“Sem Tempo” — Quando o Tempo se Torna Dinheiro

Um futuro onde o relógio dita a vida

Num futuro não muito distante, o dinheiro deixou de ser a medida de valor. Em Sem Tempo (In Time, 2011), Andrew Niccol, o realizador de Gattaca e argumentista de The Truman Show, imagina uma sociedade onde o tempo de vida é literalmente a moeda corrente. Cada pessoa tem um contador luminoso no antebraço que indica quanto tempo lhe resta. Trabalhar dá tempo; gastar, custa tempo. E quando o relógio chega a zero, o coração pára.

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A ideia é tão simples quanto perturbadora: as desigualdades sociais deixaram de se medir em riqueza, mas em segundos. Os ricos vivem séculos, praticamente imortais; os pobres lutam dia após dia por mais umas horas de existência.

É neste mundo de injustiça programada que conhecemos Will Salas (Justin Timberlake), um jovem operário da zona pobre que, por acaso do destino, recebe uma fortuna em tempo. A sua nova riqueza transforma-o num alvo — e num fugitivo. Ao lado de Sylvia Weis (Amanda Seyfried), filha de um magnata que controla as “bancas do tempo”, Will decide desafiar o sistema e devolver os minutos roubados aos que vivem condenados à pressa.

Entre a ficção científica e a crítica social

Andrew Niccol constrói uma parábola moral de precisão quase matemática. O conceito do tempo como moeda é uma metáfora poderosa para o capitalismo extremo, onde cada segundo tem preço e a vida humana se transforma num bem transacionável. A estética do filme — fria, limpa, sem excessos — reforça essa sensação de artificialidade e controlo.

Sem Tempo é um daqueles filmes em que a ficção científica serve de espelho à realidade. O contraste entre os distritos miseráveis de Dayton e as luxuosas “zonas temporais” dos mais abastados lembra uma versão futurista de Metrópolis com estética retro-futurista, onde carros clássicos deslizam por ruas impecáveis enquanto, nas sombras, as massas lutam por respirar.

Performances e energia

Justin Timberlake, num dos papéis mais sérios da sua carreira, surpreende ao equilibrar vulnerabilidade e revolta. Amanda Seyfried é o contraponto ideal — fria e ingénua no início, cúmplice e ousada à medida que o filme acelera. E Cillian Murphy, como o impiedoso “guarda do tempo”, empresta à narrativa a tensão necessária para manter o público colado ao ecrã.

O ritmo do filme é constante, quase como o tique-taque de um relógio. Niccol filma perseguições elegantes, diálogos curtos e olhares carregados de urgência. Há um charme particular em ver a ficção científica tratada com esta clareza moral: aqui, a ação e a ideia correm lado a lado, sem que nenhuma se perca no caminho.

Um filme que nos deixa a pensar

Apesar de algumas críticas que apontaram falhas no desenvolvimento do enredo, Sem Tempo mantém um encanto próprio. A sua força não está na complexidade do argumento, mas na simplicidade da metáfora — e na forma como esta ressoa em tempos de desigualdade crescente. Num mundo onde a expressão “tempo é dinheiro” nunca foi tão literal, Niccol lembra-nos que o tempo, mais do que uma moeda, é o que nos torna humanos.

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O resultado é um filme elegante e provocador, que mistura ação, romance e filosofia numa só corrida contra o inevitável. Ao final, o espectador fica com a sensação de ter desperdiçado nada — apenas de ter gasto quase duas horas da melhor forma possível: a pensar no valor do próprio tempo.

Marque na sua agenda para quinta-feira 13 de Novembro às 22:30 no canal Cinemundo.

The Housemaid: Sydney Sweeney e Amanda Seyfried Trazem Segredos Perigosos no Novo Thriller de Paul Feig

Uma mansão, duas mulheres e muitos segredos

A Lionsgate revelou o primeiro trailer de The Housemaid, o novo thriller de Paul Feig que promete misturar tensão, segredos e personagens imperfeitas. Protagonizado por Sydney Sweeney e Amanda Seyfried, o filme chega aos cinemas a 19 de dezembro de 2025, adaptando o bestseller homónimo de Freida McFadden.

