Mike Flanagan e os Fantasmas Que o Ajudaram a Viver: “Hill House Foi a Minha Terapia Para o Luto”

Criador de algumas das obras mais assombrosas (e emocionais) da última década, o realizador abriu o coração em Londres sobre o poder curativo do terror

Mike Flanagan não é apenas um dos nomes mais respeitados do terror contemporâneo — é também alguém que transforma as suas dores mais íntimas em histórias capazes de tocar profundamente quem as vê. E foi exactamente isso que confessou no encerramento do SXSW London, onde partilhou com o público que a criação de The Haunting of Hill House foi, na verdade, a sua maneira de sobreviver ao luto.

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👻 A dor por detrás de Nell Crain

A série de 2018, que se tornou um fenómeno na Netflix e uma referência moderna do terror psicológico, tem por base o romance de Shirley Jackson — mas muito daquilo que vimos no ecrã nasceu de dentro do próprio Flanagan.

“Foi a minha forma de lidar com o luto. Houve um suicídio na minha família, e há imagens naquela série que nasceram de pesadelos que tive nessa altura.”

Na série, Nell Crain tira a própria vida, e todo o arco familiar da história gira em torno de trauma, perda e o vazio que fica. Não era ficção vazia — era catarse.

“Terei de lidar com isso o resto da vida. Mas ter um escape criativo foi incrivelmente terapêutico. E espero que o tenha sido para quem passa por algo semelhante.”

🧠 Terror como espelho da alma

Durante a conversa no festival, Flanagan foi ainda mais longe ao revelar que outros projectos seus — como Doctor Sleepou Midnight Mass — também serviram de forma de combate interno, neste caso à dependência do álcool.

Doctor Sleep ajudou-me a ficar sóbrio.”

É uma abordagem rara em Hollywood: cineastas que usam o terror não só como entretenimento, mas como linguagem para expressar vulnerabilidade, cura e introspecção.

📺 “Ainda existe preconceito contra o terror”

Flanagan não escondeu a sua frustração com a forma como o género é frequentemente subvalorizado:

“O terror sempre foi popular. Mas a indústria — e parte do público — continua a ficar ‘surpresa’ de cada vez que aparece um bom filme. É como se tivessem de redescobrir que também pode ser dramático, complexo e artisticamente poderoso.”

Citou Get Out de Jordan Peele como exemplo: um sucesso que “legitima” momentaneamente o género… até ao próximo esquecimento.

🗣️ Uma defesa apaixonada dos monólogos

Numa das passagens mais aplaudidas da sessão, Flanagan defendeu o uso de monólogos no cinema:

“O monólogo está a morrer. Mas não há nada mais poderoso do que ver um actor a mudar a realidade só com palavras.”

Criticou ainda os estúdios e plataformas de streaming que insistem em cortar este tipo de momentos:

“Dizem que adoram, mas pedem sempre que tenha metade do tempo. Eu recuso. Quero lutar contra esta cultura de atenção limitada e entretenimento de rajadas.”

👁️ Stephen King? “Não é um autor de terror.”

Surpreendentemente, Flanagan recusa classificar Stephen King — o autor que mais adaptou ao longo da carreira — como escritor de terror.

“É um humanista, sensível e generoso. Escreve sobre pessoas, emoções e laços humanos. O horror surge naturalmente das personagens.”

E acrescenta:

“Demorei até aos 20 anos a perceber que It não é sobre um palhaço mutante — é sobre crianças e amizade.”

Flanagan está actualmente a desenvolver uma nova adaptação de The Dark Tower e a série Carrie para a Amazon.

🎬 The Life of Chuck: o novo Flanagan não é (só) terror

O cineasta encerrou o SXSW London com a estreia mundial de The Life of Chuck, com Tom Hiddleston no papel de um homem cuja vida é contada de forma inversa e parece afectar o universo à sua volta.

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Apesar de ser baseado em mais uma obra de King, o filme afasta-se do terror tradicional. É introspectivo, tocante — mais um exemplo de como Flanagan está a expandir os limites do género, sem perder a alma.

🕵️‍♂️ “Can You Deal With That?” — O Elenco de Meet the Parents Reunido no Tribeca para um 25.º Aniversário Cheio de Gargalhadas e Emoção

25 anos depois, Ben Stiller, Robert De Niro, Teri Polo e Jay Roach voltam a sentar-se à mesma mesa… e o público não parou de rir

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Se há filmes que envelhecem mal, Meet the Parents (2000) não é um deles. A icónica comédia familiar protagonizada por Ben Stiller e Robert De Niro celebrou este fim de semana o seu 25.º aniversário no Tribeca Festival, em Nova Iorque — com direito a sessão especial do filme original, risos constantes da plateia e um reencontro emotivo (e hilariante) do elenco principal.


🎞️ Uma sessão de cinema que valeu por uma máquina da verdade

Durante a exibição de Meet the Parents, o público riu-se como se o filme tivesse estreado ontem. Cada momento embaraçoso de Greg Focker, cada olhar fulminante de Jack Byrnes, cada deslize social foi recebido com gargalhadas calorosas.

Ben Stiller comentou:

“Foi tão divertido… ouvir estas gargalhadas 25 anos depois, numa sala de cinema, com uma comédia como esta. É incrível ver que ainda funciona.”

Jay Roach, realizador do filme original, foi ainda mais longe:

“Saber que ainda vos diverte tanto como a nós? Já não preciso de fazer mais nada. Posso reformar-me.”


🥹 Um reencontro cheio de nostalgia (e elogios emocionados)

Depois da sessão, o elenco original — Ben Stiller, Robert De Niro, Teri Polo e Jay Roach — subiu ao palco para uma conversa com o público. E o que era para ser uma simples Q&A transformou-se num momento de pura admiração mútua.

Teri Polo emocionou-se ao rever Stiller no grande ecrã:

“Já sabia que eras genial… mas revi agora e pensei: vou chorar. És brilhante. A forma como entregas as falas, como olhas… pura comédia. E Bob, tinha-me esquecido de como tu és perfeito no papel.”

Stiller devolveu o carinho, recordando o impacto que o filme teve na sua carreira — e como o tempo fez com que hoje se sinta no papel do “pai desconfiado”, tal como De Niro no filme original.


🗓️ 25 anos de memórias… e mais um filme a caminho

No final da conversa, a equipa confirmou que uma nova sequela está em produção — mas o foco da noite esteve todo nas recordações. Jay Roach recordou o primeiro argumento:

“Apaixonei-me pelo guião do primeiro filme porque todos já passámos por aquela situação: queres tanto ser aceite… e só fazes asneiras. O novo guião tem isso outra vez. Um novo embaraço, uma nova razão para suarmos todos juntos.”

Robert De Niro confessou que tem tentado convencer os colegas a fazer outro filme desde o último:

“Já na altura do Little Fockers eu dizia: vamos já escrever o próximo! Mas eles riam-se e diziam que sim, a fazer-me a vontade.”

🤝 Um laço que resistiu ao tempo

Mais do que um painel de promoção, a reunião em Tribeca foi uma celebração do que o cinema pode criar fora do ecrã. O afecto entre os actores, a reacção do público e a energia viva de um filme que ainda hoje faz rir foram a prova de que Meet the Parents não é só uma comédia de época — é um clássico moderno.

Como bem disse Jay Roach:

“O público tem história com estas personagens. E trazem isso com eles. Isso torna tudo mais especial — para nós, para os actores, para todos.”

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“O Teu Pai é um PÉSSIMO Realizador”: Bryce Dallas Howard e o Bizarro Encontro com Lars von Trier

Realizadores provocadores, copos de água na cara e uma actriz que (por incrível que pareça) achou graça a tudo

Lars von Trier nunca foi homem de meias medidas. Bryce Dallas Howard também não. E quando os dois se cruzaram no set de Manderlay (2005), o choque de mundos foi inevitável — com direito a insultos, copos de água arremessados e, surpreendentemente, gargalhadas no final.

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Numa entrevista recente ao The Times do Reino Unido, Bryce — actualmente em promoção da série Deep Cover para a Prime Video — relembrou a sua estreia no cinema europeu… e a forma peculiar como Lars tentou arrancar-lhe uma reacção emocional.


🎬 “O teu pai é um realizador horrível!”

Segundo Bryce, ao chegar ao set, Lars von Trier recebeu-a com uma provocação directa:

“O teu pai é um péssimo realizador.”

Ron Howard, para quem não sabe, é o realizador de filmes como Apollo 13A Beautiful Mind e Cinderella Man. Portanto, a frase não foi exactamente neutra. Mas Lars tinha uma razão (ou pelo menos uma intenção artística):

“Perguntei-lhe: ‘Lars, o que é que estás a tentar ver?’ E ele respondeu: ‘A tua cara zangada. Não sei como é.’”

💦 E depois? Água para a cara. Literalmente.

Bryce conta que, sem mais avisos, Lars von Trier atirou-lhe um copo de água à cara.

A reacção dela? Atirou-lhe outro de volta. Um para um.

Von Trier, impávido, perguntou: “Porque é que fizeste isso?”

E saiu da sala.

“Foi essa a minha introdução ao universo Lars von Trier,” diz a actriz.

“Mas não fui para o quarto chorar. Fiquei quase… deliciada com aquilo.”


🎭 Manderlay: o filme (e a polémica)

Manderlay foi o segundo capítulo da trilogia inacabada de Lars sobre os Estados Unidos, sucedendo a Dogville (2003). No filme, Bryce interpreta uma jovem que descobre, com o pai (Willem Dafoe), uma plantação no Alabama que, nos anos 30, ainda vive sob um regime de escravatura. Movida por convicções de justiça, tenta libertar os escravizados — nem que para isso tenha de impor uma nova ordem.

