🎬 Crítica ao blockbuster mais veloz (e descaradamente publicitário) do verão

Logo nos primeiros segundos de F1 – O Filme, antes de ouvirmos uma única linha de diálogo, a câmara foca… uns AirPods Max. Sim, aqueles auscultadores da Apple que custam mais de 500 euros e que, segundo o filme, são tão confortáveis que permitem dormir a noite inteira com eles antes de se partir para uma jornada de corridas alucinantes.

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Se esta introdução soa como publicidade descarada, é porque é mesmo. A nova mega-produção protagonizada por Brad Pitt e realizada por Joseph Kosinski (Top Gun: Maverick) é uma carta de amor à Fórmula 1… e à Apple. Produzido pelo próprio Pitt e por Lewis Hamilton (lenda da F1), F1 – O Filme é também o primeiro grande teste da Apple aos blockbusters de verão para cinema.

Mas sejamos justos: apesar de todo o product placement e espírito corporativo, o filme é um deleite para os sentidos e um dos melhores filmes de corridas de sempre.

Brad Pitt no volante da nostalgia

A história não vai ganhar o Óscar de originalidade. Brad Pitt é Sonny Hayes, uma lenda caída da Fórmula 1 recrutada por um velho amigo (Javier Bardem) para salvar uma equipa em decadência. Pelo caminho, há confrontos com um colega mais novo e vaidoso (Damson Idris), reconciliações com o passado e, claro, aquela pontinha de romance previsível.

Sim, já vimos este filme. Mas isso não impede F1 – O Filme de ser absolutamente emocionante, especialmente nas cenas de corrida. Kosinski recorre a tecnologia de ponta – incluindo sensores de iPhone, chips da Apple e câmaras Sony 6K ainda não lançadas – para colocar o espectador dentro dos carros. A sensação de velocidade, o som dos motores, a vibração dos pneus no asfalto… tudo contribui para um realismo raro.

A acção é o motor. E que motor!

A fórmula repete-se: um herói com algo a provar, uma equipa desfeita à espera de salvação, e uma realização milimétrica que acelera o coração do espectador. As sequências de corrida, em particular, são filmadas com tal precisão e fluidez que se torna quase impossível não prender a respiração. E se a história não tem grande profundidade, a experiência sensorial compensa com sobras.

F1 é apresentado integralmente no formato IMAX 1.90:1, o que oferece uma visão imersiva contínua – ao contrário de outros filmes que alternam formatos. Visto no grande ecrã, especialmente em IMAX, é pura adrenalina cinematográfica.

Publicidade? Sim. E então?

É impossível ignorar o lado promocional. Desde os AirPods Max à obsessão em mostrar o lado glamoroso da Fórmula 1, o filme funciona também como uma montra de produtos e valores associados. Há até uma cena em que os preciosos auscultadores quase tocam na água de um banho de gelo – mas só quase. A Apple não quer acidentes, nem nos filmes.

Ainda assim, F1 – O Filme sabe o que é: um espectáculo ruidoso, veloz e tecnicamente irrepreensível. Não é Rush de Ron Howard nem Le Mans ’66, mas também não quer ser. Tal como Top Gun: Maverick, quer apenas pôr-nos a vibrar com velocidade, máquinas e um herói carismático. E nisso, é um sucesso total.

Há filmes desportivos que exploram a condição humana, como Chariots of Fire. Outros são dramas de personagem, como Rocky. E depois há F1 – O Filme, onde “carro faz vruuum”… e faz muito bem. Brad Pitt pode já não ser um miúdo, mas continua a acelerar como ninguém.

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