Poucos artistas conseguiram transformar a crueza da vida americana em poesia com a mesma força de Bruce Springsteen. E foi precisamente num dos momentos mais silenciosos da sua carreira que nasceu Nebraska — um álbum gravado em casa, com um gravador de quatro pistas, e que viria a tornar-se num dos mais enigmáticos e reverenciados da música popular. Agora, essa história chega ao grande ecrã em Springsteen: Deliver Me From Nowhere, com estreia marcada para 23 de outubro de 2025 nos cinemas portugueses.

ver também: “Filmes Para Não Dormir”: O Regresso do Ciclo de Terror que Vai Assombrar o Verão nos Cinemas Portugueses

Um filme sobre o silêncio, a dúvida e a criação

Realizado por Scott Cooper (Crazy HeartHostiles), o filme adapta o livro homónimo de Warren Zanes e promete ser mais do que um simples biopic. Deliver Me From Nowhere é uma viagem interior — um retrato da fase em que Springsteen, ainda a digerir o sucesso de The River, se isolou em busca de respostas que não encontrava nas digressões nem no estúdio.

aqui :

A sua arma? Um gravador Tascam 144, um punhado de cassetes e uma sensibilidade à flor da pele.

Foi assim que Nebraska nasceu: com canções sombrias sobre assassinos, perdidos, fracassados e fantasmas da estrada americana. Um disco que foi, na altura, incompreendido por muitos, mas que hoje é considerado um dos trabalhos mais íntimos e corajosos da carreira do Boss.

Jeremy Allen White: do ginásio à guitarra

A escolha de Jeremy Allen White (The Bear) para interpretar Springsteen pode parecer, à partida, inesperada — mas o trailer já deixa antever uma performance contida, introspectiva, sem caricatura. É um Bruce silencioso, vulnerável, à procura de uma forma de sobreviver ao próprio sucesso sem perder a alma.

No elenco, destaca-se também Jeremy Strong (Succession) como Jon Landau, o manager e confidente do músico, numa dinâmica que deverá ser central na narrativa. Paul Walter Hauser, Stephen Graham, Odessa Young, Gaby Hoffman, Marc Maron e David Krumholtz completam um leque de actores que promete muito mais do que imitadores: personagens reais, com vida própria, a respirar num universo criativo profundamente marcado pela dúvida, solidão e persistência.

Um filme sobre música… mas sem pose de palco

Scott Cooper já demonstrou em filmes anteriores que prefere a melodia das personagens ao ruído do estrelato. Aqui, tudo indica que opta pela mesma abordagem. Em vez de concertos grandiosos, teremos cenas de ensaios solitários, frustrações artísticas, relações pessoais complexas — e, acima de tudo, a tensão entre o homem e o artista.

A ambição é clara: mostrar o momento em que Springsteen se olhou ao espelho e percebeu que a sua voz — crua, imperfeita, verdadeira — podia mudar vidas mesmo sem bateria nem saxofones. Nebraska não precisava de produção: bastava-lhe a dor, a estrada e uma narrativa devastadora.


Um filme para os fãs… e para os que ainda não sabem que o são

Se é fã de Springsteen, este é um filme obrigatório. Se não é — ou julga que não é — talvez esta seja a oportunidade certa para descobrir o lado mais humano de uma das maiores figuras da música americana. Porque Deliver Me From Nowherenão é sobre fama. É sobre arte, identidade e a capacidade de criar algo belo quando tudo o que sentimos é escuridão.

ver também : Sylvester Stallone: O Verdadeiro Rocky Que Hollywood Quase Não Deixava Subir ao Ringue 🥊🎬

Estreia nos cinemas a 23 de outubro. E sim, há coisas que não se dançam — apenas se escutam em silêncio

Recommended Posts

No comment yet, add your voice below!


Add a Comment