O filme foi controverso não só pelo tema, mas por decisões no set que geraram indignação. John C. Reilly abandonou o projecto quando um burro foi abatido para uma cena (que nem chegou à versão final). E Björk acusou von Trier de assédio sexual durante a produção de Dancer in the Dark (2000).

🧠 Lars von Trier: génio, provocador, ou os dois?

Von Trier foi diagnosticado com Parkinson em 2022 e internado num centro de cuidados prolongados em Fevereiro de 2025. Ao longo da carreira, os elogios e as polémicas andaram sempre de mãos dadas. O cineasta dinamarquês chegou a fazer comentários públicos infelizes onde sugeriu simpatia pelos nazis (por causa da herança germânica), levando o Festival de Cannes a declará-lo “persona non grata”.

Mas há quem continue a vê-lo como um dos grandes inovadores do cinema europeu. Outros, nem por isso.

🎞️ E Bryce?

A actriz, hoje mundialmente conhecida por Jurassic World e pelo seu trabalho como realizadora, guarda esta história não com rancor, mas com um certo prazer absurdo.

“Foi estranho. Mas não me traumatizou. Faz parte da viagem.”

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Martin Scorsese Brilha (e Corrige) em ‘The Studio’: “Isto Está Errado, Mas Não Quis Ser um Realizador de Bancada”

O mestre do cinema entra em cena… mas resiste a dar ordens (quase)

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Martin Scorsese é daqueles nomes que não precisa de apresentações — mas quando aparece numa série de comédia da Apple TV+ ao lado de Charlize Theron e Seth Rogen, o mínimo que se pode esperar é que… diga qualquer coisa. E disse. Só que só depois de a cena estar filmada.

Em The Studio, a nova série de comédia que satiriza os bastidores de Hollywood, Scorsese aparece a interpretar-se a si próprio. Mas como recordaram os criadores Evan Goldberg e Alex Gregory numa conversa recente com a People, o lendário realizador não conseguiu evitar… realizar — mesmo em silêncio.

🎬 “Sabia que estavam a fazer mal, mas não quis dizer nada”

Durante a gravação de uma cena com Charlize Theron, foram necessárias dez takes para capturar o momento certo. O realizador do episódio, Evan Goldberg, estranhou o tempo que demoravam e perguntou o que se passava. Scorsese respondeu, com aquela sabedoria tranquila:

“Eu sabia que estavam a fazer isto mal. Mas não quis ser um realizador de bancada.”

Sim, leste bem. Scorsese percebeu que algo estava errado… mas decidiu não interferir. Um gesto de humildade raríssimo num meio onde todos têm algo a dizer — sobretudo um mestre com um Óscar na estante.

Goldberg brincou:

“Podíamos ter poupado tempo, mas agradeço que ele não nos tenha ‘manipulado’.”

🎥 Scorsese: o actor inesperado

Apesar da surpresa por o realizador de Taxi DriverOs Bons Rapazes e O Irlandês aceitar participar numa série de comédia sobre os bastidores de Hollywood, a equipa ficou rendida à sua performance.

“Unanimemente, achámos que o Scorsese como actor foi inacreditável. Ainda hoje mal acreditamos que ele apareceu,” confessou Goldberg.

O próprio admitiu que esperava que ele cancelasse à última hora — “Era demasiado bom para ser verdade”.


🎭 O que é The Studio?

Estreada a 26 de Março na Apple TV+, The Studio segue Matt Remick (Seth Rogen), o novo e algo desesperado presidente de um estúdio histórico de cinema, que tenta equilibrar a integridade artística com as exigências comerciais da indústria moderna.

A série é co-criada por Evan Goldberg (colaborador habitual de Rogen) e Alex Gregory (Veep), e aposta forte em sátira, participações especiais e humor meta-hollywoodiano. Scorsese a representar Scorsese? Só por isso já vale a pena espreitar o piloto.

📺 Onde ver

The Studio está disponível na Apple TV+, com novos episódios a serem lançados semanalmente. A participação de Martin Scorsese surge logo no primeiro episódio — portanto, não é preciso esperar para ver o mestre em acção.

Ridley Scott Atira a Toalha ao Espaço: “Já Fiz o Suficiente com Alien… Agora Que Siga Sem Mim”

O criador da criatura fecha o ciclo (ou quase), e admite que a saga merecia estar ao nível de Star Wars e Star Trek

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Ridley Scott, o homem que em 1979 nos fez olhar com desconfiança para qualquer ventilação numa nave espacial, declarou: “I’ve done enough.” O realizador britânico afasta-se definitivamente do universo Alien — o mesmo que ele próprio lançou há 46 anos com o seminal Alien – O 8.º Passageiro. Numa entrevista franca ao ScreenRant, Scott confessou que pensou que a saga estava morta e enterrada depois dos fracos capítulos seguintes… mas que se orgulha de tê-la ressuscitado.

Agora, com Alien: Romulus (produzido por ele) e a nova série Alien: Earth prestes a estrear, Ridley passa oficialmente a tocha… e deseja sorte.

🛸 “Depois do quarto, pensei: está morto”

Scott não poupou críticas à evolução da saga após a sua saída inicial:

“Acho que o meu era mesmo bom. O do Jim [Cameron] também. Os outros? Não gostei. Pensei: ‘F***, acabou-se uma franquia que devia ser tão importante como Star Trek ou Star Wars’.”

É uma comparação ousada — mas vinda de quem criou uma das criaturas mais aterradoras da história do cinema, não soa descabida. Ridley recorda que Alien foi-lhe oferecido depois de ter sido recusado por nomes como Robert Altman (!):

“Eu era a quinta escolha! Altman disse ‘Estás a gozar? Não vou fazer isto!’ E eu disse: ‘Estás a gozar? Claro que vou!’ Porque Alien roça o heavy metal. Era isso que eu queria.”

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🧬 O regresso com Prometheus e Covenant

Após o desastre de Alien: Resurrection (1997), a franquia esteve em coma. Mas em 2012, Ridley Scott voltou à carga com Prometheus, um projeto autoral que reinventava o lore e misturava filosofia, criacionismo e terror sci-fi.

“Escrevi o Prometheus com o Damon Lindelof a partir de uma folha em branco. O público queria mais. E voltou a funcionar. Por isso fiz Alien: Covenant. E também resultou.”

Apesar de opiniões divididas sobre esta nova fase, Scott provou que o universo Alien ainda tinha sangue (e ácido) nas veias.

🚨 O que vem aí no universo Alien

Apesar da saída de Ridley Scott do leme, a saga continua em expansão:

  • 👽 Alien: Earth estreia a 12 de Agosto na FX, com produção executiva de Scott e realização de Noah Hawley (FargoLegion).
  • 🎬 Uma sequela de Alien: Romulus (realizado por Fede Álvarez) está em desenvolvimento, embora ainda sem data confirmada.
  • A recepção positiva de Romulus reacendeu o entusiasmo dos fãs… e da indústria.

👋 Um adeus agridoce… mas com orgulho

“A saga está a espalhar-se como fogo selvagem. Fico impressionado, porque houve uma altura em que pensei: morreu mesmo. Agora? Já fiz o suficiente. Só espero que continue a evoluir.”

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Ridley Scott não vai voltar a realizar um novo Alien, mas a sua marca está lá — em cada corredor escuro, cada gota de suor, cada grito abafado pelo silêncio do espaço.

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Miraculous Stellar Force: O Spin-off Anime Que Vai Levar Ladybug Até às Estrelas (Literalmente)

Paris fica para trás. Agora é Tóquio, kung fu e uma nova geração de heróis cósmicos

Atenção, fãs de Ladybug e Cat Noir: o universo Miraculous está prestes a explodir numa nova direção! A Disney anunciou oficialmente a aquisição de Miraculous Stellar Force, o primeiro spin-off original da saga criada por Thomas Astruc — e a promessa é clara: uma viagem até ao Japão com superpoderes, amizade, comédia kung fu… e uma arma cósmica ancestral chamada Stellar Matrix. Sim, leste bem.

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A série será lançada em 2027 no Disney Channel e Disney+, com um especial de uma hora, Miraculous World: Tokyo Stellar Force, a estrear já ainda este ano, numa ponte narrativa entre Paris e Tóquio.

🌍 De Paris para Tóquio: o universo Miraculous expande-se

Depois de conquistar o mundo com Miraculous – As Aventuras de Ladybug, Thomas Astruc leva-nos agora para Tóquio, numa série que homenageia o estilo anime clássico em 2D, com um toque visual que fará os fãs de NarutoSailor Moonou My Hero Academia sentirem-se em casa.

A história centra-se em 12 estudantes de uma escola internacional, que descobrem ser os novos guardiões da Stellar Matrix, uma arma cósmica fragmentada. Sob a liderança de Miki, Mayotte e Yu Lu, estes adolescentes têm de aprender a confiar uns nos outros, ultrapassar amizades turbulentas e derrotar inimigos galácticos como Modeler (com sede de vingança) e uma força misteriosa chamada The Supreme.

💫 Mais do que superpoderes: diversidade, identidade e trabalho em equipa

Andy Yeatman, CEO da Miraculous Corp, sublinhou que este novo capítulo da saga mantém os valores que fizeram de Miraculous um sucesso global — mas com um twist:

“As crianças de todo o mundo vão ver-se refletidas nestes heróis diversos, a navegar as suas próprias questões de amizade, identidade e colaboração em plena escala cósmica.”

