cabeças com a espinha ainda agarrada.

“Terrifica-me”, foi o único pedido de Danny Boyle durante o casting. Sem saber o que ia interpretar, Lewis-Parry soltou o seu agora famoso “Samson bellow”. Boyle ficou tão impressionado que lhe deu não só o papel principal como também a voz de outro Alpha.

O Rei Leão (Infectado)

Segundo Chi, Samson é mais do que um monstro brutal. “É o rei. Os outros infectados são como hienas, e ele é o leão.” Há cenas que não chegaram ao corte final, mas o comportamento dos outros infectados ao seu redor deixa claro que ele é uma espécie de líder entre os monstros. O ator chegou mesmo a criar um passado para a criatura: na sua mente, Samson era um homem que se sacrificou para proteger outros, tornando-se o último defensor… ainda que agora seja movido por raiva pura.

Cabeças, Espinhas e uma Cicatriz de Memória

Numa das cenas mais memoráveis do filme, Samson arranca a cabeça de uma vítima com a espinha ainda ligada, como se fosse uma moca medieval. A cena foi filmada num reservatório real, escuro e claustrofóbico. Chi lesionou-se numa perna ao embater num rifle em plena corrida. “Fiquei com uma cicatriz. Nada demais para o Samson, mas doeu.”

O realismo da prótese ajudou ao impacto visual. “Era pesado, por isso tive de usar o quadril como apoio para parecer que ele estava de pé enquanto eu arrancava a cabeça com o outro braço.”

Sim, Aquilo é Prótese (Mas Proporcional)

28 Years Later apresenta os infectados despidos, o que gerou algum burburinho online. O motivo, explica Lewis-Parry, tem razões legais: como Alfie Williams, um dos protagonistas, tinha apenas 13 anos, todas as cenas de nudez tinham de usar próteses. No caso de Samson, o seu “equipamento” gerou manchetes. “Bem, eu tenho 2 metros de altura. Não digo mais nada”, riu-se o ator.

De MMA a Hollywood (e à Porta de James Bond)

Ex-lutador de MMA com 12 anos de carreira, Lewis-Parry tem uma paixão antiga por cinema. Começou como figurante em Harry Potter (foi stand-in para Hagrid) e estreou-se a sério com Pistol, de Danny Boyle. Desde então, o seu percurso levou-o a 28 Years LaterGladiator 2 (onde morre espetado por um rinoceronte!) e ao vindouro The Running Man, de Edgar Wright.

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Mas o seu verdadeiro sonho? Ser vilão de James Bond. “Desde 2005 que sonho com isso. Até escrevi no meu caderno: Predator e Bond Villain. E quando estava naquele túnel, a segurar uma cabeça e espinha, percebi: acabei de interpretar o meu próprio Predator. Agora falta o Bond.”

Se depender de físico, presença e dedicação, não faltará muito.

José Martins Conquista Prémio de Melhor Ator em Xangai

“A Memória do Cheiro das Coisas” destaca-se na competição oficial com performance comovente de um veterano ator português

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O prestigiado Festival Internacional de Cinema de Xangai terminou com uma grande vitória para o cinema português: o ator José Martins foi distinguido com o Prémio de Melhor Ator, graças à sua impactante performance no filme A Memória do Cheiro das Coisas, de António Ferreira.

Um papel com peso histórico e emocional

No filme, José Martins dá vida a um veterano da guerra colonial que, forçado a entrar num lar de idosos, se vê confrontado com os fantasmas do passado e estabelece um inesperado laço com a sua cuidadora negra. A história, situada entre a realidade pungente do envelhecimento e os ecos não resolvidos da história colonial portuguesa, é apresentada como um “retrato poético e intimista da fragilidade da condição humana, da inevitabilidade da morte e da busca de redenção”.

Entre a memória e o olfato, um espelho social

Mais do que um drama pessoal, A Memória do Cheiro das Coisas aborda temáticas universais e socialmente urgentes, como o racismo estrutural e o envelhecimento da população. Com coprodução luso-brasileira, o filme foi um dos 12 seleccionados para a competição oficial da 27.ª edição do festival e destacou-se pela sua sensibilidade, linguagem cinematográfica e intensidade emocional.

