Ícone de Vertigo será homenageada com prémio de carreira e estreia de documentário dedicado à sua vida e legado

Kim Novak — a musa de Hitchcock, a mulher que viveu duas vezes, a estrela que recusou ser moldada — vai ser homenageada no Festival Internacional de Cinema de Veneza com o prestigiado Leão de Ouro de Carreira. A distinção será atribuída durante a 82.ª edição do certame, que decorre de 27 de Agosto a 6 de Setembro, e celebra uma carreira que fugiu a todas as convenções da era dourada de Hollywood.

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A decisão foi tomada pelo Conselho de Administração da Bienal de Veneza, sob recomendação do director artístico Alberto Barbera, que definiu Novak como uma figura “independente e inconformista” e, talvez por isso mesmo, “uma lenda do cinema — quase sem querer”.

Uma mulher à frente do seu tempo

Desde que encantou o público com Picnic (1955) ou O Homem do Braço de Oiro (1955), Kim Novak destacou-se por uma beleza singular e um talento contido, magnético, que rapidamente a colocaram entre as maiores estrelas de bilheteira do mundo. Mas nunca quis ser apenas mais uma estrela. Em 1958, fundou a sua própria produtora — um acto revolucionário para uma mulher em Hollywood — e entrou em greve para renegociar salários injustos face aos colegas masculinos.

Refusou ser manipulada pelos estúdios e protegia ferozmente a sua privacidade, tornando-se uma figura tão admirada pela sua coragem como pela sua imagem de “deusa melancólica”. Ficou para sempre associada a Vertigo (A Mulher que Viveu Duas Vezes, em Portugal), a obra-prima de Alfred Hitchcock, onde a sua dualidade interpretativa — entre o ingénuo e o misterioso — se tornou antológica.

Um prémio e um documentário muito aguardado

Ao aceitar o prémio, Kim Novak confessou: “Estou profundamente comovida por receber o prestigioso Leão de Ouro de um festival de cinema tão respeitado. Ser reconhecida pelo meu trabalho nesta fase da vida é um sonho tornado realidade. Irei valorizar cada momento em Veneza. Encherá o meu coração de alegria.”

Como parte da homenagem, o festival irá apresentar, em estreia mundial, o documentário Kim Novak’s Vertigo, de Alexandre Philippe — uma colaboração exclusiva com a própria atriz. O filme irá mergulhar na sua vida e obra, revelando bastidores, lugares icónicos e o impacto duradouro que Novak teve na indústria cinematográfica.

Mais do que uma estrela — uma artista

Kim Novak nasceu em Chicago, em 1933, e afastou-se de Hollywood ainda nos seus trinta e poucos anos. Viveu uma vida mais autêntica, entre cavalos, cães e pincéis. Casou-se com o veterinário equino Robert Malloy e juntos construíram um rancho no sul do Oregon, onde viveram até à morte dele, em 2020.

Desde então, Kim tem-se dedicado à pintura e à poesia — e as suas obras visuais foram expostas em museus dos EUA e da Europa, incluindo o Museu Nacional de Praga e o Butler Museum of American Art.

A actriz, que no início foi subestimada pela crítica, foi redescoberta e celebrada nas últimas décadas, recebendo homenagens nos festivais de Cannes, Toronto, Berlim e Praga. Em 2003, foi distinguida com o Eastman Kodak Archives Award pelo seu contributo para o cinema.

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Hoje, é considerada uma das grandes lendas vivas de Hollywood — não apenas pelo que fez no ecrã, mas pelo modo como escolheu viver fora dele. Com o Leão de Ouro de Carreira, Veneza reconhece não apenas a estrela, mas a mulher, a artista e a rebelde que desafiou a máquina de Hollywood… e venceu.

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