
The Day the Clown Cried reaparece, décadas depois de ser considerado um dos maiores tabus da história do cinema
Durante mais de quatro décadas, The Day the Clown Cried foi o Santo Graal do cinema maldito — um filme envolto em mistério, vergonha e fascínio mórbido. Realizado, escrito e protagonizado por Jerry Lewis em 1972, o filme nunca chegou a ser lançado. Mas agora, como num enredo digno de um thriller cinematográfico, uma cópia completa foi descoberta num cofre bancário na Suécia. Sim, leu bem.
Um palhaço no Holocausto: a premissa que o mundo não estava pronto para ver

Naquilo que só pode ser descrito como uma mistura de audácia criativa e total desorientação ética, Jerry Lewis criou um drama sobre Helmut Doork, um palhaço alemão preso num campo de concentração nazi. A personagem, desgraçada e decadente, acaba por ser forçada a entreter crianças judias… antes de as acompanhar até às câmaras de gás. Tudo isto com momentos “cómicos” pelo meio.
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Durante anos, o filme foi dado como perdido — ou pelo menos incompleto. Jerry Lewis terá saído do set com três bobines de filme debaixo do braço e prometido que a obra nunca veria a luz do dia. E cumpriu. Até agora.
O herói improvável: Hans Crispin, actor e… ladrão de bobines
A reviravolta surge pelas mãos (ou pelo cofre) de Hans Crispin, actor sueco e produtor conhecido por uma série cómica dos anos 80. Numa entrevista à televisão sueca SVT e à Icon Magazine, Crispin confessou: “Roubei o filme da Europafilm em 1980. Copiei-o em VHS num sótão onde duplicávamos filmes à noite.”
O VHS ficou guardado num cofre bancário durante 45 anos, até que Crispin decidiu quebrar o silêncio. Descreve a sua relação com o filme como “uma cruzada e uma maldição”. Recebeu até, em 1990, um misterioso envelope com os oito minutos em falta — cortesia de um antigo colega, que assinou apenas como “Olle”.
O filho de Jerry Lewis confirma: “É o filme que procuramos há 30 anos”
Chris Lewis, filho do comediante, revelou recentemente que anda há três décadas à procura dos elementos perdidos de The Day the Clown Cried. Há um “rough cut” que está a 30 minutos da versão final, mas a localização da cópia completa era até agora desconhecida.
A descoberta de Crispin pode finalmente permitir restaurar o filme e completar este puzzle desconfortável da história do cinema. “É um dos meus objectivos pessoais”, disse Chris à Fox News Digital em Março.
E agora? Mostrar ou esconder?
Crispin afirma que quer entregar o filme a uma entidade séria: “Quero vendê-lo a um produtor que o restaure para fins de estudo — ou que o trave de novo, mas de forma consciente.”
Nas redes sociais, a reacção foi de choque, curiosidade e excitação: “O filme existe mesmo! Hans Crispin é um herói absoluto”, escreveu um utilizador no X (antigo Twitter).
O próximo passo poderá ser a inclusão do filme na colecção da Biblioteca do Congresso dos EUA, como documento histórico — um registo do que acontece quando a arte ultrapassa os limites do bom senso… e se perde no caminho.
The Day the Clown Cried está de volta. E, quer se goste ou se deteste a ideia, o mundo do cinema nunca mais será o mesmo. Este é mais do que um filme. É um espelho desconfortável sobre os limites da comédia, o poder da memória histórica e a eterna obsessão de Hollywood com o que foi proibido.
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Há filmes que merecem ser vistos. Outros, talvez apenas compreendidos. Este… talvez ambos.
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