
Depois de Past Lives, a realizadora volta a explorar o amor… mas com números, estatísticas e um toque muito pessoal
ver também : Han Disparou Primeiro… e Agora Temos Provas!
Depois de nos emocionar com Past Lives, um dos filmes mais delicados e elogiados dos últimos anos, Celine Song regressa ao grande ecrã com Materialists, uma comédia romântica que — como o próprio título indica — mergulha no lado mais… quantificável do amor. Mas não se deixem enganar: embora os diálogos falem de altura, salários e outras medidas friamente calculadas, o coração do filme bate com a mesma sensibilidade e autenticidade que nos conquistou em Past Lives.
E tal como aconteceu com o seu primeiro filme, a inspiração vem da vida real da própria realizadora — neste caso, do período invulgar em que trabalhou como casamenteira em Nova Iorque. Sim, leu bem. Casamenteira.
Celine Song e o Amor Como Dados Estatísticos
Antes de ser argumentista nomeada aos Óscares, Song era uma jovem aspirante a dramaturga em Nova Iorque, sem grande jeito para servir cafés ou vender roupa. Quando conheceu uma casamenteira numa festa, pensou: “Porque não?” — e acabou por passar seis meses a organizar encontros entre milionários e potenciais parceiros ideais. Não pelos sentimentos, mas pelas estatísticas.
Materialists pega exactamente nessa experiência e transforma-a numa história contemporânea que equilibra o absurdo com a melancolia. Dakota Johnson interpreta Lucy, uma casamenteira de elite que leva o seu trabalho muito a sério — com um currículo impressionante de nove casamentos bem-sucedidos e uma abordagem quase científica ao romance. Perguntas como “quem queres que te mude as fraldas quando fores velho?” são respondidas com listas de altura mínima, salário e idade ideal.
Mas o verdadeiro dilema começa quando Lucy se vê dividida entre dois homens: Harry (Pedro Pascal), um magnata irresistivelmente rico com tudo no “checklist”, e John (Chris Evans), o ex-namorado carismático mas falido, que serve canapés em casamentos e sonha com o estrelato.
Amor ou Estatísticas? A Escolha Mais Difícil do Mundo
O filme explora com humor e franqueza as pressões do mercado dos encontros em 2025. Num mundo onde até a altura se pode comprar (sim, Harry fez uma cirurgia para crescer seis centímetros), Song levanta questões inquietantes sobre o que realmente valorizamos nas relações amorosas. As cenas entre Lucy e a sua colega, onde discutem abertamente os “benefícios” de ser mais alto, arrancaram gargalhadas em várias sessões — mas Song vê-as como profundamente trágicas.
“O que ele passou é muito difícil”, explicou Song sobre a personagem de Pedro Pascal. “É um reflexo de como os números moldam as nossas vidas, até na forma como somos amados — ou não.”
Mais do que apenas criticar, Song procura humanizar todos os intervenientes. Homens incluídos. “Os homens também são esmagados por este mercado de encontros”, diz. “Não é só conversa de raparigas. Todos sofremos com a forma como nos objectificamos uns aos outros.”
Romance Não É Só Para Poetas
No fundo, Materialists é mais uma carta de amor à complexidade das emoções humanas. E apesar do cinismo aparente, há esperança. O final — inspirado no próprio casamento civil de Song com o argumentista Justin Kuritzkes (Challengers) — é uma lembrança de que, por trás dos algoritmos e dos filtros, o amor ainda pode ser simples.
ver também : Pixar Apresenta Gatto: Um Filme de Gatos, Máfia e Amizade em Veneza
E se perguntarem a Song se o amor é fácil, ela responde com a certeza de quem já viveu (e escreveu) sobre o assunto: “O amor é fácil. Mas só quando se deixa o controlo de lado e se entrega por completo.”
No comment yet, add your voice below!