Heath Kenny, responsável de conteúdos da Miraculous Corp, acrescentou:

Stellar Force reinventa o género anime de super-heróis com estilo e substância. A verdadeira força está nos laços que criamos.”


🌟 O especial que lança a nova era

Antes da série chegar em 2027, os fãs poderão ver já este ano o especial Miraculous World: Tokyo Stellar Force — uma aventura de uma hora que junta Marinette e Kagami numa missão entre Paris e Tóquio. Este será o ponto de encontro entre a geração original e os novos heróis, e prepara o terreno para a nova mitologia.

🐞 10 anos depois, Miraculous continua imparável

Completando 10 anos em 2025Miraculous continua a ser um fenómeno de audiências e merchandising — com séries, filmes, videojogos, produtos licenciados e milhões de fãs espalhados pelo mundo.

Stellar Force promete não só revitalizar a marca, mas também conquistar uma nova geração de fãs, com visuais inspirados na animação japonesa, humor mais refinado e temas contemporâneos como inclusão, diversidade cultural e identidade.

🧠 Fica a saber…

  • Criador: Thomas Astruc
  • Formato: Animação 2D inspirada em anime
  • Estreia da série: 2027 no Disney Channel e Disney+
  • Especial de lançamento: Miraculous World: Tokyo Stellar Force, estreia ainda em 2025
  • Ambiente: Escola internacional em Tóquio
  • Personagens principais: Miki, Mayotte, Yu Lu e outros nove estudantes-guardas do cosmos
  • Vilões: Modeler, The Supreme
  • Temas: Aventura, identidade, amizade, colaboração e conflito cósmico (com muito kung fu)

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We Are Guardians: O Documentário que a Indústria Quase Ignorou — Mas Que o Mundo Precisa de Ver

Fisher Stevens, Leonardo DiCaprio e uma luta urgente pela floresta amazónica… que quase ficou por contar

Há histórias que simplesmente precisam de ser contadas, mesmo quando o mercado diz que “já vimos uma igual”. We Are Guardians é uma dessas histórias. Um documentário nascido na linha da frente da destruição da Amazónia brasileira, realizado por Edivan Guajajara, Chelsea Greene e Rob Grobman — e que contou com a produção de Fisher Stevens e o apoio mais recente de Leonardo DiCaprio.

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Estreado no Hot Docs 2023, e agora com exibição nos EUA graças à distribuidora Area23a, este é um documentário que levanta uma questão desconfortável: por que razão só há espaço para “um filme sobre a Amazónia de cada vez”?


🌳 A semente da resistência nasceu no coração da floresta

Tudo começou em 2019, quando os três realizadores decidiram pegar na câmara e seguir os “guardiões da floresta”, indígenas em luta pela preservação das suas terras. Fartos de ver as suas histórias distorcidas pelos media nacionais e internacionais, quiseram mostrar a realidade vista por quem vive o fogo e a destruição na pele.

“Queríamos ouvir quem está mais próximo da floresta. Saber o que se passa do ponto de vista deles,” afirmam Greene e Grobman.

Um ano depois, mostraram as primeiras imagens a Fisher Stevens, Maura Anderson e Zak Kilberg — produtores que, na altura, estavam a fundar a produtora Highly Flammable. Ficaram rendidos. O projeto tornou-se o primeiro da empresa.


🛑 Mas o mercado disse: “Já temos um filme desses”

Apesar da força visual e da urgência do tema, o caminho de We Are Guardians foi tudo menos fácil. Fisher Stevens tentou a Netflix, a National Geographic (com quem já trabalhara em Before the Flood) e a Discovery. O problema? Já havia um outro documentário sobre a Amazónia a circular: The Territory, de Alex Pritz, focado no povo Uru-eu-wau-wau.

“Infelizmente, existe esta ideia de que só pode haver um filme sobre o Brasil de cinco em cinco anos”, lamenta a produtora Maura Anderson.

“O nosso filme é mais abrangente. Fala da interligação global com a floresta.”

Com a The Territory a ser comprada pela National Geographic em Sundance, We Are Guardians viu portas a fecharem-se.


💪 Mas os guardiões (e os cineastas) não desistiram

Apesar da falta de apoio institucional, a equipa continuou a filmar, a angariar fundos e a lutar. E acabou por ser recompensada: o filme estreou no Hot Docs (Canadá), passou por vários festivais e construiu uma sólida campanha de impacto.

Agora, com a produtora Appian Way de Leonardo DiCaprio como produtora executiva, o documentário está finalmente a chegar a salas de cinema, com estreia em Los Angeles e chegada a Nova Iorque marcada para 11 de Julho.


🌎 Mais do que um documentário — um chamamento global

“O foco é localizar o interesse. Mostrar que em qualquer parte do mundo há ‘guardiões’ que precisam de ser ativados,” diz Zak Kilberg.

A mensagem de We Are Guardians é clara: a luta ambiental não é exclusiva da Amazónia. Cada cidade, cada país, cada comunidade enfrenta as suas próprias formas de destruição ambiental. E só com mobilização local e global é que será possível inverter o curso.


🎬 O preço de contar estas histórias

Fisher Stevens, vencedor de um Óscar por The Cove, admite que só conseguiu envolver-se neste projeto porque tinha estabilidade financeira vinda de trabalhos mais comerciais como Beckham ou Tiger King para a Netflix:

“Não vamos ser pagos para fazer estes documentários de impacto social. Mas temos de continuar a fazê-los.”

E é aqui que We Are Guardians se torna mais do que um filme. É um acto de resistência, activismo e coragem, feito contra a lógica das distribuidoras e o cansaço mediático. Porque a floresta continua a arder — e alguém tem de continuar a gritar.

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The Goonies 2 Está Mesmo a Caminho? Tudo o Que Sabemos Sobre a Sequela Mais Esperada dos Últimos 40 Anos

Spielberg, Columbus e o regresso dos velhos amigos: uma nova aventura pode estar prestes a começar

É verdade, Goonies de todas as idades: quatro décadas depois de termos seguido Mikey, Data, Mouth e Chunk numa das maiores aventuras da história do cinema, o regresso está mais perto do que nunca. The Goonies 2 já não é apenas um rumor repetido em fóruns nostálgicos — está mesmo em desenvolvimento. E sim, com a bênção de Spielberg e Chris Columbus.

A pergunta inevitável — “vai mesmo acontecer?” — tem agora uma resposta bem mais clara: sim, está mesmo a acontecer

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🎬 Confirmado: há uma sequela em andamento

Em fevereiro de 2025, a Warner Bros confirmou oficialmente que a sequela está em desenvolvimento. A produção estará a cargo de Steven SpielbergChris ColumbusLauren Shuler Donner (em homenagem ao falecido Richard Donner) e Kristie Macosko Krieger, entre outros nomes da Amblin.

O argumento está a ser escrito por Potsy Ponciroli, conhecido pelo western indie Old Henry, o que pode indicar que esta nova história terá um tom mais maduro — mas sem perder o espírito de aventura e camaradagem que tornou o original inesquecível.

📎 Fonte: Meristation – Goonies 2 confirmado

👥 E o elenco original? Vão regressar?

A grande incógnita permanece no ar: vamos ter o grupo original de volta?

  • Ke Huy Quan (Data) já confessou ao Collider que falou com Spielberg e que está “a bordo” caso o chamem.
  • Corey Feldman (Mouth)Sean Astin (Mikey)Josh Brolin (Brand)Kerri Green (Andy) e Martha Plimpton (Stef) também já manifestaram interesse, mas sem confirmações formais.
  • Já Joe Pantoliano (um dos vilões Fratelli) revelou que ainda não recebeu qualquer chamada.

Apesar das incertezas, o ambiente é de otimismo. Martha Plimpton afirmou numa convenção recente que, mesmo que o elenco original não regresse por completo, “os fãs vão ver The Goonies 2 de qualquer forma.”

📎 Fonte: People – Reações do elenco

📆 Quando é que estreia?

Ainda não há data de estreia confirmada. Mas, tendo em conta o estágio atual (desenvolvimento de argumento), os rumores mais optimistas apontam para 2026 ou 2027.

Ou seja, se tudo correr como previsto, dentro de dois anos podemos estar a rever a cave dos Fratelli… com cabelos grisalhos e óculos progressivos. E estamos 100% prontos para isso. 😄

🔍 O que esperar de The Goonies ?

Embora ainda não se conheça o enredo, há algumas pistas interessantes:

  • Poderá acompanhar os filhos (ou netos?) dos Goonies originais, com os veteranos a servirem de guias, mentores ou até vilões improváveis.
  • A nova história deverá manter o espírito de caça ao tesouro, mas adaptado à era moderna — com drones, smartphones e talvez… redes sociais a dar cabo de tudo?
  • O tom poderá ser mais adulto, mas sem esquecer a magia e inocência que marcaram o primeiro filme.

E claro: se Spielberg está envolvido, não vai ser uma sequela qualquer.

🎞️ 40 anos depois, o legado continua vivo

O original The Goonies foi recentemente homenageado com o regresso dos atores em vários eventos: na convenção Awesome Con, na cerimónia da estrela de Ke Huy Quan na Calçada da Fama, e até na estreia de Love Hurts, onde Quan voltou a partilhar o ecrã com Sean Astin. A amizade está viva, o espírito também — e os fãs nunca deixaram de pedir este regresso.

Seja com o elenco original, novos heróis ou um misto dos dois… a aventura está de volta. Porque se há coisa que aprendemos há 40 anos, é que Goonies never say die.