Um nome incontornável do teatro e agora, do cinema

José Martins, nascido em Lisboa em 1952, é uma figura incontornável do teatro português. Foi um dos fundadores do antigo Grupo de Campolide (actual Companhia de Teatro de Almada), do Teatro da Malaposta e da Companhia Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana, onde continua activo. Esta distinção internacional reforça o valor do seu percurso artístico e representa um momento de consagração merecida para um intérprete que tem sabido manter-se fiel ao rigor da profissão.

Um festival de excelência com nomes de peso

O Festival de Xangai, que decorreu entre 13 e 22 de Junho, contou com a presidência do júri principal a cargo de Giuseppe Tornatore, realizador de Cinema Paraíso. O grande prémio da competição — o Cálice de Ouro de Melhor Longa-Metragem — foi para Black Red Yellow, do Quirguistão, realizado por Aktan Arym Kubat. Entre outros premiados, destaque ainda para Wan Qian como Melhor Atriz (Wild Nights, Tamed Beasts), Cao Baoping como Melhor Realizador (One Wacky Summer), e o documentário espanhol Constanza, que venceu na sua categoria.

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Mas foi o nome de José Martins que pôs Portugal nas manchetes, elevando o talento nacional a um dos maiores palcos do cinema asiático e global.

O Lado Negro de Stanley Ipkiss: Porque Está na Hora de Dar à Máscara a Reboot que Merece

🎭💥 Jim Carrey a dançar “Cuban Pete” é uma imagem gravada na retina de qualquer criança dos anos 90. The Mask(1994) foi um sucesso instantâneo, misturando humor desenfreado, efeitos visuais revolucionários e uma performance inesquecível de Carrey. Mas poucos sabem que por detrás do filme PG-13 existe uma origem muito mais sombria — e surpreendentemente fascinante.

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Na verdade, a personagem The Mask nasceu nas páginas de uma banda desenhada da Dark Horse Comics… e era tudo menos fofinha. Decapitações, caos urbano, professores aterrorizados e mísseis disparados sobre polícias corruptos. Sim, é verdade: o Stanley Ipkiss original não era um palhaço adorável. Era uma bomba de loucura homicida à espera de explodir. E há provas disso – num obscuro jogo de PC de 1994 que poucos se lembram de ter existido.

“The Mask: The Origin”: Uma Joia Digital Esquecida

Em plena era do CD-ROM, a Softkey aliou-se à Dark Horse para lançar uma adaptação digital dos cinco primeiros volumes da BD original. O resultado? The Mask: The Origin, uma espécie de motion comic com narração completa, efeitos visuais e cenas sangrentas animadas com um nível de empenho que ultrapassa muitos projetos independentes actuais.

Disponível hoje no YouTube (sim, já lá anda desde 1994!), esta versão da história é um vislumbre do que The Maskpoderia ser se Hollywood tivesse tido coragem de abraçar o seu lado mais negro. Em vez de um excêntrico super-herói ao estilo Tex Avery, temos um vigilante vingativo e instável que personifica a raiva reprimida de um homem humilhado — e que não hesita em usar métodos brutais para se impor.

Porque o Cinema Está Pronto Para Esta Versão

Desde Deadpool a Venom, o público já se habituou a protagonistas ultra-violentos com um sentido de humor distorcido. O que antes parecia demasiado arriscado para o grande público, agora é uma aposta segura. E The Mask, com o seu ADN anárquico e irreverente, encaixa perfeitamente neste novo cenário.

Ao contrário do filme com Jim Carrey, que termina com uma nota alegre e quase romântica, a história original mergulha nas consequências psicológicas de usar a máscara. A personagem do tenente Kellaway, por exemplo, torna-se uma figura trágica, consumida pela raiva e pela perda de controlo. Há espaço aqui para explorar temas como identidade, loucura e violência justificada — e isso dá pano para mangas no cinema actual.

Jim Carrey Foi Brilhante — Mas a Máscara Pode Ter Outra Cara

Não estamos a sugerir substituir ou apagar a versão de 1994. Aquela performance permanece lendária. Mas e se agora, passados 30 anos, revisitássemos o mito com novos olhos? Um reboot sombrio, com classificação para maiores de 18 anos, inspirado directamente nos comics, poderia transformar The Mask num fenómeno de culto para uma nova geração. Um filme que misture o caos do Joker, o humor negro de The Boys e o visual desvairado de um Sin City.

