
Apesar dos elogios da crítica, o novo filme original da Pixar regista a pior estreia da história do estúdio. Peter Docter mantém-se firme na defesa de histórias originais, mas o futuro parece cada vez mais incerto.
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A Pixar tem atravessado tempos complicados. No meio de uma indústria cinematográfica ainda a recuperar dos efeitos da pandemia, e com o público cada vez mais rendido ao conforto das sequelas e universos partilhados, o estúdio da lâmpada tentou arriscar. Mas “Elio”, o seu mais recente filme original, não conseguiu conquistar o público — pelo menos, ainda não.
Com críticas bastante positivas (no Rotten Tomatoes soma mais de 80% de aprovação), “Elio” abriu nas bilheteiras com os piores resultados de sempre para um filme Pixar. Um verdadeiro balde de água fria para o estúdio que, nos últimos anos, tem feito questão de apostar em novas ideias, mesmo que o mercado continue a recompensar os velhos sucessos.
“Não queremos fazer o Toy Story 27”
O diretor criativo da Pixar, Peter Docter, esteve recentemente presente no Most Innovative Companies Summit da Fast Company e não escondeu as dificuldades de criar obras originais num mundo sedento de familiaridade. “Temos de descobrir o que as pessoas querem antes de elas saberem que querem”, disse Docter. “Porque se apenas lhes dermos mais do que já conhecem, estaríamos a fazer o Toy Story 27.”
Depois de Toy Story 4 (2019), a Pixar apostou forte em ideias novas com filmes como Onward, Soul, Luca e Turning Red. Contudo, a pandemia arrasou qualquer hipótese de sucesso nas bilheteiras para esses títulos, que chegaram maioritariamente através do Disney+. O primeiro grande teste pós-COVID foi Elemental, que começou fraco mas acabou por recuperar o fôlego e ser considerado um sucesso tardio. Agora, esperava-se que Elio seguisse esse caminho… mas os sinais não são animadores.
Cinco anos de risco e incerteza
Docter revelou também que cada filme da Pixar leva em média cinco anos a ser desenvolvido, o que complica qualquer tentativa de antecipar tendências. “É um jogo imprevisível. E dá o mesmo trabalho fazer um filme que falha, do que um que é um sucesso.”
Esse tempo de maturação tem sido, historicamente, uma das maiores qualidades da Pixar — mas hoje é também um risco acrescido. A cultura pop muda de semana a semana, e acertar no tom e no tema certos, meia década depois, é um tiro no escuro.
E agora, Pixar?
Apesar deste tropeção com Elio, a Pixar não abdica da sua aposta nos filmes originais. “Hoppers”, com estreia prevista ainda este ano, é a próxima história inédita. Depois, regressam as sequelas com Toy Story 5, seguidas por Gatto (mais um original em 2026), e finalmente, Os Incríveis 3 e Coco 2.
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Ou seja, o estúdio de Up e Wall-E caminha agora numa corda bamba entre a segurança das marcas que o público já conhece e ama, e a vontade de continuar a inovar e surpreender. Mas se nem Elio conseguir encontrar o seu lugar ao sol, talvez seja mesmo o fim da era em que a Pixar ousava criar mundos do zero.
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