A Netflix voltou a apertar o lápis vermelho. Starting 5, a ambiciosa série documental que prometia oferecer um olhar intimista sobre a vida de cinco estrelas da NBA em cada temporada, não regressará para um terceiro ano. Produzida por um trio improvável mas poderoso — LeBron James, Barack Obama e Michelle Obama — a série parecia destinada a tornar-se um dos projectos premium do catálogo da plataforma. A realidade, porém, contou outra história.
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Cinco meses após a estreia da segunda temporada, a Netflix decidiu cancelar Starting 5. A decisão, segundo o Sports Business Journal, prende-se com um motivo que tem sido cada vez mais determinante na era do streaming: a audiência não correspondeu às expectativas. O público nunca aderiu de forma consistente e, pior ainda, a primeira temporada não conseguiu igualar os resultados de Quarterback, a série sobre a NFL que a plataforma lançou em 2023 e que rapidamente se tornou num fenómeno global.
No papel, Starting 5 parecia ter tudo para triunfar. A série oferecia acesso directo ao quotidiano de alguns dos atletas mais influentes do basquetebol contemporâneo, alternando entre os bastidores da competição, os dramas pessoais, a pressão da alta competição e a construção das suas respectivas heranças desportivas. A primeira temporada seguiu LeBron James, Jimmy Butler, Anthony Edwards, Domantas Sabonis e Jayson Tatum, um conjunto de protagonistas cujas histórias reflectem diferentes fases da vida na NBA — desde o estatuto de superestrela consolidada até ao talento explosivo em ascensão.
A segunda temporada manteve o conceito, mas apostou numa mistura de veteranos de elite e figuras emergentes: Jaylen Brown, Kevin Durant, Shai Gilgeous-Alexander, Tyrese Haliburton e James Harden. O logline oficial prometia uma temporada marcada por episódios que “abalaram a liga”, lesões devastadoras e “uma série final para a história”. Tudo isto envolvido no tipo de tratamento cinematográfico que tem marcado os documentários desportivos da última década.
Mas a verdade é que a série nunca conseguiu romper a barreira do nicho. Apesar do peso dos nomes envolvidos — e de um trio de produtores executivos que inclui LeBron James, Maverick Carter e a equipa da Higher Ground dos Obama — Starting 5 não encontrou o mesmo apelo transversal que projectos como The Last Dance ou Drive to Survive. O basquetebol, global quanto é, não foi suficiente para transformar oito episódios por temporada em eventos obrigatórios no calendário dos assinantes.
A produção, realizada por Trishtan Williams, Susan Ansman, Peter J. Scalettar e Rob Ford, apresentava uma abordagem visual cuidada, com ritmo e intensidade, mas nunca deixou de ser vista como uma obra cujo principal público era… fãs hardcore de NBA. E, na guerra feroz pelo tempo de atenção do espectador, a Netflix tem demonstrado pouca paciência para títulos que não atinjam números sólidos rapidamente — mesmo que carreguem nomes presidenciais nos créditos.
O cancelamento de Starting 5 representa mais um sinal da mudança de prioridades no streaming: o período de investimento ilimitado deu lugar a uma lógica de corte rápido. A série tinha pedigree, tinha estrelas, tinha drama — mas não tinha audiência suficiente. E na era dos algoritmos, isso é o que mais pesa.
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Ironicamente, poderá ser esta decisão que venha a reavivar a discussão sobre como contar histórias desportivas num meio saturado de conteúdo. Mas, por agora, para LeBron, para os Obama e para a equipa criativa, o jogo acabou antes do tempo.