Seria o regresso triunfal de uma das personagens mais malucas — e mal interpretadas — dos anos 90.

Sunshine: O Filme de Ficção Científica Que Antecipou o Futuro (E Que o Público Ignorou)

📺 The Mask (1994) está disponível em streaming no Tubi, Prime Video e YouTube. O motion comic The Mask: The Origin pode ser visto gratuitamente no YouTube aqui

De Jedi a Heroína de Ação: Daisy Ridley Salta de Janelas (e Explosões) em Cleaner

🧼🚨 O que acontece quando pegamos numa atriz da saga Star Wars, um realizador com experiência em James Bond e uma premissa digna de Die Hard? O resultado chama-se Cleaner, e apesar de não reinventar o género, tem ação, coração e uma Daisy Ridley pronta para mostrar que o sabre de luz era apenas o início.

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Recém-chegado à HBO Max, este thriller de ação dirigido por Martin Campbell (sim, o de Casino Royale e GoldenEye) segue a fórmula clássica: um só local, um grupo de terroristas e uma protagonista que, contra todas as probabilidades, vai tentar salvar o dia.

Uma limpeza nada convencional

Daisy Ridley interpreta Joey Locke, uma ex-soldado agora transformada em empregada de limpeza num arranha-céus de uma poderosa empresa energética. A sua rotina vira do avesso quando o edifício é tomado por eco-terroristas durante a gala anual. E como se isso não bastasse, Joey tem consigo o irmão mais novo, Michael, neurodivergente, que tenta proteger a todo o custo.

Sim, soa a Die Hard. Mas Cleaner não é apenas uma cópia barata com uma protagonista feminina no lugar de Bruce Willis. A personagem de Joey é vulnerável, humana e real — e Ridley dá-lhe camadas que elevam o filme acima da mediania.

Nem tudo brilha como o vidro lavado

Apesar da boa premissa e de um terceiro acto cheio de adrenalina, Cleaner tropeça no meio do caminho. Grande parte do filme é passada em diálogos entre Joey e a polícia ou nos discursos dos vilões, o que faz com que o ritmo abrande em momentos críticos. O público vem pelo suspense e pelas cenas de ação… e estas demoram a chegar.

Mesmo com 97 minutos de duração, o filme parece demorar a descolar. Há também algumas personagens que poderiam ter tido mais destaque — especialmente o vilão principal.

Clive Owen está cá, mas é Ridley quem brilha

Clive Owen, como Marcus, o carismático líder dos eco-terroristas, tem presença e um motivo convincente. Mas é escandalosamente subaproveitado. Falta-lhe o confronto direto com a heroína, algo que teria dado mais peso ao clímax. Já o segundo vilão é tudo menos subtil: um vilão de bigode figurativo e motivação de papel de embrulho.

Porém, é Daisy Ridley que sustenta o filme. Em Joey Locke, Ridley encontra uma nova identidade cinematográfica: a de uma heroína de ação emocionalmente complexa. Nada de imitações baratas de John McClane — a sua personagem tem voz própria, ética, fragilidade e força. E queremos vê-la mais vezes neste registo.

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Vale a pena ver?

Se esperas o próximo clássico do cinema de ação, não é aqui que o vais encontrar. Mas Cleaner cumpre a sua função de entretenimento, e revela um novo lado de Daisy Ridley que merece continuar a ser explorado. Se gostas de thrillers em espaço fechado, com toques sociais e um toque de poeira a ser varrida a pontapé — literalmente — então este é um bom programa para uma noite de sofá.

Sunshine: O Filme de Ficção Científica Que Antecipou o Futuro (E Que o Público Ignorou)

☀️ Em pleno Verão de 2007, quando as salas de cinema estavam invadidas por varinhas mágicas (Harry Potter e a Ordem da Fénix) e robôs gigantes (Transformers), estreava um pequeno — mas ambicioso — filme de ficção científica chamado Sunshine. Realizado por Danny Boyle e com um elenco de luxo que incluía Cillian Murphy, Michelle Yeoh, Chris Evans e Hiroyuki Sanada, este thriller espacial era tudo o que a época não pedia… e talvez por isso tenha sido ignorado.

