
Festival dedicado ao cinema do real propõe olhar a viagem como matéria concreta — entre deslocações, exílios e pertenças
O Porto/Post/Doc, um dos mais estimulantes festivais de cinema documental e híbrido da paisagem nacional, está de regresso entre 20 e 29 de Novembro e promete voltar a transformar a cidade do Porto num ponto de encontro de cineastas, pensadores e públicos em torno do cinema do real.
ver também : Helen Mirren, Pierce Brosnan e Ben Kingsley são reformados detectives no novo filme da Netflix
Este ano, o festival adopta como mote “O Tempo de uma Viagem”, uma continuidade temática da edição anterior — “O Movimento dos Povos” — que propõe, segundo a organização, “um olhar profundo sobre o acto de partir: não como motivo narrativo, mas como gesto estrutural das sociedades actuais”.
Cinema como deslocação: entre comboios e desertos
No comunicado hoje divulgado, são já conhecidas cinco exibições centrais do ciclo temático deste ano:
- Comboios, de Maciej Drygas
- O Viajante da Meia-Noite, de Hassan Fazil
- A versão integral e restaurada de YOL – Licença Precária, de Şerif Gören e Yilmaz Güney
- Nómada: Seguindo os Passos de Bruce Chatwin, de Werner Herzog
- Rua do Deserto, 143, de Hassen Ferhani
Cinco filmes, cinco formas de interrogar os movimentos forçados e voluntários que marcam o mundo contemporâneo. Do exílio político às rotas da migração, das viagens solitárias aos gestos colectivos de fuga e reinvenção.
“Num tempo em que a mobilidade é celebrada para uns e negada a tantos outros, este ciclo propõe uma inversão de perspectiva: olhar para a viagem não como excepção, mas como regra. Não como metáfora, mas como matéria concreta”, afirma a direcção do festival.
Mais do que filmes: uma viagem em várias direcções
Para além da competição principal (Internacional), o Porto/Post/Doc volta a apostar nas suas secções já habituais, como Cinema Falado, Cinema Novo, e Transmission, bem como em programas temáticos, retrospectivas de grandes autores, actividades para infância e juventude, oficinas, debates, eventos para a indústria e, claro, festas — porque o cinema também se celebra com copos no ar.
O festival reafirma-se assim como uma plataforma plural, onde documentário, ensaio e ficção híbrida convivem, com um olhar crítico e poético sobre o mundo em movimento.
ver também : Kevin Spacey volta à realização com filme ligado a Portugal — e é um thriller sobrenatural com ex-estrelas de acção
Uma viagem a não perder
“O Tempo de uma Viagem” promete ser mais do que uma selecção cinematográfica — uma provocação política e sensorial sobre o que significa, hoje, deslocar-se. Entre comboios, fronteiras e desertos, o Porto/Post/Doc convida-nos a pensar a viagem não como fuga, mas como condição.
No comment yet, add your voice below!