A história acompanha Millie (Sweeney), uma jovem desesperada por trabalho que aceita ser empregada doméstica de Nina (Seyfried) e Andrew (Brandon Sklenar). O que começa como uma oportunidade de sobrevivência rapidamente se transforma num jogo de desconfianças e revelações perturbadoras, à medida que Millie descobre que o casal esconde segredos obscuros dentro da mansão onde vive.

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Do riso ao suspense: Paul Feig troca de registo

Conhecido pelas suas comédias (BridesmaidsSpyLast Christmas), Paul Feig aventurou-se aqui num território mais sombrio. O realizador confessou que foi precisamente a combinação entre “tensão, sustos e humor” que o atraiu para a história: “Foi um sonho tornado realidade.”

O argumento foi escrito por Rebecca Sonnenshine (The BoysStranger Things), que adaptou o romance publicado em 2022. Além de Sweeney, Seyfried e Sklenar, o elenco conta ainda com Michele Morrone e Elizabeth Perkins.

Um projeto feito com paixão

Para Sydney Sweeney, que acumula também créditos como produtora executiva, o projeto teve um sabor especial. Fã assumida da trilogia literária de McFadden, a atriz revelou ter lido os três livros em apenas uma semana: “Não conseguia parar. As personagens são falhadas, são caóticas — e isso é fascinante.”

Amanda Seyfried, por sua vez, acrescenta peso dramático ao elenco, trazendo a elegância e intensidade que lhe valeram nomeações aos Óscares e aos Emmys. Juntas, as duas atrizes prometem transformar The Housemaid num duelo psicológico capaz de prender o público até ao último minuto.

Expectativas em alta

Depois da apresentação de imagens exclusivas no CinemaCon em abril, a antecipação em torno do filme só cresceu. Com um realizador habituado ao humor, mas agora rendido ao suspense, e duas protagonistas em ascensão e maturidade, The Housemaid pode ser um dos thrillers mais comentados do final de 2025.

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Amanda Seyfried Brilha em Veneza como Ann Lee: A Feminista Shaker Esquecida pela História ✨🎬

Uma figura quase apagada da memória

O Festival de Veneza abriu espaço para uma das personagens mais improváveis a surgir no grande ecrã em 2025: Ann Lee, fundadora do movimento religioso Shaker no século XVIII e considerada por muitos como uma das primeiras feministas americanas. Em The Testament of Ann Lee, realizado por Mona Fastvold, Amanda Seyfried encarna esta figura que, segundo a cineasta, estava “à beira de ser apagada da memória”.

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Nascida em 1736 em Manchester, Inglaterra, Ann Lee — conhecida entre os seguidores como Mãe Ann — liderou uma comunidade que defendia a igualdade entre sexos, a paz, a empatia e o trabalho manual como forma de oração. Uma proposta radical para o seu tempo, que ainda hoje ressoa com surpreendente atualidade.

Um biopic entre o transe e a espiritualidade

Descrito pela IndieWire como um “biopic especulativo, febril e totalmente arrebatador”, o filme aproxima-se de um musical, dando especial destaque à música e à dança, elementos centrais do culto Shaker. Para os membros deste movimento, o canto e o movimento em transe eram uma forma de ligação espiritual, uma oração física e coletiva.

O compositor Daniel Blumberg, vencedor de um Óscar este ano pela banda sonora de O Brutalista, volta a colaborar com Fastvold, revisitando os hinos Shaker e dando-lhes uma nova vida.

Da investigação histórica ao cinema de autor

Mona Fastvold, que coescreveu o guião com Brady Corbet (seu parceiro e realizador de O Brutalista), descobriu Ann Lee durante uma pesquisa sobre movimentos religiosos nos Estados Unidos do final do século XVIII. Em 1774, Ann emigrou com alguns discípulos para Nova Iorque, fugindo à perseguição religiosa em Inglaterra, e fundou uma comunidade que, no seu auge, chegou a contar com seis mil seguidores espalhados por 19 comunidades.

