
Cineasta discreto mas marcante, Benton deixa uma obra comovente, premiada e profundamente humana
Faleceu aos 92 anos Robert Benton, realizador e argumentista norte-americano, uma figura essencial do cinema das décadas de 1960 e 1970. A notícia foi confirmada esta terça-feira ao The New York Times pela sua agente, Marisa Forzano. Apesar de ter assinado apenas cerca de uma dezena de longas-metragens, Benton é considerado um dos grandes contadores de histórias do cinema americano — um realizador que privilegiava a emoção, os silêncios e as personagens.
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Kramer vs. Kramer: o auge de uma carreira feita de sensibilidade
O seu filme mais célebre, Kramer vs. Kramer (1979), foi um marco na forma como o cinema retratou os divórcios, as relações familiares e a dor de um conflito entre pais separados. A obra valeu-lhe cinco Óscares — Melhor Filme, Melhor Ator (Dustin Hoffman), Melhor Atriz Secundária (Meryl Streep), Melhor Realizador e Melhor Argumento Adaptado.
A crítica viu em Benton um herdeiro direto de François Truffaut, e não foi por acaso: os estúdios chegaram a oferecer o projeto Kramer vs. Kramer ao realizador francês, antes de confiarem a missão ao texano discreto e sensível que viria a fazer história.
Antes disso, Bonnie and Clyde
Benton começou por se destacar como argumentista de um dos filmes mais icónicos da Nova Hollywood: Bonnie and Clyde (1967). A abordagem estética arrojada, o retrato do famoso casal de criminosos e o tom quase poético da violência abriram caminho para uma nova era no cinema norte-americano. Benton coescreveu o guião com David Newman — e a sua reputação ficou cimentada.
Outros filmes com marca de autor
Outro título marcante da sua carreira foi Um Lugar no Coração (1984), com Sally Field no papel de uma viúva texana durante a Grande Depressão. O filme valeu-lhe mais um Óscar de Melhor Argumento, o Urso de Prata de Melhor Realização em Berlim e ainda o Óscar de Melhor Atriz para Field.
Mais tarde, em Vida Simples (1994), voltou a ser nomeado para os Óscares pelo argumento. Paul Newman brilhou no papel principal e venceu o Urso de Prata em Berlim — mais um exemplo da capacidade de Benton em tirar interpretações memoráveis dos atores, mesmo quando fazia questão de se desvalorizar.
“Há realizadores que sabem extrair o melhor dos atores. Eu não sou um deles”, disse em 2018, com o humor modesto que sempre o acompanhou. “Tentei não atrapalhar… o que não é assim tão fácil.”
Um cineasta raro
Robert Benton deixa um legado pequeno em quantidade, mas imenso em qualidade. Os seus filmes nunca foram artificiais nem excessivos. Tinham o tom certo, o tempo certo, e acima de tudo, a humanidade certa.
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