De Mr. Blonde a Budd, o ator foi uma presença inesquecível no cinema independente — e muito mais do que apenas um tipo duro

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Um olhar de aço, uma voz rouca, e uma presença que impunha respeito sem esforço.

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Michael Madsen, o eterno Mr. Blonde de Cães Danados, morreu aos 67 anos, vítima de ataque cardíaco. O ator foi encontrado inconsciente em casa, em Malibu, esta quinta-feira de manhã, confirmou o seu agente à NBC News. Assim desaparece um dos rostos mais inconfundíveis do cinema americano das últimas décadas — e um nome incontornável no universo cinematográfico de Quentin Tarantino.


O Irmão do Crime e da Poesia

Michael Madsen era o irmão mais velho da atriz Virginia Madsen (Sideways), mas nunca viveu à sombra de ninguém. Construiu uma carreira que atravessou géneros, orçamentos e estilos, com mais de 300 participações no cinema e televisão. E se há uma palavra que melhor o descreve, talvez seja “prolífico”.

Mas a sua ligação ao cinema de Tarantino foi aquilo que o eternizou.

Foi em 1992 que o mundo o conheceu verdadeiramente, como Vic Vega — também conhecido como Mr. Blonde — em Cães Danados (Reservoir Dogs), o filme que lançou Tarantino. A sua cena ao som de “Stuck in the Middle With You”, onde dança antes de cortar a orelha de um polícia amarrado, tornou-se uma das mais memoráveis (e perturbadoras) da história do cinema.


Do western à sátira, sempre com atitude

Madsen regressou ao mundo tarantinesco como Budd em Kill Bill: Volume 2 (2004), irmão de Bill e ex-assassino resignado ao pó do deserto. Em Os Oito Odiados (2015), voltou a encarnar o tipo durão, ambíguo, misterioso. E até teve uma breve participação em Era Uma Vez… em Hollywood (2019), o mais recente filme de Tarantino.

A sua filmografia não se limitou ao estilo do realizador de culto. Madsen apareceu em títulos mainstream como Jogos de Guerra (1983), Libertem Willy (1993), Wyatt Earp (1994), Espécie Mortal (1995), Donnie Brasco (1997), 007 – Morre Noutro Dia (2002) e Sin City (2005). De dramas históricos a sátiras como Scary Movie 4, ele nunca recusou um papel — mesmo em produções de orçamento reduzido.


O Poeta dos Marginais

Para além do ecrã, Madsen tinha uma veia poética que poucos conheciam. Publicou várias obras, incluindo o ainda inédito Tears for My Father: Outlaw Thoughts and Poems, que seria lançado em breve. Era um escritor de versos crus, intensos e viscerais — como os seus papéis.

Nos últimos anos, o ator dedicou-se ao cinema independente. Tinha vários projetos por estrear, como Resurrection RoadConcessions e Cookbook for Southern Housewives, e mostrava-se entusiasmado com esta nova fase da carreira.

Num comunicado à Variety, os seus representantes escreveram:

“Michael Madsen foi um dos atores mais icónicos de Hollywood, cuja falta será sentida por muitos.”


O Último Cowboy Urbano

Há algo de profundamente americano na figura de Madsen: um misto de James Dean com Sam Shepard, um fora-da-lei com coração. Era o anti-herói perfeito: duro por fora, poético por dentro, e sempre com um cigarro na mão e ironia nos olhos.

Michael Madsen não era só um ator de culto. Era o tipo que dava credibilidade a qualquer filme com um simples levantar de sobrancelha. Um ator que sabia, melhor que ninguém, caminhar entre o excesso e a contenção.

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Hoje, o cinema independente — e o de estúdio — fica um pouco mais vazio.

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