Os Goonies Fizeram 40 Anos! E Eu Ainda Sei de Cor o Discurso do Mikey…

O clássico que envelheceu connosco… e que continua a ser obrigatório rever — com ou sem cabelos grisalhos

Pronto admito fui um grande fã e ainda sou.Há filmes que vemos uma vez e esquecemos. E depois há The Goonies.

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Passaram 40 anos desde que aquele grupo de miúdos desajeitados, corajosos e geniais embarcou numa das aventuras mais marcantes da história do cinema. Estreado em 1985, realizado por Richard Donner, com argumento de Chris Columbus e produzido por Steven Spielberg, The Goonies não foi apenas um filme — foi um ritual de passagem, uma cápsula de sonho, uma promessa de que a amizade e a coragem são as maiores riquezas de todas.

Neste 7 de Junho de 2025, celebrámos quatro décadas deste clássico e, sinceramente, não há palavras suficientes para descrever o quanto ele continua a significar para mim. Já com cabelos grisalhos e tantos anos de vida vividos, ainda hoje me emociono ao ouvir o Mikey a gritar “Goonies never say die!” — e revejo o filme sempre que posso, como quem visita um velho amigo.


🥹 Reunião de velhos amigos: tributos nas redes e reencontros emocionantes

Para assinalar o 40.º aniversário, vários membros do elenco partilharam mensagens nas redes sociais. Ke Huy Quan (o inesquecível Data) publicou o famoso discurso de Mikey no Instagram com a legenda: “Happy 40th my fellow Goonies!”. Já Sean Astin (Mikey) partilhou um conjunto de fotos dos bastidores do filme com a frase que se tornou lema de uma geração: “NEVER SAY DIE”.

Corey Feldman (Mouth), por sua vez, foi ainda mais longe: viajou até Astoria, no Oregon — a verdadeira cidade onde o filme foi gravado — com a namorada Adrien Skye, e publicou uma série de vídeos nostálgicos. Visitou os locais das filmagens, descobriu uma cópia em DVD numa loja local e até passou pela “possivelmente assombrada” Flavel House Museum (onde trabalhava o pai de Mikey no filme).

“WALKING AROUND THIS TOWN IS BLOWING MY MIND”, escreveu Feldman. “NUNCA VIVI NADA ASSIM POR NENHUM OUTRO FILME!”


🎥 Uma sequela no horizonte? O espírito Goonie continua vivo

Em abril deste ano, o elenco voltou a reunir-se na Awesome Con, onde participaram numa mesa redonda animada. A novidade? Está em desenvolvimento uma sequela oficial, com Steven Spielberg de volta ao leme e Chris Columbus a bordo no argumento.

Corey Feldman disse que “esperam que valha a pena”, enquanto Martha Plimpton (Steph) admitiu: “acho que os fãs vão ver The Goonies 2, estejamos nós lá ou não.”

E se a sequela acontecer mesmo, Ke Huy Quan já deixou claro que adoraria voltar a ser o Data: “É uma das perguntas que mais me fazem na vida. E sim, adorava que acontecesse.”

🌟 Homenagens a Ke Huy Quan e mais reencontros inesperados

Mas o reencontro mais tocante aconteceu em fevereiro, quando Quan recebeu a sua estrela no Passeio da Fama em Hollywood. Lá estavam Corey Feldman, Kerri Green (Andy), Jeff Cohen (Chunk) e Josh Brolin (Brand), prontos para o aplaudir de pé. Brolin até fez um discurso comovente: “Celebramos aqui tudo o que está certo nesta indústria.”

E nesse mesmo dia, mais um momento especial: no filme Love Hurts, Ke Huy Quan e Sean Astin voltaram a contracenar, quase como um aperitivo emocional para todos os que ainda sonham com The Goonies 2.


🇵🇹 Onde podes rever The Goonies em Portugal?

Felizmente, a nostalgia não está fora de alcance. Em Portugal, The Goonies está actualmente disponível para streaming nas plataformas Max e Netflix.

Para quem prefere ter uma cópia para sempre, o filme também está disponível para compra ou aluguer digital na Apple TVAmazonRakuten TV e YouTube Movies, com preços geralmente entre os 3,99 € e os 8,99 €.

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💭 40 anos depois… ainda somos todos Goonies

A beleza de The Goonies é essa: é um filme que não envelhece — apenas cresce connosco. E mesmo agora, com responsabilidades, rugas e contas para pagar, basta aquele mapa do tesouro, um grupo de amigos e uma boa dose de coragem para nos sentirmos outra vez como crianças a viver a maior aventura das nossas vidas.

Porque, no fim de contas… Goonies never say die. E eu também não.

Taylor Sheridan quer pôr as mãos em Leatherface: o criador de Yellowstone poderá assumir a saga Texas Chainsaw Massacre

A icónica franquia de terror está à venda e os tubarões de Hollywood estão prontos para o banquete

Parece cena saída de um thriller texano: Taylor Sheridan, criador de Yellowstone e mestre em westerns modernos, está a considerar assumir o controlo de uma das mais lendárias sagas de terror de sempre — The Texas Chainsaw Massacre. Segundo o site Deadline, o nome do argumentista e realizador texano “tem ganho força” entre os potenciais compradores da franquia, que já rendeu 247 milhões de dólares em bilheteira com um investimento total inferior a 50 milhões.

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Sim, Leatherface poderá estar prestes a receber um upgrade cinematográfico com assinatura Sheridan — um homem habituado a terrenos poeirentos, violência crua e personagens com cicatrizes interiores.

Terror texano? Sheridan conhece bem o terreno

Embora Taylor Sheridan não assumisse a realização (ficaria como produtor), a ligação simbólica ao Texas — território que moldou grande parte da sua obra — faz dele uma escolha natural. E com o sucesso financeiro que tem acumulado com séries como Yellowstone ou Landman, não seria difícil imaginar uma nova versão de The Texas Chainsaw Massacrecom um orçamento mais musculado… e talvez uma dose extra de realismo brutal.

Uma corrida sangrenta: quem mais quer ficar com Leatherface?

Mas Sheridan não é o único com olhos postos na serra elétrica. Há mais nomes — e pesos pesados — na lista de potenciais compradores:

  • NEON, distribuidora de filmes como Anora, quer o franchise e já teria planos para colocar Oz Perkins (LonglegsThe Monkey) como argumentista e Bryan Bertino como realizador.
  • Jordan Peele, mestre do novo terror psicológico (Get OutUs), também está interessado através da sua produtora Monkeypaw, que tem acordo com a Universal.
  • Roy Lee, produtor de A Minecraft Movie, tem planos duplos: uma série de televisão via A24, com Glen Powellcomo produtor, e um filme para a Netflix.

Segundo o Deadlineainda não há favoritos na corrida.

A última vez que vimos Leatherface…

A saga começou em 1974 com o original The Texas Chainsaw Massacre, um filme independente de terror puro e cru, que fez história ao arrecadar 26 milhões de dólares com apenas 140 mil investidos. Já o mais recente capítulo, lançado diretamente na Netflix em 2022, foi um desastre: 30% de aprovação crítica e 25% do público no Rotten Tomatoes. O filme, realizado por David Blue Garcia e escrito por Fede Alvarez e Rodo Sayagues (Alien: Romulus), caiu no esquecimento quase tão rápido quanto as cabeças decapitadas pelo protagonista.

E agora, que futuro para a saga?

Com o legado de Leatherface em jogo, e a promessa de novos talentos a querer dar-lhe nova vida (ou nova morte), tudo está em aberto. Será que Sheridan trará um tom mais sombrio e realista ao massacre? Veremos um Texas Chainsaw Massacre com o olhar clínico e frio que transformou Sicario e Wind River em filmes memoráveis? Ou será Jordan Peele a reimaginar a saga com camadas sociais e desconstruções modernas?

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Uma coisa é certa: o massacre está longe de acabar — e pode estar prestes a recomeçar com muito estilo e um novo grito.

“Alien: Planeta Terra” traz a saga de volta… e os Xenomorfos com ela

A icónica franquia de ficção científica invade o Disney+ com cyborgs, corporações distópicas e… híbridos com consciência humana

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Preparem-se: os Xenomorfos estão de volta. Mas desta vez, o terror espacial desce à Terra numa versão completamente nova da saga Alien, agora em formato de série. Intitulada “Alien: Planeta Terra”, a produção chega ao Disney+ a 13 de Agosto, prometendo um regresso explosivo a um universo que marcou a ficção científica desde 1979 — desta vez com cyborgs, megacorporações e novos horrores biotecnológicos.

O primeiro trailer oficial já está disponível e, para os fãs da franquia, a expectativa está em ponto de ebulição. Com Timothy Olyphant (conhecido de Justified) no elenco principal e uma estética que mistura distopia digital com pavor orgânico, esta poderá ser a expansão que muitos esperavam — ou o reinício que ninguém viu chegar.

Terra, ano 2120: um futuro dominado por empresas… e terrores escondidos

Segundo a sinopse oficial, a série situa-se no ano 2120, numa Terra controlada por cinco megacorporações: Prodigy, Weyland-Yutani (sim, a mítica da saga), Lynch, Dynamic e Threshold. Nesta nova “Era Corporativa”, humanos, cyborgs e sintéticos coexistem num equilíbrio instável, até que surge uma nova ameaça: os híbridos — robôs com consciência humana, desenvolvidos pela Prodigy Corporation.

O protótipo, Wendy, representa o auge da tecnologia e da ambição — o passo seguinte na corrida pela imortalidade artificial. Mas tudo muda quando uma nave da Weyland-Yutani colide com Prodigy City, libertando formas de vida tão antigas quanto mortais. Spoiler? Não precisamos de dizer o nome, pois os fãs já adivinharam: os Xenomorfos estão cá.