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Hoje, com o sucesso estrondoso de Oppenheimer, as vitórias nos Óscares para Murphy e Yeoh, e a iminente estreia de 28 Years Later, está na hora de olhar para Sunshine como ele merece: uma obra intensa, cerebral e visualmente deslumbrante que falhámos redondamente em reconhecer.

Uma Missão Suicida… e Poética

Sunshine apresenta-nos uma missão desesperada: um grupo de astronautas segue rumo ao Sol com o objectivo de o reanimar, lançando uma ogiva nuclear no seu núcleo para salvar a Terra de uma nova era glacial. Um plano tão grandioso quanto insano, servido com a tensão psicológica de 2001: Odisseia no Espaço e o peso filosófico de Solaris. A atmosfera claustrofóbica da nave é digna de Alien, com a tripulação a debater-se com decisões morais, conflitos internos… e um intruso assassino.

Sim, o terceiro acto transforma o drama existencialista num slasher espacial — e foi esse desvio que muitos críticos da altura não perdoaram. Mas a transição é menos abrupta do que parece: a tensão acumulada desde o início implodia inevitavelmente em violência. Se calhar, simplesmente não estávamos preparados.

Visualmente Brilhante (Literalmente)

Com um orçamento modesto para o género, Sunshine continua a impressionar pelos seus efeitos visuais, que capturam com realismo e beleza a ameaça constante do Sol. As imagens do nosso astro-rei a engolir o ecrã são de cortar a respiração, antecipando, de forma quase profética, a icónica sequência de Oppenheimer com Cillian Murphy a encarar o inferno nuclear.

Esse mesmo Murphy entrega aqui uma das suas performances mais contidas e inquietantes, muito antes de se tornar o rosto dos Peaky Blinders e de vencer um Óscar. Ao seu lado, Michelle Yeoh oferece uma presença calorosa mas firme, enquanto Chris Evans, longe do escudo do Capitão América, prova que sabe ser mais do que músculos e sarcasmo. O elenco completa-se com nomes como Rose Byrne, Benedict Wong e Mark Strong — uma galeria de talentos que hoje encheria qualquer cartaz.

O Filme Que Falhámos

A estreia de Sunshine no pico do Verão foi, no mínimo, suicida. Colocá-lo ao lado de blockbusters com brinquedos e feitiçaria foi uma sentença comercial. A sua vida pós-salas também não foi melhor: um lançamento em Blu-ray com falhas técnicas, uma presença quase nula nos serviços de streaming, e uma distribuição que o condenou ao esquecimento.

E, no entanto, Sunshine é um diamante bruto. Uma obra que merece — exige — ser redescoberta. Escrita por Alex Garland (que viria a realizar Ex Machina e Civil War), é uma reflexão madura sobre mortalidade, sacrifício e o lugar do ser humano no cosmos. O seu final, debatido até hoje, é prova de que o filme se arrisca, desafia e mexe com quem o vê.

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Uma Segunda Vida à Luz do Sol

Com Danny Boyle a regressar ao terror com 28 Years Later, e com o reconhecimento tardio dos seus actores principais, talvez este seja o momento certo para Sunshine renascer das cinzas. Porque o tempo passa, mas as boas ideias (e os grandes filmes) merecem uma segunda oportunidade de brilhar.

Sunshine – Missão Solar está disponível em streaming para os assinantes do Disney +

Jude Law Quase Trocava Oscar por Baionetas: O Dia em Que Quase Entrou em The Patriot

🎬 E se Jude Law tivesse trocado a sua elegância britânica por um uniforme vermelho e um sotaque maníaco ao serviço do império? Por pouco isso não aconteceu. O galã de olhos claros que nos deu The Talented Mr. Ripley e Cold Mountainesteve mesmo perto de se juntar a Mel Gibson em The Patriot, o épico da Guerra da Independência realizado por Roland Emmerich. E, convenhamos, a história teria sido muito diferente…

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O Patriota com Sotaque de Oxford?

