
Estreou agora no Filmin aquele que é um dos filmes mais perturbadores e intelectualmente exigentes do cinema francês recente. “Bruno Reidal – Confissão de um assassino”, primeira longa-metragem de Vincent Le Port, baseia-se num caso real que chocou França no início do século XX e promete deixar os espectadores com o estômago às voltas e a mente em ebulição.
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Aclamado em festivais internacionais e elogiado pela crítica pelo rigor psicológico e estilístico, este filme não é uma simples obra criminal. É uma imersão profunda no abismo da psicopatia, um estudo de personagem rigoroso e inquietante, e, acima de tudo, uma reflexão sobre a origem do mal.
Baseado em factos reais: o caso de Bruno Reidal
Corria o ano de 1905 quando Bruno Reidal, um jovem seminarista de 17 anos, cometeu um crime brutal: assassinou e decapitou um rapaz de 12 anos numa floresta do sul de França. Após se entregar à polícia, o jovem escreveu, por sugestão dos psiquiatras que o avaliaram, uma longa e meticulosa confissão autobiográfica, onde tentava explicar — ou pelo menos entender — os motivos do seu gesto.
É precisamente esse documento real que serve de base ao argumento do filme. A narrativa acompanha, em forma de flashbacks clínicos, a infância, a adolescência e os conflitos interiores de Bruno, guiando-nos pelos labirintos da sua sexualidade reprimida, da sua obsessão com a morte e da sua angústia existencial.
Um exercício cinematográfico frio… e fascinante
“Bruno Reidal” não é um filme fácil, nem pretende ser. Com uma estética austera, montagem precisa e fotografia que quase parece querer esconder as emoções, o realizador Vincent Le Port convida o espectador a olhar, quase como um médico-legista da alma, para o processo de desumanização que levou Bruno ao homicídio.
O jovem ator Dimitri Doré entrega uma performance absolutamente magnética e assustadora — uma mistura de fragilidade e intensidade que transforma cada cena num campo minado de inquietação. O seu Bruno é simultaneamente vítima e monstro, produto do meio e aberração individual, despertando no espectador mais questões do que certezas.
Uma experiência cinematográfica para espíritos fortes
A exibição de “Bruno Reidal” no Filmin representa uma excelente oportunidade para quem procura cinema que vá além do entretenimento. Aqui não há soluções fáceis, nem catarse moral: há apenas a inquietante possibilidade de olhar de frente para aquilo que a sociedade prefere esquecer — a violência fria, o desejo inconfessável, o peso do silêncio familiar e religioso.
É uma obra que convida ao debate, seja em torno da psiquiatria forense, da repressão sexual em contextos religiosos, ou da própria natureza do mal.
Já disponível no Filmin
“Bruno Reidal – Confissão de um assassino” já está disponível na plataforma Filmin, com legendas em português. É um daqueles filmes que nos deixam sem fôlego — não por excesso de ação, mas pela intensidade psicológica e ética do que se está a ver.
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Para quem gosta de cinema que desafia, que incomoda e que nos obriga a pensar para além dos créditos finais, este é, sem dúvida, um visionamento obrigatório. Prepare-se. E veja com tempo.
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