
O programa foi cancelado. Eu não.” — Colbert transforma despedida em ataque político feroz e viraliza com críticas ao ex-presidente dos EUA
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Stephen Colbert não perdeu tempo. Na sua primeira emissão após o anúncio do fim do The Late Show, o apresentador norte-americano deixou o recado bem claro: “Estão abertas as hostilidades”. E o principal alvo? Donald Trump — e a própria CBS, o canal que o demitiu.
O programa, no ar desde 1993 (quando era apresentado por David Letterman), será oficialmente cancelado em maio de 2026. Mas Colbert parece ter transformado o que poderia ser uma despedida melancólica num verdadeiro campo de batalha humorístico e político. E, como sempre, fê-lo com afiada ironia e sem papas na língua: “Trump pode ter festejado o fim do meu programa, mas eu ainda não acabei.”
“Vai-te f****, Trump.”
Foi assim, sem rodeios, que Colbert reagiu à celebração do ex-presidente na sua plataforma Truth Social, onde escreveu: “Adorei que o Colbert tenha sido despedido. O talento dele era ainda menor que a audiência.”
A resposta chegou no tom que só Stephen Colbert sabe dar: “Sempre sonhei que um dia um presidente em exercício celebrasse o fim da minha carreira. E não é que aconteceu?” — atirou, entre aplausos. Mas rapidamente o tom mudou para algo mais sério: acusou a CBS de se ter “dobrado” a Trump ao pagar um “suborno disfarçado” de 16 milhões de dólares, após o ex-presidente processar a cadeia televisiva por uma entrevista com Kamala Harris.
CBS diz que foi “uma decisão financeira”. Colbert não acredita.
A cadeia norte-americana justificou o cancelamento com uma alegada perda de 40 milhões de dólares no último ano. Colbert ironizou dizendo que até aceita a culpa por 24 milhões — os outros 16, insinua, foram o “presente” para Trump.
À porta do Ed Sullivan Theater, onde o programa é gravado, manifestantes empunhavam cartazes com frases como “Colbert fica! Trump tem que sair!”. E dentro do estúdio, o ambiente foi de resistência festiva.
Cold opens, protestos e… Sandra Oh em fúria
A tradicional “cold open” do programa atacou Trump por querer que os Washington Commanders voltassem ao nome anterior (considerado ofensivo para os nativos americanos) e ainda o associou, com humor negro, a Jeffrey Epstein. Seguiram-se momentos surreais, como a actuação de Lin-Manuel Miranda e Weird Al Yankovic, com uma versão de Viva La Vida, interrompida por uma “carta oficial” que cancelava a canção — “uma decisão puramente financeira”, claro.
A actriz Sandra Oh, convidada especial da noite, não se conteve e lançou uma maldição bem clara: “Uma praga sobre a CBS e a Paramount.” Colbert, emocionado, ouviu-a elogiar a sua coragem e legado. Dave Franco também prestou homenagem ao percurso do humorista, desde The Daily Show até à actualidade.
Entre o público, uma verdadeira assembleia de estrelas e aliados: Anderson Cooper, Jimmy Fallon, Jon Stewart, John Oliver, Adam Sandler, Triumph the Insult Comic Dog e muitos mais — num claro sinal de solidariedade e despedida antecipada.
Um humorista com missão
Stephen Colbert tornou-se, nos últimos anos, numa figura de confiança para milhões de americanos — especialmente durante a pandemia, quando transmitia a partir da arrecadação da sua casa. O seu humor político, sempre bem informado, feroz e cativante, tem sido uma constante na crítica ao trumpismo e ao estado da democracia americana.
O cancelamento do Late Show poderá marcar o fim de um ciclo — mas Colbert já avisou: “Cancelaram o programa, mas não me cancelaram a mim.” E se o monólogo desta segunda-feira for indicativo do que está para vir… ainda há muito por dizer.
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