Em 2000, The Patriot era uma superprodução com cheiro a Oscar e sabor a pipoca. Mel Gibson estava no auge da carreira (antes de… bem, sabermos o que sabemos hoje) e foi pago uns estonteantes 25 milhões de dólares para liderar o filme como Benjamin Martin — uma espécie de Braveheart americano, agricultor de dia e máquina de vingança de noite. Do outro lado da barricada, como o infame coronel britânico William Tavington, entrou Jason Isaacs, hoje conhecido por muitos como Lucius Malfoy, mas que por pouco não ficou sem o papel.

Segundo o próprio Isaacs, numa entrevista recente ao Collider, a produção estava a aguardar resposta de… Jude Law. Sim, o eterno Dickie Greenleaf de Ripley tinha sido o primeiro nome a quem ofereceram o papel do vilão. Durante semanas, o estúdio esperou que Law se decidisse. E, só depois da bênção de Gibson, Law recusou. Isaacs entrou e, com uma gargalhada maquiavélica e muito bigode metafórico, tornou-se num dos vilões mais detestáveis do cinema da época.

O que teria acontecido se Law tivesse dito “sim”?

A pergunta é boa. The Patriot foi filmado antes de The Talented Mr. Ripley estrear e levar Jude Law à sua primeira nomeação ao Óscar. Na altura, era apenas uma aposta promissora, com o charme aristocrático e um talento dramático evidente, mas ainda não a estrela incontornável em que se tornou nos anos seguintes. A presença de Law no papel de Tavington teria provavelmente adicionado uma sofisticação sinistra à personagem. Mas também corria o risco de o colar a papéis de vilão europeu refinado ao serviço de heróis norte-americanos musculados — algo que poderia ter limitado a sua carreira criativa.

Ainda assim, há quem diga que teria sido um passo lógico. Afinal, Heath Ledger, outro actor em ascensão na altura, foi escolhido para interpretar Gabriel, o filho idealista de Mel Gibson. Imaginem só: Ledger e Law, lado a lado, a representar os dois lados de uma guerra — um com caracóis dourados e esperança no olhar, o outro com sotaque cortante e uma baioneta nas costas. Teria sido icónico? Possivelmente. Mas também teria afastado Law de papéis mais subtis e complexos.

Tudo acabou por correr bem (para quase todos)

Jason Isaacs agarrou o papel com unhas e dentes (e dentes afiados, já agora) e ofereceu-nos um vilão absolutamente detestável, como manda a tradição dos filmes de guerra de Hollywood. Jude Law, por sua vez, trocou a guerra de independência americana pela guerra civil americana em Cold Mountain, onde brilhou ao lado de Nicole Kidman e voltou a ser nomeado ao Óscar. E Mel Gibson… bem, o Mel Gibson dessa época já é outra história.

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The Patriot continua a ser visto como um dos grandes épicos do início dos anos 2000, ainda que recheado de licenças históricas e com um tom de bandeira ao vento. Mas agora sabemos que, num universo paralelo, esse vilão impiedoso podia ter sido Jude Law, com a sua beleza melancólica a fazer-nos duvidar de que lado deveríamos realmente estar.

O Patriota pode ser visto em streaming no Netflix e no Prime Video, e pode ser alugado no AppleTV

O 007 que Nunca Vimos: Danny Boyle e o Roteiro de Bond Enterrado em Moscovo

🎬 O que aconteceria se Danny Boyle tivesse feito um filme de James Bond? A pergunta paira no ar desde 2018, quando o aclamado realizador britânico abandonou repentinamente a cadeira de realizador do 25.º filme da saga, aquele que viria a ser No Time To Die. Agora, com 28 Years Later nos cinemas e Boyle de novo em destaque, o cineasta revela a sua “única” grande mágoa: o filme de 007 que nunca viu a luz do dia.

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Um 007… na Rússia?

Segundo o próprio Danny Boyle, a visão que tinha para o espião britânico não era menos do que ousada — e, ironicamente, seria extremamente relevante nos dias que correm. A ideia, concebida em parceria com o argumentista John Hodge (TrainspottingA Praia), passava por levar Bond de volta às suas origens soviéticas, com um enredo passado integralmente na Rússia contemporânea.

“Aquilo era bom. Era mesmo bom. John Hodge escreveu um argumento excelente”, lamenta Boyle. “Mas eles [os produtores] perderam a confiança.”