O ADN da saga está lá… mas com roupagem nova

A série não pretende ser apenas um prolongamento nostálgico. Alien: Planeta Terra mergulha em temas actuais como a identidade artificiala ética da tecnologiaa privatização da vida humana e, claro, o eterno embate entre ciência e sobrevivência. A ameaça biológica é o fio condutor, mas o subtexto distópico marca presença desde o primeiro frame.

Se os filmes anteriores exploraram o terror do desconhecido no espaço profundo, a série traz o pesadelo para o nosso quintal. E, ao que tudo indica, com uma narrativa dividida em oito episódios, sendo os dois primeiros lançados a 13 de Agosto e os restantes semanalmente às quartas-feiras.

Timothy Olyphant e um elenco internacional

Ainda sem grandes detalhes sobre as personagens, sabemos que Timothy Olyphant será um dos pilares da narrativa, acompanhado por um elenco global que promete dar profundidade às várias camadas sociais e tecnológicas do mundo de 2120. Os efeitos visuais, pelo que o trailer mostra, estão a par das melhores produções da plataforma, e os ambientes — entre cidades ultratecnológicas e zonas devastadas — mantêm o estilo visual característico da franquia.

Xenomorfos com filosofia?

Pode parecer impossível, mas a série parece caminhar entre terror corporal e existencialismo tecnológico. A introdução dos híbridos — robôs com consciência humana — pode bem ser o elemento de reflexão que distingue esta adaptação das anteriores. Até onde estamos dispostos a ir para não morrer? E o que significa estar vivo quando o corpo já não é nosso?

Se a execução corresponder à ambição, Alien: Planeta Terra pode vir a ser a reinvenção mais ousada da saga desde o original de Ridley Scott.

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“Alien: Planeta Terra” estreia a 13 de Agosto no Disney+ com dois episódios. Os restantes serão lançados semanalmente às quartas-feiras.

Arquiteturas Film Festival 2025: Fronteiras, memórias urbanas e o regresso ao Bairro do Aleixo

A 12.ª edição do festival dedica quatro dias à reflexão sobre os limites físicos, simbólicos e sociais das cidades

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Arquiteturas Film Festival está de volta para a sua 12.ª edição e, este ano, promete ser mais do que um festival de cinema: será um espaço de confronto, escuta e memória. Entre 25 e 28 de Junho, o Porto acolhe uma programação que coloca no centro do debate o tema das fronteiras — sejam elas geográficas, sociais, arquitectónicas ou invisíveis — com 18 filmes de 14 paísesinstalações artísticasoficinascaminhadas urbanas e um olhar atento e crítico sobre o Bairro do Aleixo, símbolo das transformações urbanas da cidade.

Organizado actualmente pelo Instituto, centro cultural com sede no Porto, o festival mantém o seu foco na intersecção entre cinema, arquitectura e práticas espaciais, promovendo um diálogo entre disciplinas e sensibilidades. Ao todo, serão três secções cinematográficas, distribuídas principalmente pelo Batalha – Centro de Cinema e pela Casa Comum da Universidade do Porto, onde o acesso será gratuito nas sessões dedicadas ao Aleixo.

Sessão de abertura: da Cidade do Cabo para o Porto

O arranque oficial acontece no dia 25 de Junho às 19h15, no Batalha, com “Mother City” (2024), de Miki Redelinghuys e Pearlie Joubert, um filme que examina a luta por habitação na Cidade do Cabo, atravessada por décadas de apartheid. Uma escolha certeira para um festival que este ano se debruça sobre o impacto das fronteiras no quotidiano urbano.

Fronteiras em movimento e comunidades em transição

programa oficial conta com 14 filmes, todos alinhados com o tema central. Entre eles destaca-se “The Strong Man of Bureng” (2023), de Mauro Bucci, e “Twin Fences”, da realizadora Yana Osman, cuja vida — ucraniana de nascimento, russa de criação e com raízes afegãs — é, por si só, um mapa de fronteiras pessoais e culturais.

Na secção Especial Portugal, o destaque vai para duas curtas que exploram comunidades periféricas e invisibilizadas:

  • “Maio”, de Claudio Carbone, retrata uma das últimas moradoras do bairro autoconstruído 6 de Maio, na Amadora.
  • “Outra Ilha”, de Eduardo Saraiva Pereira, é um mosaico íntimo da comunidade cabo-verdiana no Bairro Amílcar Cabral, em Sines.

O regresso ao Bairro do Aleixo: memória e resistência

Bairro do Aleixo, outrora dominado por cinco torres que hoje já não existem, está no centro da secção Especial Portugal, onde o festival presta homenagem à memória do lugar e das pessoas que o habitavam. A programação cruza-se com a exposição “Aleixo: 5 Torres, 5 Décadas”, patente até ao fim do ano, e apresenta a estreia da primeira versão de “Memória Futura”, um documentário rodado no bairro que reflete sobre o seu passado e projeta interrogações sobre o seu futuro.

Nesta mesma secção regressam ainda dois filmes fundamentais sobre o Aleixo:

  • “Russa” (2018), de João Salaviza e Ricardo Alves Jr., rodado antes das últimas demolições.
  • “Bicicleta” (2013), de Luís Vieira Campos, que oferece um retrato singular dessa “cidade vertical” suspensa entre abandono e resistência.

No dia 28, às 10h15, o festival convida o público para uma caminhada pelos terrenos onde existiu o Bairro do Aleixo, numa acção simbólica que mistura arqueologia urbana e escuta colectiva.

Instalações, oficinas e masterclasses

arc en rêve centre d’architecture, de Bordéus, é a instituição convidada deste ano. Traz ao Porto duas instalações vídeo e dinamiza um debate sobre práticas arquitectónicas em contextos de transformação urbana.

O programa inclui ainda uma oficina artística, debates e outras actividades paralelas que reforçam o carácter multidisciplinar e interventivo do festival, criado em 2013 por Sofia Mourato, originalmente em Lisboa, e hoje dirigido por Paulo Moreira.

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Um festival para pensar o cinema e o espaço

Arquiteturas Film Festival 2025 é, acima de tudo, uma proposta de reflexão urgente sobre como habitamos — e desabitamos — os nossos espaços. Entre ruínas, torres derrubadas, comunidades desalojadas e fronteiras que mudam de forma e lugar, o festival convida-nos a olhar, escutar e — talvez — compreender um pouco melhor o mundo contemporâneo.

Luis Miguel Cintra revisita uma vida inteira no cinema num livro de memórias a apresentar no Porto

“Comentários a uma Filmografia” junta quase 100 filmes e um olhar íntimo sobre décadas de representação

Há actores que atravessam o cinema como personagens. Luis Miguel Cintra atravessou-o como presença. Com voz, corpo e uma inteligência discreta mas marcante, tornou-se figura incontornável tanto no teatro como no grande ecrã. Agora, aos 76 anos, o actor e encenador olha para trás e organiza essa travessia num livro que é, ao mesmo tempo, inventário e confissão.

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“Luis Miguel Cintra: Comentários a uma Filmografia” é lançado este mês pelas Edições Caminhos do Cinema Português e será apresentado no dia 12 de Junho, no Cinema Trindade, no Porto, com a exibição especial de Uma Pedra no Bolso (1988), de Joaquim Pinto — escolha pessoal do actor para assinalar o momento.

Uma filmografia, muitas memórias

O livro nasceu de um desafio lançado pelo festival Caminhos do Cinema Português, que em 2024 homenageou o actor com o Prémio Ethos. A proposta era simples: revisitar os muitos filmes em que participou. A resposta de Cintra foi tudo menos banal — comentou um por um, com lucidez, ironia e emoção.

São quase 100 filmes, entre 1970 e 2022, percorrendo colaborações com nomes como Manoel de Oliveira, Pedro Costa, Solveig Nordlund, Maria de Medeiros, Joaquim Pinto, Paulo Rocha, João César Monteiro, entre muitos outros.

Foi precisamente com João César Monteiro que Cintra se estreou no cinema, em Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço (1970). Na introdução ao texto sobre esse filme, escreve:

“Quando comecei foi quase por acaso. Mas nada é por acaso a não ser os desastres e o primeiro amor.”

Um livro entre o íntimo e o político

Muito mais do que um exercício de memória, o livro revela-se uma viagem interior ao ofício da representação no cinema, feita por quem sempre assumiu que o seu lugar natural era o teatro.

Luis Miguel Cintra escreve com gratidão, mas também com ironia e alguma mágoa. Sobre o seu percurso no cinema, observa:

“Serei talvez o actor que em Portugal não ganhou quase nada com os filmes, porque nunca recusei um papel por ganhar pouco ou nada, e recusei sempre qualquer papel na televisão.”

Reflexões como esta pontuam o livro, que oscila entre o comentário técnico, o registo afectivo e a análise artística. Em Peixe Lua (2000), de José Álvaro Morais, por exemplo, lê-se:

“Marca a vida de uma pessoa fazer um filme assim (…) quase um filme de família com tantas histórias secretas.”

E quando escreve sobre O Gebo e a Sombra (2012), com Manoel de Oliveira, emociona:

“É um filme que surge na minha vida como uma incrível recompensa pela admiração e pela amizade incondicionais que para sempre associam o meu ofício de actor de cinema à sua obra.”

