
Apesar do prejuízo financeiro, o adeus de Harrison Ford ao icónico arqueólogo trouxe um feito histórico: o regresso do público adulto às salas de cinema
Indiana Jones e o Marcador do Destino não foi, de todo, o sucesso que a Disney desejava. A quinta e (muito provavelmente) última aventura de Harrison Ford no papel do arqueólogo mais famoso do cinema terminou a sua exibição com um sabor agridoce: fracassou nas bilheteiras… mas alcançou algo que nenhuma superprodução conseguiu desde a pandemia.
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Realizado por James Mangold e com um orçamento colossal estimado entre 295 e 330 milhões de dólares (sem contar com os custos de marketing), o filme acabou por arrecadar cerca de 384 milhões a nível global. Longe dos 600 a 800 milhões necessários para gerar lucro. No papel, foi um desastre económico.
Mas e se o sucesso não estiver apenas nos números?
O verdadeiro triunfo de O Marcador do Destino foi sociológico: conseguiu trazer os adultos de volta ao cinema. Desde a pandemia, o público com mais de 40 anos tem sido o mais relutante em regressar às salas, preferindo o conforto do streaming. Nem Avatar: O Sentido da Água, com todo o seu espectáculo visual, conseguiu convencê-los. Mas Indy, com o seu chapéu e chicote, conseguiu.
Em 2023, a CBS divulgou um estudo que mostrava que, antes da pandemia, os maiores de 40 anos compravam cerca de 41% dos bilhetes de cinema na América do Norte. Desde então, esta percentagem caiu drasticamente. Indiana Jones e o Marcador do Destino quebrou esse padrão.
Segundo dados partilhados pela Screen Daily, 21% dos espectadores tinham mais de 54 anos, 19% estavam entre os 45 e os 55 anos e outros 19% entre os 34 e os 44. Apenas 13% tinham entre 18 e 24 anos, sinal claro de que esta aventura não seduziu o público jovem — ao contrário, por exemplo, de Top Gun: Maverick, que conseguiu conquistar todas as faixas etárias.
Um adeus nostálgico para os que cresceram com Indy
A verdade é que O Marcador do Destino foi feito para os fãs de longa data. Para os que viram Os Salteadores da Arca Perdida no cinema. Para os que dançaram ao som da fanfarra de John Williams enquanto brincavam com chicotes de brincar no quintal. Estes voltaram — mesmo que em menor número e com menos pressa do que os estúdios gostariam.
E isso pode explicar parte do desfasamento nas receitas: os adultos não correm para as estreias, mas vão aparecendo aos poucos. Talvez o filme tenha tido uma longevidade de bilheteira que os grandes estúdios, cada vez mais obcecados com o primeiro fim-de-semana, deixaram de saber valorizar.
Harrison Ford despede-se — e deixa um legado
Independentemente dos números, este foi o adeus oficial de Harrison Ford a Indiana Jones, personagem que interpretou durante mais de quatro décadas. E talvez esse seja o verdadeiro valor do filme: oferecer uma despedida emocional a uma geração que o acompanhou desde os anos 80 — e que, por uma última vez, voltou ao cinema para o ver em acção.
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