Sim, a visão de Boyle e Hodge pretendia afastar-se do formato tradicional da saga — algo que, segundo o próprio realizador, os responsáveis da franquia dizem querer… até realmente o verem. “Querem originalidade, mas não demasiada”, atira.

Uma Separação por “Diferenças Criativas”

Em 2018, quando o projecto ainda era envolto em segredo, foi oficialmente anunciado que Boyle tinha abandonado o filme por “diferenças criativas”. Só mais tarde ficámos a saber que não era uma diferença qualquer — era um desacordo fundamental sobre o que James Bond deve ou não ser.

Boyle não quis abrir mão do argumento de Hodge, nem sacrificar a liberdade artística em nome da fórmula da saga. “Tenho uma relação muito intensa e leal com o John. E eu não ia mudar isso”, explicou.

No fim, o filme acabou por ser entregue a Cary Joji Fukunaga (True DetectiveBeasts of No Nation), com No Time To Diea ser lançado em 2021 como o adeus de Daniel Craig ao papel. E sim, é um filme sólido… mas agora não conseguimos parar de imaginar aquele Bond exilado em Moscovo, a revisitar o seu passado, envolto numa atmosfera fria, melancólica e possivelmente politicamente explosiva.

Será que ainda vamos ver o Bond de Boyle?

Provavelmente não. “Esse navio já partiu”, afirmou o realizador de Slumdog Millionaire. A não ser que os estúdios queiram escavar esse guião “perdido” e, quem sabe, explorar outras narrativas fora da linha principal da saga. Afinal, com a Amazon a assumir agora o controlo criativo do franchise após décadas de domínio de Barbara Broccoli e Michael G. Wilson, tudo parece estar em cima da mesa… e essa instabilidade talvez seja o melhor argumento possível para uma ideia realmente arrojada.

Quem será o próximo 007?

Com Daniel Craig oficialmente reformado e os rumores a multiplicarem-se mais depressa que martinis batidos (não mexidos), nomes como Aaron Taylor-Johnson, Idris Elba, Tom Hardy e James Norton continuam na roleta do possível novo Bond. Pierce Brosnan já disse que o próximo deveria ser “obrigatoriamente britânico” — esquecendo-se, claro, que ele próprio é irlandês e que George Lazenby era australiano.

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O que é certo é que, seja quem for o escolhido, vai herdar não só um smoking e uma Walther PPK, mas também a sombra de um filme alternativo que poderia ter reescrito as regras — e que, pelas palavras de Danny Boyle, merecia mesmo ter sido feito.

Antes de Conan, Houve Kull: O “Barbaro Esquecido” Que Inspirou Tudo

Muito antes de Arnold brandir a espada como Conan, já havia um rei bárbaro com machado em punho a abrir caminho no imaginário de Robert E. Howard. O seu nome? Kull. E em 1997, esse nome regressou dos confins da história mítica para as prateleiras das videoclubes, com Kevin Sorbo a encarnar a versão cinematográfica de Kull: The Conqueror, um “primo espiritual” dos filmes de Conan que a maioria dos fãs já esqueceu — ou talvez nunca tenha conhecido.

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O irmão mais velho de Conan… mas no ecrã só apareceu depois

Kull, tal como Conan, nasceu da pena de Howard, mas cronologicamente é o antepassado do Cimeriano. Viveu na Thurian Age, a era que precede a catástrofe que daria origem à famosa Hyborian Age — o palco das aventuras de Conan. No entanto, o que poucos sabem é que o próprio Kull foi a semente original do mito que depois se tornaria Conan. A história “By This Axe, I Rule!” foi a base de “The Phoenix on the Sword”, o primeiro conto de Conan. Ou seja, sem Kull, não haveria Conan.

Kevin Sorbo, cabelo preto e machado: os ingredientes dos anos 90

Conhecido por dar vida a Hércules na televisão, Kevin Sorbo era, nos anos 90, sinónimo de mitologia em tronco nu. Quando os produtores de Conan perceberam que Schwarzenegger não voltaria à espada e ao escudo, viraram-se para outra criação de Howard: Kull.

