A décima edição do AnimaPIX, o festival de animação realizado na ilha do Pico, nos Açores, encerrou mais um capítulo memorável — daqueles que deixam marca não só no panorama artístico nacional, mas também na alma de quem participa. Pequeno em escala, gigantesco em ambição, o festival reafirmou aquilo que já todos sabíamos: a animação portuguesa vive um momento de ouro, e o Pico continua a ser um dos seus palcos mais especiais.
Abi Feijó e Regina Pessoa: Quatro Décadas de Magia Animada
Os nomes maiores da animação portuguesa regressaram ao arquipélago, e o Pico recebeu-os como se recebe família.
Abi Feijó e Regina Pessoa, fundadores da Casa Museu de Vilar e mestres incontornáveis do cinema de animação, apresentaram uma retrospectiva de 40 anos de carreira. Ambos foram também jurados desta edição e receberam o MiratecArts Prémio Atlante, com Regina a acumular ainda um papel particularmente simbólico: o de madrinha do festival e ilustradora do cartaz que celebra a sua primeira década..
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Numa conversa à Rádio Pico, Abi Feijó sintetizou a magia do AnimaPIX:
“Quanto mais pequenino, mais facilmente se estabelecem laços. Aqui podemos usufruir do tempo, o que é muito bom.”
Regina Pessoa completou:
“É um privilégio voltar e aprofundar este laço.”
É difícil pensar numa definição mais perfeita para este festival que teima — orgulhosamente — em manter-se próximo, íntimo e humano.

Os Talentos que Estão a Moldar o Futuro da Animação Portuguesa
O público teve ainda oportunidade de ouvir e interagir com os vencedores do Prémio AnimaPIX, desde 2021 até 2025.
Pela primeira vez na ilha montanha, Alexandra Ramires, Alice Eça Guimarães, João Gonzalez, Laura Gonçalves e Maria Trigo Teixeira apresentaram as suas curtas-metragens premiadas internacionalmente e partilharam reflexões sobre o processo criativo, a repercussão do cinema português lá fora e o futuro da animação.
A eles juntaram-se os cineastas António Alves e Cláudio Jordão, a professora Elsa Cerqueira e Fernando Galrito, director da MONSTRA — o maior festival de animação do país.
Um verdadeiro encontro intergeracional que reforçou o papel do Pico como ponto de encontro entre mestres, criadores emergentes e público curioso.
Um Festival Pequeno apenas no Nome

O director artístico e fundador do AnimaPIX, Terry Costa, não esconde o orgulho:
“Momentos incríveis com a melhor turma do sector que qualquer um poderia imaginar. Esperamos ter inspirado centenas de crianças, jovens e educadores, levando consigo lições para a vida.”
E há números que contam histórias.
Enquanto a MONSTRA exibe mais de 450 filmes, o AnimaPIX, fiel ao seu espírito, limita-se a 75. Não porque lhe faltem obras — mas porque a prioridade é outra: o impacto humano.
Terry Costa recorda ainda um feito impressionante:
“O melhor ano do festival trouxe 1400 pessoas à Biblioteca Auditório da Madalena — 10% da população da ilha.”
Para muitos, foi a primeira vez num centro cultural ou a primeira vez a ver cinema numa tela grande.
É essa democratização cultural — feita com carinho, persistência e visão — que transforma o AnimaPIX num evento verdadeiramente singular.
Um Festival para Crianças… e para a Criança em Todos Nós
Há quem pense que animação é território exclusivo do público infantil. O AnimaPIX insiste, todos os anos, em provar o contrário.
Como diz Terry Costa:
“O festival não é só para crianças, é para a criança em todos nós.”
E talvez seja essa a sua maior força: conseguir que profissionais consagrados, jovens criadores, famílias, educadores e curiosos vivam a mesma experiência, no mesmo espaço, com a mesma disponibilidade para aprender e maravilhar-se.
O Futuro Aponta para 2026
A próxima edição já está marcada:
📅 1 a 6 de dezembro de 2026
As submissões abrem a 1 de janeiro.
A parceria com a Câmara Municipal da Madalena e o apoio da Direção Regional da Cultura continuam a sustentar a visão da MiratecArts — uma visão que aposta na cultura como motor de comunidade, descoberta e crescimento.
E se esta década nos ensinou alguma coisa, é que o AnimaPIX não é apenas um festival.
É um lugar de encontro.
É um gesto de afecto pela arte.
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É uma celebração da imaginação — sempre de portas abertas para quem quiser entrar.


