Uma vida contada em planos, falas e silêncios

O livro percorre não apenas as obras maiores, mas também momentos mais discretos — todos tratados com a mesma atenção. O tom, por vezes confessional, nunca cede ao sentimentalismo fácil. Em vez disso, temos um homem a pensar sobre o tempo, o trabalho e a memória, com a serenidade de quem sabe que o seu legado está construído não em prémios, mas em presenças.

No caso de Capitães de Abril (2000), de Maria de Medeiros, por exemplo, a memória do filme convoca a memória do próprio 25 de Abril. Cintra recorda-se de estar no Quartel do Carmo com o actor Luís Lucas, e escreve:

“Posso jurar que a atmosfera que se viveu não foi a de um doce e amável festejo com bandeirinhas. Nós estávamos cheios de medo de que aquilo não resultasse.”

Uma sessão para celebrar o cinema português… e um actor maior

A sessão de apresentação no Cinema Trindade, no dia 12 de Junho, é um momento para celebrar não só o livro, mas também a própria ideia de memória no cinema. Com a exibição de Uma Pedra no Bolso, de Joaquim Pinto, o evento recupera uma das muitas colaborações que marcaram o percurso de Cintra — um actor que, nas palavras de muitos, nunca fez um papel menor, mesmo quando o papel era pequeno.

O livro, segundo o próprio, “ficou uma espécie de livro de memórias, uma coisa meio sentimental da minha vida no cinema.”

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Felizmente para nós, ficou também um testemunho precioso de um dos maiores actores portugueses e do modo como viveu o cinema: com entrega, curiosidade e — acima de tudo — dignidade.

Festival de Documentário de Melgaço regressa com mais de 30 filmes a concurso e residência criativa para jovens realizadores

Entre 28 de Julho e 3 de Agosto, o MDOC 2025 volta a ser ponto de encontro entre cinema, identidade e território

MDOC – Festival Internacional de Documentário de Melgaço está de volta, e a 11.ª edição, marcada para 28 de Julho a 3 de Agosto de 2025, promete transformar a vila minhota num verdadeiro centro de criação, exibição e reflexão cinematográfica. Organizado pela associação AO NORTE e pela Câmara Municipal de Melgaço, o festival apresentará mais de 30 filmes em competição, e reforça este ano o seu compromisso com a formação de novos talentos através de residências, oficinas e masterclasses.

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Residência Plano Frontal: jovens realizadores em acção

Uma das pedras basilares do festival é a Residência Cinematográfica Plano Frontal, orientada por Pedro Sena Nunes, que reúne quatro equipas de jovens cineastas — finalistas ou recém-licenciados em Cinema, Audiovisual e Comunicação. Entre 25 de Julho e 3 de Agosto, os participantes vão criar documentários sobre temas locais, em estreita ligação com o território de Melgaço, contribuindo assim para o arquivo audiovisual da região e para a valorização do seu património imaterial.

Fotografia com bolsa: registar a alma do Minho

Em paralelo, decorre também a Residência Fotográfica, que desafia três jovens fotógrafos a mergulharem num contexto imersivo de dez dias em Melgaço. Cada selecionado receberá uma bolsa de dois mil euros e terá apoio técnico e artístico para desenvolver um projecto fotográfico com enfoque nas gentes, paisagens e histórias da região. As inscrições para esta residência decorrem até 30 de Junho.

Margarida Cardoso lidera Oficina de Cinema

Entre 28 e 31 de Julho, a realizadora Margarida Cardoso — nome maior do cinema português, com uma obra entre o documental e a ficção — orienta a Oficina de Cinema. Este espaço de experimentação convida os participantes a desenvolverem ideias de filmes a partir de exercícios criativosreferências visuais e leituras sugeridas, proporcionando uma verdadeira incubadora de narrativas.

As inscrições estão abertas até 15 de Julho.

Curso de Verão Fora de Campo: cinema e pensamento crítico

Este ano, o curso de Verão Fora de Campo volta a juntar realizadores, artistas, investigadores e agentes culturais, promovendo debates sobre o cinema e o seu papel no mundo contemporâneo. A edição de 2025 contará com a colaboração da DOCMA – Asociación Española de Cine Documental, e a participação de nomes como Sandra RuesgaRaúl Alaejos e Alfonso Palazón, que também assume a coordenação do curso ao lado de José da Silva Ribeiro. As inscrições estão abertas até 11 de Julho.

Masterclass e sessão X-Raydoc com clássicos do cinema documental

No dia 1 de Agosto, a cineasta Sandra Ruesga dará a masterclass “Explorar o Eu: Cinema Auto-referencial e Identidade”, onde abordará o cruzamento entre o íntimo e o político na criação documental. Já a sessão X-Raydoc, no dia 3 de Agosto, propõe uma viagem aos alicerces do documentário com a exibição e análise de dois clássicos: Lettre de Sibérie (1957), de Chris Marker, e À Valparaíso (1963), de Joris Ivens.

MDOC promove encontro internacional de festivais

Pela primeira vez, o MDOC acolhe um encontro de representantes de festivais de documentário de toda a Europa, com o objectivo de discutir “caminhos futuros” para o género. Estão confirmados representantes de festivais como o Majordocs (Espanha), Escales Documentaires (França), Frontdoc (Itália) e One World Romania (Roménia), entre outros.

Projecto “Quem somos os que aqui estamos?” dá voz à freguesia de Alvaredo

Como parte da programação expandida, a AO NORTE apresenta o projecto “Quem somos os que aqui estamos?”, focado na freguesia de Alvaredo. O objectivo é escutar e registar as memórias e identidades locais, através de entrevistas audiovisuaisdigitalização de álbuns de família, uma exposição fotográfica e até a edição de uma publicação com o resultado final.

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Documentar o presente, preservar a memória

O MDOC 2025 reafirma-se como um festival que ultrapassa a mera exibição de filmes: é um lugar de encontro entre autor e território, entre documentário e identidade, entre reflexão e criação. Um festival com raízes no Minho e ramos a crescer por toda a Europa.

Cinema português em queda nas bilheteiras: apenas 1% dos espectadores viu filmes nacionais em 2025

“On Falling”, de Laura Carreira, lidera entre as produções nacionais, mas o domínio de Hollywood mantém-se esmagador

O cinema português continua a lutar por atenção nas salas nacionais. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), os filmes portugueses ou com coprodução nacional conseguiram apenas 1,1% dos 4,5 milhões de espectadores que foram ao cinema entre Janeiro e Maio de 2025. Em termos de receita de bilheteira, a quota ainda é mais baixa: 0,8%, equivalente a 228 mil euros.

Num período em que as salas de cinema registaram um crescimento global de 13% em espectadores e 16,5% em receitas, com um total de 28,5 milhões de euros, o cinema nacional ficou, mais uma vez, à margem deste entusiasmo crescente. Mesmo com o incentivo da campanha “Cinema em Festa”, que vendeu bilhetes a 3,5 euros em mais de 420 salas durante três dias de Maio, a repercussão sobre os filmes portugueses foi praticamente residual.

Hollywood domina, Portugal resiste

Entre os 172 filmes estreados até Maio, apenas 44 foram de produção ou coprodução norte-americana. No entanto, esses mesmos filmes foram responsáveis por mais de 67% do total da exibição, tanto em receita de bilheteira como em número de espectadores. Ou seja, os blockbusters continuam a dominar por completo a preferência do público português.

O filme mais visto do ano nos cinemas foi, até agora, “Um Filme Minecraft”, de Jared Hess, que somou 498.120 espectadores e três milhões de euros em receitas. Em segundo lugar, surge “Ainda estou aqui”, de Walter Salles, com 383.829 bilhetes vendidos.

O melhor português do ano? “On Falling”

Na frente do cinema nacional está “On Falling”, da realizadora Laura Carreira, que reuniu 12.531 espectadores e cerca de 75 mil euros de receita. Um número modesto face ao panorama geral, mas ainda assim representativo da dificuldade crónica do cinema português em conquistar o público nacional, mesmo quando há reconhecimento internacional.

Apesar do talento e da diversidade de abordagens do cinema nacional, a verdade é que continua a existir uma dificuldade estrutural em atrair público para as salas. O mercado continua polarizado e dominado por grandes estúdios internacionais, com uma capacidade de promoção e distribuição incomparável face à realidade portuguesa.

Reflexões para o futuro

Os dados agora divulgados colocam mais uma vez a questão: como reconquistar o público para o cinema português?Será necessária uma maior aposta na promoção e acessibilidade? Uma revisão das estratégias de exibição? Ou até um questionamento do modelo de financiamento e distribuição?

Uma coisa é certa: há filmes portugueses a estrear e a circular — muitos deles aplaudidos em festivais internacionais —, mas continuam a ser invisíveis para a maioria dos espectadores nacionais. Talvez esteja na hora de pensar não apenas no que se faz, mas também em como se faz chegar o cinema português ao seu próprio público.

Martin Scorsese revela por que deixou de ir ao cinema: “As pessoas estragam a experiência”

O realizador de Taxi Driver e O Lobo de Wall Street já não suporta telemóveis, pipocas e conversas durante o filme

Martin Scorsese, 82 anos, nome maior da história do cinema e defensor incansável da experiência cinematográfica como um ritual sagrado, acaba de admitir uma espécie de rendição pessoal: já não vai ao cinema ver filmes. E não é por falta de títulos interessantes, mas sim porque, segundo o próprio, as salas estão a tornar-se espaços de distracção constante— e o mestre perdeu a paciência.

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Numa conversa com o crítico Peter Travers no blogue The Travers Take, citada pelo The Guardian, o realizador de Shutter IslandAssassinos da Lua das Flores e O Irlandês confessou que deixou de frequentar as salas de cinema porque já não consegue concentrar-se nos filmes devido ao comportamento do público. O mais irritante? Telemóveis acesos durante a exibição.

