
A actriz italiana que conquistou França e o cinema europeu partiu aos 91 anos
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Lea Massari, uma das presenças mais magnéticas e discretas do cinema europeu, morreu aos 91 anos, anunciou esta quarta-feira o governo italiano. A actriz, cujo verdadeiro nome era Anna Maria Massatani, deixou uma marca indelével no cinema de autor, sobretudo nas décadas de 1960 e 1970, ao participar em obras-primas como A Aventura, de Michelangelo Antonioni, ou Sopro no Coração, de Louis Malle.
Nascida em Roma a 30 de Junho de 1933, Lea Massari viria a tornar-se um dos rostos mais emblemáticos da Nouvelle Vague italiana e francesa. Tinha uma beleza serena, uma voz inconfundível e uma presença capaz de roubar o ecrã mesmo quando o argumento lho negava. Morreu na passada segunda-feira, em Roma, e foi sepultada no dia seguinte em Sutri, a norte da capital, segundo avança o jornal Il Messaggero.
A musa de Antonioni
O seu papel em A Aventura (1960), de Antonioni, foi o que verdadeiramente a lançou para o estrelato. No filme, interpreta Anna, a jovem que desaparece misteriosamente numa ilha durante uma excursão, e cujo súbito apagamento da narrativa é um dos pontos de viragem mais ousados da história do cinema moderno. Ao lado de Monica Vitti, Lea Massari tornou-se um símbolo da modernidade cinematográfica italiana, num filme que desafiou convenções e confundiu audiências, ao mesmo tempo que antecipava os tempos da alienação emocional e existencial.
De Itália para França
Apesar de profundamente ligada ao cinema italiano, a actriz teve também uma sólida carreira em França, onde se tornou uma presença regular em filmes de autores como Louis Malle (Sopro no Coração, 1971), Henri Verneuil (Medo Sobre a Cidade, 1975) ou Chantal Akerman (Os Encontros de Anna, 1978).
Trabalhou com Alain Delon em dois filmes — O Indomável (1964) e Outono Escaldante (1972) — e participou em títulos como O Colosso de Rodes (1961), de Sergio Leone, Que Viva a Revolução! (1974), dos irmãos Taviani, e Cristo Parou em Eboli (1979), de Francesco Rosi.
Reconhecimento e despedida
Lea Massari foi distinguida nos David di Donatello com um prémio especial pelas suas interpretações em Uma Vida Difícil (1961), de Dino Risi, e Os Sonhos Morrem ao Amanhecer (1961), um trabalho colectivo de Mario Craveri, Enrico Gras e Indro Montanelli.
O seu último filme foi Viaggio d’amore (1990). Desde então, afastou-se discretamente dos holofotes, mantendo a elegância e reserva que sempre a caracterizaram. A secretária da Cultura italiana, Lucia Borgonzoni, lamentou a sua morte, homenageando “uma actriz de magnetismo irresistível e talento deslumbrante”.
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Lea Massari deixa-nos, mas o seu rosto — tantas vezes em silêncio, tantas vezes em sombra — continuará a habitar as paisagens do cinema europeu como um enigma por decifrar. E talvez seja essa a sua maior herança: a de ter tornado o mistério humano numa arte.
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