O lendário ator Tim Curry, eterno Dr. Frank-N-Furter de The Rocky Horror Picture Show, revelou no seu novo livro de memórias, Vagabond, que só está vivo graças à coragem — e teimosia — do seu massagista.
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O intérprete britânico, hoje com 79 anos, sofreu um AVC grave em 2012, na sua casa na Califórnia. O episódio deixou-o parcialmente paralisado do lado esquerdo e com a fala afetada. Segundo o próprio, tudo aconteceu durante uma sessão de massagem que parecia, até então, absolutamente normal.
“Achei que ele estava a exagerar”
Curry recorda que não sentiu dor, tontura ou qualquer sinal de alarme. “Não me senti estranho, nem percebi que algo estava errado”, escreve. “Achei que estava tudo bem.”
Foi o massagista quem notou alterações subtis no corpo do ator e decidiu agir por instinto. Quando anunciou que ia chamar uma ambulância, Curry tentou impedi-lo. “Disse-lhe que estava a exagerar”, admite. “Provavelmente devo-lhe a vida por ele não me ter ouvido.”
Pouco depois, o ator foi levado para o hospital, onde os médicos confirmaram o pior: tinha sofrido um acidente vascular cerebral que exigia uma craniectomia — uma cirurgia de emergência para aliviar a pressão no cérebro.
“Só depois da operação me explicaram o que tinha acontecido. O sangue deixou de circular normalmente, dois coágulos tiveram de ser removidos. Percebi então o quão improvável era eu estar vivo”, confessa.
A dura recuperação e o regresso pela voz
O AVC deixou marcas permanentes. “Foi um AVC paralisante, por isso ainda hoje tenho limitações físicas. Mas estou muito grato por não ter sido um AVC da fala. Se tivesse perdido a capacidade de falar, teria sido devastador.”
Durante várias semanas após a cirurgia, Curry não conseguiu pronunciar uma única palavra. “Foi um inferno”, descreve. “Mas disseram-me que a linguagem voltaria com o tempo — e tinham razão.”
Desde então, o ator passou a dedicar-se sobretudo ao dobramento de voz, onde continua a brilhar. Emprestou a sua inconfundível dicção britânica a personagens como o Imperador Palpatine em Star Wars: The Clone Wars e a Terrence, o tucano falante, no filme de animação Ribbit.
Um ícone que nunca perdeu o humor
Apesar das sequelas, Tim Curry mantém o espírito irreverente que o tornou num ícone do cinema. Numa rara aparição pública, durante a celebração dos 50 anos de The Rocky Horror Picture Show, o ator comentou, com o sorriso que os fãs bem conhecem:
“Já não consigo andar, por isso estou nesta cadeira tola. É limitador, claro. Mas continuo cá — só não me verão a dançar muito em breve.”
Curry, que interpretou o papel de Frank-N-Furter no teatro antes de o eternizar no filme de 1975, nunca renegou o fenómeno que o tornou famoso. “Olho para The Rocky Horror com uma espécie de tolerância divertida”, disse à Los Angeles Magazine. “Nem uma bênção, nem uma maldição. Tive sorte em tê-lo.”

Um sobrevivente com alma de artista
Hoje, mais de uma década após o AVC, Tim Curry vive longe dos holofotes, mas o seu legado continua intacto — de Annie a Sozinho em Casa 2, de Charlie’s Angels a It, onde aterrorizou gerações como o palhaço Pennywise.
Com Vagabond, o ator reflete sobre uma vida de excessos, talento e reinvenção — e sobre o milagre improvável que o manteve entre nós.
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“Se aprendi alguma coisa”, escreve, “é que às vezes a vida depende de alguém que decide não fazer o que lhe pedimos. Felizmente, o meu massagista era uma dessas pessoas.”



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