“Fiquei chocado com o comportamento das pessoas durante os filmes.”

Scorsese vai mais longe e enumera os restantes culpados por esta debandada pessoal: entradas e saídas constantes, barulho, e claro, a tradicional ida ao bar das pipocas — mas em modo rotativo. Em vez da tão propalada “magia do grande ecrã”, o que o realizador encontrou foi um circo caótico.

“Sim, eu também falava durante os filmes… mas sobre o filme!”

O cineasta reconhece que, no passado, também falava durante os filmes. Mas — e aqui entra o purismo cinéfilo — havia contexto e respeito:

“Sim, talvez, mas quando falávamos era sempre sobre o filme e o quanto nos divertíamos ao analisar os pormenores.”

Não se trata apenas de saudosismo. Scorsese está a verbalizar um sentimento partilhado por muitos: a crescente perda de etiqueta nas salas de cinema. As queixas sobre espectadores que comentam o filme em voz alta, atendem chamadas ou usam redes sociais durante a sessão são cada vez mais comuns. E se até Martin Scorsese desiste, é sinal de que o problema atingiu proporções épicas.

Ainda activo, mas em modo privado

Apesar de já não ir ao cinema como espectador, o realizador está longe de se reformar. Aos 82 anos, Scorsese prepara um drama policial passado no Havai, com Dwayne Johnson como protagonista — um emparelhamento inesperado e que promete dar que falar.

Além disso, está também envolvido na produção de um documentário sobre o Papa Francisco, revelando que o seu apetite narrativo continua bem vivo — mesmo que agora consuma os filmes em casa, num ambiente silencioso e controlado.

Uma voz que importa

Não é qualquer pessoa que pode fazer estas críticas com autoridade. Mas quando é Martin Scorsese — o homem que filmou Taxi DriverTouro EnraivecidoA Última Tentação de Cristo e O Lobo de Wall Street — talvez valha a pena ouvir.

A questão que fica é: estaremos mesmo a perder o ritual de ir ao cinema? E conseguiremos recuperá-lo? Ou a experiência colectiva está condenada a ser engolida por luzes de ecrãs, ruídos de snacks e desatenções sonoras?

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Talvez seja tempo de voltarmos a olhar para as salas de cinema como templos da atenção — e não como extensões do sofá da sala. Scorsese já se afastou. Quem será o próximo?

Studio Ghibli faz 40 anos: entre o legado mágico de Miyazaki e o medo de um fim encantado demais

Um aniversário cheio de magia… e incerteza

O Studio Ghibli celebra 40 anos de existência em 2025, e fá-lo com o brilho de dois Óscares no bolso, um parque temático, uma presença forte na Netflix e uma legião de fãs apaixonados em todos os cantos do mundo. Mas há também uma sombra a pairar sobre este aniversário: Hayao Miyazaki, o génio por trás da maior parte das suas obras-primas, tem agora 84 anos, e o futuro do estúdio que cofundou com Isao Takahata parece… bem, tão nebuloso como a floresta encantada de Totoro.

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Com o aclamado O Rapaz e a Garça a arrecadar o segundo Óscar do estúdio em 2024 — mais de duas décadas depois de A Viagem de Chihiro ter vencido o primeiro — há quem acredite que Miyazaki se esteja finalmente a despedir da animação. Mas, vindo dele, nunca se sabe. Afinal, este é o homem que já se reformou mais vezes do que o Totoro cabe numa árvore.

Um estúdio feito à mão — literalmente

A Viagem de Chihiro

Desde 1985, o Studio Ghibli tornou-se sinónimo de animação feita com alma, pincel e um toque de melancolia. A Viagem de ChihiroO Meu Vizinho TotoroA Princesa Mononoke e Nausicaä do Vale do Vento (considerado por muitos o primeiro Ghibli, embora tecnicamente anterior à fundação oficial do estúdio) não são apenas filmes: são experiências emocionais que misturam ternura com tristeza, esperança com medo, e fantasia com duras verdades sobre a condição humana.

Ao contrário de muitos animes produzidos em massa, Ghibli sempre preferiu o caminho mais exigente: animações feitas à mão, argumentos densos, personagens femininas fortes e universos onde o bem e o mal não andam de mãos dadas — dançam uma valsa de ambiguidades.

“Cheiro de morte” e outras maravilhas

Goro Miyazaki, filho de Hayao, revelou que os filmes do estúdio trazem muitas vezes um “cheiro de morte” subtil. Não no sentido mórbido, mas sim como metáfora da vida, da perda, do que não se diz mas paira. Até Totoro, o filme das criaturas fofinhas da floresta, explora o medo infantil de perder uma mãe doente.

Não é por acaso que A Princesa Mononoke — um filme sobre o conflito entre natureza e civilização — foi descrito como uma obra-prima ambientalista e espiritual. A ligação dos filmes à natureza e ao mundo espiritual é um dos pilares da estética e da filosofia Ghibli, algo que ressoa particularmente nos dias de hoje, com as alterações climáticas a transformar fábulas em realidades.

Susan Napier, especialista em cultura japonesa, sublinha que o que distingue Ghibli dos desenhos animados ocidentais é precisamente essa complexidade emocional e ambiguidade moral. Nada de vilões cartoonescos ou finais forçados — apenas personagens reais em mundos irreais, com dilemas muito humanos.

Influências francesas, princesas independentes e florestas venenosas

A magia do Ghibli não nasceu do nada. Takahata estudou literatura francesa, Miyazaki inspirou-se em Antoine de Saint-Exupéry e no animador Paul Grimault, e ambos liam compulsivamente. O resultado? Filmes como Nausicaä, protagonizado por uma princesa curiosa que prefere estudar insectos gigantes a esperar que um príncipe a salve.

É essa combinação rara entre referências literárias, espírito progressista e um olhar estético meticuloso que tornou Ghibli um fenómeno global — tão artístico quanto político, tão espiritual quanto social.

E agora, Totoro?

O futuro do estúdio, sem Miyazaki ao leme, levanta dúvidas. A professora Miyuki Yonemura alerta que dificilmente alguém conseguirá replicar aquele mesmo olhar, aquele mesmo cuidado, aquela mesma magia.

Mas os fãs, como Margot Divall, acreditam que o legado continuará — desde que o estúdio mantenha o seu coração intacto: “Desde que não perca a sua beleza, desde que continue com a quantidade de esforço, cuidado e amor.”

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Resta saber se o mundo Ghibli se vai manter como aquele comboio encantado de Chihiro, a deslizar serenamente por cima da água… ou se sairá dos carris quando o mestre se for.

Portugal em destaque no Festival de Cinema de Guadalajara: mais de 30 filmes e homenagem a Maria de Medeiros

Do Douro ao México: celebração do cinema português na 40.ª edição do festival

Portugal é o país convidado da 40.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, que arrancou esta sexta-feira no México. A presença lusa faz-se sentir em força, com mais de 30 filmes portugueses — dos clássicos à vanguarda contemporânea — e uma programação que presta homenagem à atriz e realizadora Maria de Medeiros, uma das figuras mais internacionais da nossa cinematografia.

A selecção inclui nomes incontornáveis como Pedro Costa, Manoel de Oliveira, José Álvaro Morais e obras de diferentes géneros e formatos, do documentário à ficção, da curta à longa-metragem, do cinema de autor à animação em stop-motion.

Uma homenagem justa a Maria de Medeiros

epa10655750 Maria de Medeiros arrives for the screening of ‘The Old Oak’ during the 76th annual Cannes Film Festival, in Cannes, France, 26 May 2023. The movie is presented in the Official Competition of the festival which runs from 16 to 27 May. EPA/GUILLAUME HORCAJUELO

Entre os destaques do festival está a homenagem a Maria de Medeiros, celebrando o seu percurso como atriz, realizadora e artista multifacetada. Serão exibidos filmes icónicos da sua carreira, como Silvestre, de João César Monteiro, onde protagonizou um dos seus primeiros papéis no cinema, e Capitães de Abril, a sua obra como realizadora que homenageia a Revolução dos Cravos.

A homenagem é uma forma de sublinhar a ligação histórica e afectiva de Maria de Medeiros com o cinema europeu e internacional, bem como o seu papel de embaixadora cultural de Portugal no mundo.

Animação portuguesa também em destaque

cinema de animação marca igualmente presença no festival, com Os demónios do meu avô, de Nuno Beato, a ser exibido acompanhado por uma exposição com miniaturas em stop-motion usadas na produção do filme — um raro vislumbre do processo criativo por detrás da técnica artesanal.

O realizador João Gonzalez, autor do premiado Ice Merchants, dará ainda uma masterclasse sobre animação, contribuindo para o reconhecimento internacional da nova geração de animadores portugueses.

Clássicos e novos olhares

A selecção de obras portuguesas inclui títulos fundamentais como Maria do Mar (1930), de Leitão de Barros, e Trás-os-Montes (1976), de António Reis e Margarida Cordeiro — ambos pilares históricos do nosso cinema.

Mas também há espaço para o contemporâneo com filmes como A fábrica de nada (Pedro Pinho), As Fado Bicha (Justine Lemahieu) e A noite (Regina Pessoa). O documentário A Savana e a Montanha, de Paulo Carneiro, que aborda a resistência à exploração de lítio em Covas do Barroso, está nomeado para o prémio de melhor longa-metragem documental ibero-americana.

