
O Festival de Espinho celebrou o novo cinema com prémios que reflectem os grandes temas do nosso tempo: educação, crise habitacional, identidade e criatividade sem fronteiras
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Terminou a 21.ª edição do FEST – Festival Novos Realizadores, Novo Cinema, e com ela chegou um palmarés que reflecte bem a inquietação do mundo contemporâneo. O grande vencedor? Lesson Learned, do realizador húngaro Bálint Szimler, que levou para casa o Lince de Ouro na categoria de Ficção. O filme, que mergulha fundo nos desafios da educação, impressionou o júri pela forma como dá corpo a uma problemática que afeta toda uma geração.
Mas a competição esteve longe de se esgotar aqui. Na mesma categoria, foi atribuída uma menção honrosa a Mad Bills to Pay (or Destiny, dile que no soy malo), de Joel Alfonso Vargas — uma história de amadurecimento neo-realista, onde a liberdade e o desejo colidem com as escolhas difíceis da vida.
Portugal em destaque com “Business as Usual”
O Grande Prémio Nacional foi para Business as Usual, de Pedro Vinícius. O filme conquistou o júri com o seu retrato criativo e acutilante da crise habitacional, evocando a desumanização das cidades através do som e da imagem. Uma crítica urbana, certeira e bem construída.
Duas menções honrosas vieram reforçar o talento nacional: Agente Imobiliário sem Casa para Viver, de Filipe Amorim, destacou-se pela sua sátira irreverente e energética, enquanto A Fronteira Azul, de Dinis Miguens Costa, convenceu pela visão artística e execução técnica irrepreensíveis.
Os Linces de Prata e a força do cinema de autor
Na ficção, o Lince de Prata foi para Family Sunday, de Gerardo Del Raso, uma incursão honesta e tecnicamente brilhante por um bairro difícil, enquanto Sammi, Who Can Detach His Body Parts, de Rein Maychaelson, levou uma menção honrosa pelos seus temas de género e comentário social com toque surrealista.
No campo documental, o Lince de Ouro foi para Songs of Slow Burning Earth, de Olha Zhurba, um olhar poderoso e humanista sobre uma sociedade em guerra. O Lince de Prata foi para Berthe is Dead But It’s Ok, de Sacha Trilles — que, curiosamente, venceu também o Prémio do Público na curta-metragem. Uma obra tocante que presta homenagem a uma personagem “maior que a vida”. Ainda no documentário, houve espaço para mais criatividade com What If We Run Out of Stones?, de Nora Štrbová, distinguido por lembrar que o cinema ainda tem muito para inventar.
Da animação ao experimental — sem esquecer o público
Na Animação, venceu The Crooked Heads, de Jakub Krzyszpin, com menção honrosa para Larval, de Alice Bloomfield. No cinema experimental, Medical Field Guide or Rules of Engagement With Native E-girls, de Andran Abramjan e Jan Hofman, destacou-se pela ousadia formal, sendo acompanhado por The Land of Abandonment, de Eliška Lubojatzká.
Na secção NEXXT, dedicada a talentos emergentes, venceu Punter, também de Eliška Lubojatzká, e foram distinguidos The Dam, de Giovanni Pierangeli, e Karaokiss, de Mila Ryngaert.
Por fim, o Prémio do Público na longa-metragem foi para Manas, de Marianna Brennand, confirmando que, para além do júri, o público também reconhece e valoriza novas vozes no cinema.
Espinho volta a ser capital do novo cinema
Durante uma semana, Espinho foi o palco vibrante de mais de 80 filmes em competição, 170 sessões no total e um programa formativo que trouxe 40 profissionais de topo da indústria para partilhar saber, visão e paixão pelo cinema.
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Mais do que um festival de cinema, o FEST é uma celebração de ideias, talento e futuro — e esta edição provou que os novos realizadores estão mais do que prontos para dar cartas no cinema mundial.
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