Hoje restam apenas três membros Shaker, mas o legado sobrevive, sobretudo através da arquitetura e do mobiliário, conhecido pela sua estética minimalista e funcionalidade — peças que ainda hoje fascinam designers e colecionadores.

Um olhar feminino sobre um ícone espiritual

Para Fastvold, a inspiração foi clara:

“Todos os grandes ícones masculinos receberam este tratamento, como Jesus Cristo ou Joana d’Arc. Porque não dar o mesmo a uma mulher desconhecida?”

A realizadora não quis criar propaganda, mas antes tratar Ann Lee com amor e respeito, reconhecendo a sua visão de comunidade, bondade e empatia. Seyfried, pela sua vez, entrega uma interpretação intensa, transformando Ann Lee num ícone cinematográfico tão humano quanto espiritual.

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Com The Testament of Ann Lee, Mona Fastvold reafirma-se como uma das vozes mais interessantes do cinema de autor contemporâneo, recuperando uma figura feminina que, até agora, permanecia quase esquecida pela História.

Rachel Brosnahan não tem paciência para choradinhos sobre filmes de super-heróis: “Ou fazes, ou não fazes” 🦸‍♀️💬

A nova Lois Lane deixa recado aos actores arrependidos: “Depois não venham fazer queixinhas”

Rachel Brosnahan está prestes a conquistar o ecrã como Lois Lane no novo Superman de James Gunn, com estreia marcada para 11 de Julho. Mas antes de entrarmos em órbita com a nova visão do Homem de Aço, a actriz deixou um recado bem direto a todos os colegas que aceitam papéis em filmes de super-heróis… só para depois os desdenharem em entrevistas.

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Numa conversa publicada pela Interview Magazine, Brosnahan partilhou o sofá (e o microfone) com Amanda Seyfried e não teve papas na língua:

“Não percebo porque é que se diz que sim e depois se vira o bico ao prego”, disse.

“Durante um tempo parecia que era fixe gozar com filmes de super-heróis, olhar para trás e desdenhar. Ou fazes, ou não fazes — e depois defende a tua escolha.”

Seyfried recusa o rótulo: “Não é só um filme de super-heróis”

Apesar de nunca ter participado num projecto do género, Amanda Seyfried esteve quase a entrar no universo Marvel. A actriz revelou que foi convidada para o papel de Gamora em Guardiões da Galáxia (que acabou por ir para Zoe Saldaña). Ironicamente, tal como Superman, também esse filme foi realizado por James Gunn.

E Seyfried concorda com Brosnahan:

“Honestamente, acho que nem devíamos chamar-lhe ‘filme de super-heróis’. Não é só isso. Acho que as pessoas vão perceber isso quando virem [o novo Superman]. É importante ter este tipo de herói — alguém que só quer fazer o bem.”

Actuar com… criaturas invisíveis

As duas atrizes também partilharam experiências curiosas com efeitos visuais e criaturas digitais. Seyfried recordou como, em Ted 2, teve de representar cenas emocionais com uma bola de ténis (que representava o urso falante). Brosnahan respondeu com a sua própria aventura digital no novo Superman — onde contracena com Krypto, o Supercão… que ainda não existia durante as filmagens.

“Não havia lá nada”, contou a actriz. “O James estava com um microfone gigante algures, a gritar: ‘Rachel, acabaste de enfiar a mão através do cão. Pára de pôr a mão no cão!’”

Um Superman que quer mudar a conversa

Com estreia marcada para 11 de Julho, o novo Superman promete dar um novo tom ao género — mais optimista, mais emocional, e menos cínico. E Rachel Brosnahan, que se destacou em The Marvelous Mrs. Maisel, parece estar determinada a levar a sério não só o papel, mas também o respeito pelo tipo de cinema que tanta gente adora (e consome em massa).

A mensagem está dada: chega de vergonha por vestir capa ou contracenar com cães digitais. Há lugar para tudo — até para um super-herói com alma.

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