
Dificuldades económicas forçam o encerramento do espaço criado pelo Bruce Lee Club, meses antes do 85.º aniversário da lenda das artes marciais
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Fechar portas, mas não baixar os braços
Num gesto carregado de simbolismo, um grupo de fãs reuniu-se esta terça-feira no modesto museu de Bruce Lee em Kwun Tong, Hong Kong, para se despedir — novamente — de um espaço inteiramente dedicado à lenda das artes marciais. O motivo do encerramento? As despesas acumuladas e a fraca recuperação pós-pandemia, que tornaram o projeto insustentável.
O museu, gerido pelo Bruce Lee Club — fundado pela família do ator — albergava mais de duas mil peças, incluindo revistas raras e uma escultura monumental da icónica postura de combate de Lee. Mas, pela segunda vez em menos de uma década, o sonho de preservar este acervo para as gerações futuras esbarra na realidade económica.
Um museu com história… e com obstáculos
A primeira versão do museu abriu em 2001 no bairro movimentado de Yau Ma Tei, encerrando em 2016 após um aumento abrupto da renda. Em 2019, o clube relançou o projeto em Kwun Tong, numa zona industrial menos central — e menos cara. Infelizmente, o renascimento coincidiu com um dos períodos mais turbulentos da cidade: os protestos pró-democracia e, pouco depois, a pandemia de COVID-19, que arrasou com o turismo.
Segundo o comunicado oficial do clube:
“Antecipávamos uma recuperação, mas na realidade não se concretizou. As despesas acumuladas ao longo destes seis anos obrigaram-nos a repensar como utilizar os nossos recursos da forma mais eficaz para manter a chama do espírito de Bruce Lee.”
O legado de Bruce Lee: entre o orgulho e o esquecimento institucional
Bruce Lee nasceu em São Francisco, mas cresceu em Hong Kong sob domínio britânico. Foi ali que se iniciou como ator infantil, antes de revolucionar o cinema de ação e se tornar uma das primeiras grandes estrelas asiáticas de Hollywood. Morreu prematuramente, aos 32 anos, em 1973, mas deixou um legado intocável.
O problema, segundo o presidente do clube W. Wong, é a falta de uma estratégia governamental séria para preservar essa herança:
“Falta ao governo de Hong Kong um planeamento contínuo e de longo prazo para preservar o legado de Lee.”
Apesar de várias homenagens — como a estátua de bronze instalada em 2004 na orla de Hong Kong — outras tentativas, como a revitalização da casa onde o ator viveu, acabaram em fracasso. A residência foi demolida em 2019, perante o desânimo dos fãs.
“Jamais desistiremos”
Entre os visitantes que se despediram do museu estava Andy Tong, treinador de artes marciais, que lamentou o encerramento:
“(Bruce Lee) ajudou a construir a imagem dos chineses e dos chineses no estrangeiro no mundo ocidental. É uma grande perda.”
Mas a mensagem final do Bruce Lee Club foi clara: o museu fecha — mas a missão continua.
“Jamais desistiremos de defender o espírito de Bruce Lee.”
Robert Lee, irmão do ator, reforçou esse sentimento:
“Embora o Bruce tenha falecido, o seu espírito continua a inspirar pessoas de todos os tipos. Acredito, mais do que ter esperança, que o espírito de Bruce Lee permanecerá para sempre aqui.”
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Por agora, as caixas armazenam as relíquias. Mas o “Dragão” nunca precisou de paredes para ser eterno.
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