
Leïla Bekhti e Jasmine Trinca brilham num drama histórico sobre maternidade, exclusão e resistência feminina 
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Se pensarmos na palavra “escola”, provavelmente poucos nomes surgem tão associados à inovação pedagógica como o de Maria Montessori. Mas quem era, afinal, esta mulher que ousou desafiar o sistema educativo no virar do século XX? A resposta chega já a 12 de junho com Maria Montessori, um filme biográfico que promete muito mais do que uma simples aula de História.
Realizado por Léa Todorov e com argumento coassinado pela própria realizadora e por Catherine Paillé, Maria Montessori mergulha nas camadas íntimas da vida desta médica italiana – a primeira a exercer medicina em Itália – que revolucionou a pedagogia com um método centrado na autonomia, liberdade e respeito pelas crianças.
Mas o filme não se limita a traçar o percurso da cientista. Maria Montessori é, acima de tudo, um retrato de duas mulheres que ousaram viver fora das regras: Montessori, interpretada por Jasmine Trinca, e Lili d’Alengy, uma cortesã parisiense vivida por Leïla Bekhti, que esconde uma filha com deficiência. É em Roma que os caminhos destas duas figuras improváveis se cruzam, num encontro que muda o rumo das suas vidas e que dá corpo a um drama de forte intensidade emocional.
Mulheres à frente do seu tempo… e sozinhas no mundo
O que une estas duas mulheres, aparentemente de mundos distintos, é a luta silenciosa contra a repressão social e o preconceito. Ambas guardam segredos – Maria tem um filho nascido fora do casamento, Lili tenta proteger a filha das garras do estigma. Em comum têm a maternidade não convencional e a coragem de não baixarem os braços. E é na relação entre elas que o filme encontra o seu coração.
Não estamos perante uma narrativa empacotada num arco tradicional de superação. Maria Montessori assume-se como um drama delicado, de olhar humanista, onde a câmara dá tempo às emoções e espaço aos silêncios. A realização de Léa Todorov é sensível e contenida, deixando que as personagens respirem e que o espectador mergulhe nas suas angústias e esperanças.
Uma história comovente… e politicamente atual
A pedagogia de Montessori não serve aqui apenas como pano de fundo, mas como motor simbólico de transformação. A sua visão sobre a infância, até então encarada com desdém e violência institucional, é apresentada como um gesto de revolução silenciosa. E, num mundo onde as vozes femininas ainda lutam para serem ouvidas, o filme ganha uma ressonância política inesperada e necessária.
Maria Montessori estreia em exclusivo nos cinemas UCI a 12 de junho. Mais do que um filme biográfico, é uma homenagem à persistência feminina, ao poder da empatia e à urgência de dar espaço às histórias que nunca chegaram aos manuais escolares. Preparem os lenços… e os aplausos.
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