Evento espanhol dá palco ao novo cinema português, abrindo com uma provocação histórica e levando à competição oficial cinco curtas nacionais

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O cinema português marca forte presença no 31.º Festival Ibérico de Cinema (FIC), que decorre entre 8 e 11 de julho em Badajoz, Espanha, com extensões nas localidades de Olivença e San Vicente de Alcántara. Este ano, Portugal assume um papel de verdadeiro protagonista: para além de abrir o festival com a estreia espanhola de Revolução (sem) Sangue, de Rui Pedro Sousa, coloca também sete curtas-metragens em competição, entre a secção oficial e o programa infantojuvenil Festival dos Miúdos.

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Um arranque provocador com “Revolução (sem) Sangue”

A sessão de abertura será tudo menos consensual. No Teatro López de Ayala, em Badajoz, será exibido o filme Revolução (sem) Sangue, que segundo o comunicado oficial do festival, surge como “uma proposta corajosa que questiona a narrativa oficial da Revolução dos Cravos”.

Escrito e realizado por Rui Pedro Sousa, e com Rafael Paes no elenco, o filme revisita os eventos de 25 de Abril de 1974 através de uma perspetiva menos habitual: a das vítimas mortais. Entre os retratados estão Fernando Giesteira, João Arruda, Fernando Reis e José Barneto, todos mortos na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa, às mãos da PIDE/DGS. O filme inclui também o caso de António Lage, funcionário da própria polícia política, baleado por um militar.


Seis curtas, seis vozes distintas do novo cinema português

Na secção oficial de competição, que selecionou 21 filmes de entre mais de 1200 candidatos, cinco curtas portuguesasdestacam-se:

  • “Porta-te bem”, de Joana Alves – Uma história rural e íntima, sobre Filomena, que vive sozinha e descobre ter pouco tempo de vida.
  • “O procedimento”, de Chico Noras – Uma reflexão inquietante sobre o direito à morte e a utilidade social das pessoas.
  • “Bad for a moment”, de Daniel Soares – Um ‘team building’ que corre mal e põe frente a frente o mundo corporativo e a realidade social que o rodeia.
  • “Atom & Void”, de Gonçalo Almeida – Um mergulho em tom de fábula surrealista, onde um som misterioso perturba a vida de Valya.
  • “À medida que fomos recuperando a mãe”, de Gonçalo Waddington – Um drama familiar e silencioso, onde um pai de quatro filhos mergulha no luto até à dissolução da estrutura familiar.

Dois filmes portugueses também para os mais novos

No Festival dos Miúdos, secção dedicada ao público infantil e juvenil, Portugal volta a marcar presença com duas curtas originais e sensíveis:

  • “UPS!”, de Galvão Bertazzi e Luís Canau – Um rapaz tenta encontrar silêncio e sentido numa família disfuncional e barulhenta.
  • “A menina com os olhos ocupados”, de André Carrilho – Uma crítica contemporânea à distração digital, através da história de uma menina presa ao telemóvel… mesmo quando está fora de casa.

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Uma ponte cultural reforçada entre Portugal e Espanha

A presença de tantos filmes portugueses no FIC de Badajoz não é apenas uma boa notícia para os realizadores e produtores envolvidos — é também um sinal claro do interesse crescente pelo cinema português no contexto ibérico. O festival, organizado com o apoio da Junta da Extremadura, tem vindo a destacar o intercâmbio cultural transfronteiriço, e esta 31.ª edição sublinha esse espírito de colaboração artística e partilha de histórias.

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