Outros filmes em competição incluem Tardes de solidão, do espanhol Albert Serra (coprodução portuguesa), Ouro negro, de Takashi Sugimoto (produzido por Uma Pedra no Sapato), e Tapete voador, curta-metragem de Justin Amorim baseada em casos reais de abuso sexual em Portugal.

Representação LGBT e consciência social

Na secção Maguey, dedicada a narrativas LGBT, o filme Duas vezes João Liberada, de Paula Tomás Marques, traz à tela a história de uma figura ficcional perseguida pela Inquisição por transgredir as normas de género da época.

Já La memoria de las mariposas, da peruana Tatiana Fuentes Sadowski, com coprodução portuguesa da Oublaum Filmes, está a concurso na categoria de cinema socioambiental, um tema cada vez mais presente nas preocupações dos festivais internacionais.

Um festival que celebra o passado, o presente e o futuro do cinema português

Com esta programação vasta e eclética, o Festival de Guadalajara assume-se como uma montra de luxo para o cinema português, reconhecendo não só os mestres do passado como também as vozes emergentes de uma nova geração de criadores.

A 40.ª edição do festival decorre até 14 de Junho, e é, sem dúvida, um momento de celebração para todos os que acreditam na força transformadora do cinema português além-fronteiras.

Robert De Niro e Whoopi Goldberg rendem-se a Portugal no Festival Tribeca: “Segurança, diversidade e talento”

Lisboa volta a brilhar no mapa do cinema internacional com a segunda edição do Tribeca Lisboa

O Festival Tribeca Lisboa regressa em força de 30 de Outubro a 1 de Novembro, e a apresentação da segunda edição, feita esta quinta-feira em Nova Iorque, não deixou dúvidas: Portugal conquistou corações — e grandes nomes — no panorama do cinema internacional. Entre elogios à segurança, diversidade e hospitalidade portuguesa, Robert De NiroWhoopi Goldberg e Jane Rosenthal partilharam publicamente o seu entusiasmo com a experiência lisboeta.

ver também: Três estreias portuguesas no Festival de Cinema de Marselha: Rita Azevedo Gomes, Leonor Noivo e João Miller Guerra em destaque

O evento, realizado no âmbito do Festival Tribeca em Nova Iorque, revelou novidades para a edição lisboeta e confirmou a presença de Kim CattrallMeg Ryan e Giancarlo Esposito no evento português, que promete tornar-se um marco do calendário cultural da cidade.

Whoopi Goldberg: “Lisboa é maravilhosa, segura e diversa”

A atriz e comediante Whoopi Goldberg, numa declaração à Lusa, sublinhou a multiculturalidade de Lisboa e a sensação de segurança que encontrou nas ruas da capital portuguesa:

“Gostei de ver todas as pessoas, porque não eram só brancos. (…) Havia todos os tipos de pessoas. Adorei isso e recomendo que as pessoas vão, porque é maravilhoso.”

Apesar de não confirmar se marcará presença na edição de Lisboa deste ano, Goldberg mostrou-se genuinamente entusiasmada com o país e deixou no ar a vontade de voltar.

Robert De Niro encantado com o Beato

Também Robert De Niro não poupou elogios à sua visita a Lisboa, especialmente ao Hub Criativo do Beato, onde decorreu a primeira edição do Tribeca Lisboa em 2024:

“Aquela zona industrial (…), o Beato, foi fantástica. Diverti-me muito. Estou ansioso por voltar e falar sobre a nossa relação com todos em Lisboa, em Portugal.”

De Niro, que cofundou o festival em 2001 como resposta ao 11 de Setembro, vê em Lisboa uma extensão natural do espírito do Tribeca — um lugar para contar histórias, cruzar culturas e apostar no talento emergente.

Jane Rosenthal destaca “intercâmbio cultural” e necessidade de proteger artistas

Jane Rosenthal, a outra fundadora do festival, frisou o ambiente positivo e receptivo que encontrou em Lisboa, assim como o interesse genuíno do público português na programação apresentada:

“Tudo isso trouxe-nos de volta às origens do festival de cinema, mas de uma forma alegre, uma forma de intercâmbio cultural, diplomacia cultural.”

Rosenthal aproveitou ainda para sublinhar a importância de proteger a liberdade de expressão, referindo que cabe aos artistas e educadores manter acesa a chama da criatividade:

“Só seremos mais fortes se formos mais educados. E os artistas, as histórias de artistas podem, por vezes, ir além do que os políticos dizem.”

Novidades da segunda edição: mais dias, mais locais e uma estreia açoriana

A edição de 2025 do Tribeca Lisboa terá três dias de duração (de 30 de Outubro a 1 de Novembro) e expandir-se-á para novos espaços além do Hub Criativo do Beato: o Teatro Ibérico e a Igreja do Convento do Beato também vão acolher sessões, reforçando o ambiente cinematográfico da cidade.

Entre os filmes já confirmados está “Honeyjoon”, primeira longa-metragem da realizadora norte-americana Lilian T. Mehrel, produzida em parceria com a portuguesa Wonder Maria Filmes. O filme, rodado integralmente em São Miguel, nos Açores, conta com Ayden Mayeri, Amira Casar e José Condessa no elenco.

Lisboa no radar do cinema global

Para o CEO do Grupo Impresa, Francisco Pedro Balsemão, o sucesso da primeira edição provou que Lisboa pode (e deve) ter um papel de destaque no circuito internacional:

“Isto não é só um festival, é uma forma de nós conseguirmos criar mais conteúdos, de estarmos a abrir horizontes, estarmos mais próximos da visão internacional dos conteúdos audiovisuais.”

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Fundado em 2001, o Tribeca Festival começou como uma celebração do cinema independente, mas evoluiu para um espaço alargado de storytelling em múltiplos formatos. Com Lisboa como destino europeu, Portugal está agora no centro desta narrativa global — com estrelas, talentos e histórias que merecem ser contadas.

Três estreias portuguesas no Festival de Cinema de Marselha: Rita Azevedo Gomes, Leonor Noivo e João Miller Guerra em destaque

Cinema português em força no FIDMarseille 2025

Portugal volta a marcar presença no panorama internacional do cinema com três estreias mundiais no Festival Internacional de Cinema de Marselha (FIDMarseille), que celebra a sua 36.ª edição de 8 a 13 de Julho de 2025. Os novos filmes de Rita Azevedo GomesLeonor Noivo e João Miller Guerra foram seleccionados para a programação oficial do festival francês, um dos mais relevantes do circuito europeu no campo do cinema documental e de autor.

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Entre ficção, documentário e experiências híbridas, os três projectos representam diferentes abordagens estéticas e temáticas, revelando a vitalidade criativa do cinema português contemporâneo — e também a sua capacidade de dialogar com temas universais.

“Fuck the Polis”: Rita Azevedo Gomes em competição internacional

Em estreia mundial e inserido na competição internacionalFuck the Polis marca o regresso de Rita Azevedo Gomes com uma obra que volta a cruzar literatura, paisagem e existencialismo. O título invoca o livro de poesia de João Miguel Fernandes Jorge, mas também um gesto político de rebeldia e contemplação.

Segundo a sinopse oficial, o filme parte de uma personagem chamada Irma, que, vinte anos depois de uma viagem à Grécia feita sob a convicção de que estava condenada, regressa agora acompanhada por três jovens. Entre ilhas, mar e céu, o grupo mergulha em leituras, escutas e vivências guiadas pelo apelo à beleza e à clareza. O argumento é assinado pela realizadora e por Regina Guimarães, e a produção é da responsabilidade da própria Rita Azevedo Gomes.

“Bulakna”: Leonor Noivo estreia-se na longa-metragem

Também em competição e em estreia absoluta estará Bulaknaprimeira longa-metragem de Leonor Noivo, produzida pela Terratreme Filmes com coprodução francesa. O documentário foca-se na diáspora de mulheres filipinas, um tema raramente explorado no cinema português, e promete lançar luz sobre histórias de migração, resistência e identidade feminina globalizada.

Leonor Noivo, com uma carreira marcada por curtas-metragens intensas e observacionais, dá agora um passo sólido para o grande ecrã, mantendo o seu olhar atento à intimidade dos corpos e à invisibilidade das histórias que habitam as margens do quotidiano.

“Complô”: o cinema político de João Miller Guerra

A terceira estreia portuguesa no festival é Complô, de João Miller Guerra, documentário que parte da figura de Ghoya (Bruno Furtado), rapper e activista luso-cabo-verdiano, cuja história de vida é atravessada por questões de identidade, exclusão e pertença.

Segundo a produtora Uma Pedra no Sapato, o filme mergulha na experiência de alguém que “viu negado à nascença o direito de ser e se sentir português”, propondo uma reflexão poderosa sobre racismo estrutural e cidadania num país que ainda se confronta com os seus fantasmas coloniais. Uma obra urgente e política, que prolonga a linha de intervenção social visível noutras obras do realizador.

Coproduções e panorama internacional

Além dos filmes portugueses, o FIDMarseille 2025 conta ainda com coproduções nacionais, como All Roads Lead to You, da artista ucraniana Jenya Milyukos, e Morte e Vida Madalena, do brasileiro Guto Parente — ambas com presença portuguesa nos créditos, revelando a crescente participação lusa em projectos transnacionais.

O festival abrirá com Kontinental, do romeno Radu Jude, outro autor de culto do cinema europeu contemporâneo.

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FIDMarseille volta assim a afirmar-se como um espaço privilegiado para a descoberta de vozes singulares e para a afirmação de um cinema que resiste ao formato, à fórmula e ao facilitismo — e Portugal, felizmente, está no centro dessa conversa.