Sorbo, de cabelo preto e franja rigorosa, empunha um machado e enfrenta feiticeiras demoníacas, cidades em ruínas e bandas sonoras de guitarras eléctricas dignas de um álbum de heavy metal. Rodado na Eslováquia, Kull: The Conquerormistura o kitsch encantador da sua época com sequências de acção generosas e uma reviravolta de adivinha no final que, sejamos honestos, parece saída de um RPG de mesa dos anos 80.

Infelizmente, apesar de estrear nos cinemas, o filme acabou por ter vida longa (e mais feliz) em VHS, tornando-se uma espécie de clássico de culto entre fãs de fantasia musculada e fãs de Robert E. Howard.

Kull vs. Conan: não é só o nome que muda

Embora ambos sejam guerreiros indomáveis, há diferenças significativas nas suas origens e personalidades. Kull é Atlante, com raízes numa civilização perdida e refinada; Conan é tribal, mais bruto e instintivo. Kull é introspectivo, quase filosófico. Conan é puro instinto. Onde um pondera, o outro esmaga. São dois lados da mesma moeda bárbara.

Um legado que ficou nas sombras

Enquanto Conan conquistava o mundo com a força de Schwarzenegger e frases como “Crush your enemies!”, Kull teve de se contentar com o estatuto de “primo afastado”. Mas há mérito em Kull: The Conqueror. É um relicário da estética noventista, com espadas, monstros, e uma sinceridade quase comovente no seu exagero.

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Se o teu coração bate mais rápido ao som de uma banda sonora sinfónica acompanhada por um grito de guerra num desfiladeiro rochoso… então talvez seja hora de redescobrires Kull. Porque antes de Conan esmagar crânios, Kull já dominava reinos.

Seth Rogen e a Audição de Gigli Que Quase “Lhe Acabava a Carreira” 🤯

A comédia falhada que deu origem ao mito Bennifer… e que quase arruinava Seth Rogen antes mesmo de começar.

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Antes de ser o rei das comédias “fumadas” e o eterno bro de James Franco, Seth Rogen era apenas um jovem ator canadiano com muita vontade de impressionar. E foi precisamente isso que tentou fazer… numa audição para um dos maiores desastres cinematográficos dos anos 2000: Gigli.

Sim, esse Gigli. Aquele filme com Ben Affleck e Jennifer Lopez que custou mais de 70 milhões de dólares e arrecadou apenas 7 nas bilheteiras — e que ainda hoje ostenta uns generosos 6% de aprovação no Rotten Tomatoes. Uma obra-prima do cringe moderno.

Mas voltemos ao nosso herói.

“Se esta cassete sair cá para fora, a minha carreira acabou!”

Seth Rogen contou no programa Jimmy Kimmel Live que, há mais de 20 anos, fez uma audição para o papel de Brian — o jovem com deficiência cognitiva que acaba raptado por Affleck e Lopez — um papel que acabou por ir para Justin Bartha (The Hangover).

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Segundo o próprio Rogen, o guião da época não era exatamente sensível ou progressista na abordagem da personagem. Mas isso não o impediu de dar tudo por tudo. “Eu queria tanto impressionar que… bem, digamos que foi um erro,” confessou com um misto de vergonha e riso nervoso.

“Tive a tentação de fazer aqui uma imitação da audição… mas não posso. É tão má. Tão má. Seria o fim da minha carreira.” — Seth Rogen

O momento mais desconfortável (e hilariante)? Rogen admite que “não chegou a levar capacete para a audição, mas esteve em cima da mesa”. Humor negro à parte, percebe-se que o ator fala com total consciência de como o contexto mudou — e de como certas escolhas já não têm lugar.

Hollywood escapou… e Seth também

O mais curioso é que, segundo Rogen, se aquela gravação existisse em formato digital e viesse a público, ele estaria hoje numa tour de pedidos de desculpas e não a promover o seu novo trabalho.

“Se alguém tiver essa fita, por favor queime-a. Ou vendam-ma. Eu compro-a!”

A verdade é que Gigli foi um monumental fracasso — mas talvez o melhor que aconteceu a Seth Rogen. Escapou de uma comédia romântica que virou meme antes dos memes serem moda, e teve tempo de encontrar o seu verdadeiro talento com Virgem aos 40 AnosKnocked Up e Superbad.

Se calhar, até devíamos agradecer ao destino por essa audição ter corrido tão mal.