“O Monge e a Espingarda” mistura espiritualidade, acção e humor com um toque de Wes Anderson… nos Himalaias

Preparem-se para uma das experiências cinematográficas mais inesperadas e deliciosamente originais do ano: O Monge e a Espingarda (The Monk and the Gun), de Pawo Choyning Dorji, já está disponível no FilmIn Portugal. E se o nome do realizador vos soa familiar, é porque o seu anterior filme Lunana: A Yak in the Classroom foi nomeado ao Óscar de Melhor Filme Internacional em 2022. Agora, o cineasta do Butão volta a surpreender com esta obra singular que combina política, espiritualidade e… armas de fogo.

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Uma sátira budista no coração do Himalaia

Ambientado em 2006, o filme acompanha um pequeno vilarejo butanês prestes a realizar eleições democráticas pela primeira vez. Mas o centro da narrativa é um velho monge que acredita que, para restaurar o equilíbrio cósmico, precisa de obter duas armas de fogo — e depressa. O insólito pedido desencadeia uma cadeia de eventos que vai envolver candidatos ambiciosos, turistas americanos apaixonados por armamento e uma população que mal compreende o que é o voto secreto.

À semelhança de Lunana, o realizador continua a explorar as tensões entre tradição e modernidade, mas aqui fá-lo com um tom mais satírico e mordaz, sem nunca perder a ternura pelas suas personagens. O resultado é uma espécie de dramedy transcendental, onde o absurdo do mundo moderno colide com a sabedoria ancestral do Budismo.

Uma fábula moderna com cheiro a Mosteiro

Rodado com paisagens deslumbrantes do Butão e um elenco de não-profissionais que conferem autenticidade tocante à história, O Monge e a Espingarda é um daqueles filmes que dificilmente se esquece. É ao mesmo tempo uma crítica subtil à globalização, uma reflexão sobre a fé, uma comédia política e uma fábula sobre escolhas — tudo embrulhado num ritmo contemplativo, mas pontuado por momentos de inesperada acção e ironia.

Não esperem tiroteios à Tarantino (apesar do título), mas sim uma abordagem cheia de simbolismo, humor e compaixão budista — o tipo de filme que poderia sair da mente de Wes Anderson se este trocasse os cenários coloridos de Paris pelos vales de Paro.

Uma estreia discreta… mas obrigatória

Depois de ter passado por festivais como Telluride, Toronto e Berlim, O Monge e a Espingarda chegou silenciosamente ao FilmIn, onde aguarda agora por espectadores curiosos, pacientes e dispostos a mergulhar num universo que raramente vemos no grande ecrã.

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Para quem procura cinema que desafia convenções, que mistura géneros com elegância e que nos obriga a pensar com um sorriso nos lábios, esta é uma paragem obrigatória. Como o próprio filme sugere, às vezes é preciso um monge e uma espingarda para nos lembrar que o mundo pode ser absurdo, mas também cheio de sentido.

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