
De ovação a vaias, de lágrimas a saídas a meio: quando Cannes vira campo de batalha entre público e cinema
Cannes é o berço da cinefilia sofisticada… mas também um dos maiores palcos de polémica cinematográfica do mundo. Todos os anos, há filmes que fazem o público levantar-se para aplaudir durante dez minutos — ou sair a meio, encolhido de desconforto. Eddington, de Ari Aster, é só o mais recente exemplo de uma longa tradição de cinema que arrisca, que provoca — e que muitas vezes divide.
ver também: 🧨 Eddington Divide Cannes — Mas Faz Joaquin Phoenix Chorar com Ovação de Pé
Aqui ficam 7 filmes que incendiaram o Festival de Cannes, pelas melhores (ou piores) razões:
🎞️ Irreversível(2002), de Gaspar Noé
O filme começa ao contrário e contém uma das cenas mais violentas e perturbadoras de sempre. Protagonizado por Monica Bellucci e Vincent Cassel, Irreversível levou centenas de pessoas a abandonar a sala. Gritos, desmaios e protestos marcaram a sessão.

Está disponível para streaming no Filmin e para aluguer no Prime Video
🎞️ The House That Jack Built (2018), de Lars von Trier
Depois de anos banido de Cannes, Von Trier regressou… e trouxe consigo um serial killer que decapita, tortura e ri-se disso tudo. Algumas pessoas saíram a meio em protesto. Outras ficaram… para aplaudir de pé. Cannes puro.

🎞️
The Neon Demon (2016), de Nicolas Winding Refn
Estética obsessiva, canibalismo metafórico e a vacuidade do mundo da moda. Refn, que já dividira opiniões com Only God Forgives, levou Cannes ao limite com esta fábula sombria onde Elle Fanning brilha… e sangra.

🎞️ Titane (2021), de Julia Ducournau
Uma mulher engravida de um automóvel. E isto é só o começo. Titane levou a Palma de Ouro, mas houve quem saísse em choque. Outros viram nela uma revolução estética, brutal e corporal. Amor ou ódio, não há meio-termo.

🎞️Enter the Void (2009), de Gaspar Noé
Sim, ele de novo. Uma viagem psicadélica pela vida e morte em Tóquio, do ponto de vista de uma alma fora do corpo. Imagens estroboscópicas, câmaras flutuantes e um público a sair zonado — literal e emocionalmente.

🎞️ Holy Motors (2012), de Leos Carax
Denis Lavant muda de personagem como quem muda de camisa — de banqueiro a mendigo, de criatura CGI a assassino. Um exercício surrealista, enigmático, que deixou críticos maravilhados… e espectadores a perguntar “o que é que eu acabei de ver?”.

🎞️ Climax (2018), de Gaspar Noé (sim, outra vez)
Começa como um musical… e acaba como um pesadelo ácido. Um grupo de bailarinos numa festa que descamba em terror colectivo. Foi aplaudido, vaiado e, claro, abandonado por alguns.

Eddington está em boa companhia
Ari Aster junta-se agora a este panteão de realizadores que não jogam pelo seguro. Com Eddington, trouxe para Cannes uma mistura explosiva de sátira política, drama social e estética de western contemporâneo. E como todos os anteriores, foi aplaudido de pé… e também abandonado a meio.
Porque no fim, é isso que faz de Cannes o que é: um festival onde o cinema é levado até ao limite, onde os cineastas ousam — e onde o público responde, sem filtros.
ver também :
No comment yet, add your voice below!